Após um 4T24 decepcionante que levou suas ações a uma queda de cerca de 30%, a Natura (NTCO3) apresentou sinais de recuperação no primeiro trimestre de 2025 (1T25), registrando uma redução no prejuízo e uma forte valorização de suas ações, que subiram 6,50%, cotadas a R$ 10,00 nesta terça-feira (13). Esse resultado positivo chegou após um período desafiador, o que gerou otimismo no mercado sobre a possível recuperação da empresa, embora os resultados ainda sejam considerados abaixo do ideal por analistas.

Desempenho da Natura no 1T25 e melhora em relação ao 4T24

O 1T25 ainda não foi um trimestre perfeito para a Natura, mas apresentou sinais claros de melhora em comparação com o quarto trimestre de 2024 (4T24), onde a empresa viu suas ações despencarem. Segundo analistas da XP Investimentos, embora os resultados de 1T25 tenham mostrado uma desaceleração da receita para dígitos únicos altos, com destaque para a marca Natura, houve uma melhora na rentabilidade em comparação com o trimestre anterior. Por outro lado, a Avon continuou a pressionar os resultados, especialmente no Brasil, com uma queda de 12% nas vendas de cosméticos.

A Natura, por sua vez, conseguiu reverter uma parte significativa da perda de margem observada no 4T24, embora o cenário ainda seja desafiador. A desaceleração da receita foi compensada em parte pela melhora na rentabilidade na base trimestral, com destaque para o mix de produtos e a maior participação de presentes, que ajudaram a reduzir os impactos negativos do desempenho da Avon.

A recuperação das margens e desafios de reestruturação

A margem bruta da Natura registrou uma queda de 20 pontos base, influenciada por fatores pontuais, como problemas na operação da empresa na Argentina. No entanto, a companhia vem realizando esforços comerciais táticos, que, em parte, compensaram essa queda. A margem Ebitda ajustada também caiu 2 pontos percentuais, principalmente devido a mudanças contábeis relacionadas a investimentos em tecnologia e aos custos de royalties da Avon, além da pressão sobre as despesas gerais e administrativas (G&A), causada pelos investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e iniciativas omnichannel.

A Natura também se deparou com desafios em relação à Avon Internacional, que continua enfrentando dificuldades financeiras, com uma queda de 68% no Ebitda. Para lidar com essa situação, a empresa anunciou medidas de reestruturação, incluindo a redução de aproximadamente 1.100 funcionários (25% da equipe), além de ações agressivas de corte de custos, que terão seu pico entre os segundos e terceiros trimestres de 2025.

Desempenho regional e perspectivas de crescimento

No 1T25, a Natura & Co LatAm apresentou crescimento de 12% na receita, superando o desempenho da Avon, que sofreu com um resultado fraco na região. A marca Natura no Brasil desacelerou para 8%, mas a companhia viu um crescimento impressionante de 38% nas vendas na América Latina Hispânica. A Natura conseguiu, assim, compensar a retração da Avon, que viu suas vendas caírem 12% no Brasil, principalmente no segmento de cosméticos e Home & Style.

O Ebitda ajustado da Natura LatAm aumentou 19%, impulsionado por uma recuperação nas margens e aumento nos preços dos produtos. Esses resultados reforçam a importância das operações da Natura na América Latina, que se mostram resilientes, mesmo diante de uma situação delicada com a Avon.

Análises do mercado

O mercado tem demonstrado otimismo com os resultados do 1T25 da Natura, mas as expectativas ainda são cautelosas. O BTG Pactual manteve a recomendação neutra para as ações da empresa, com um preço-alvo de R$ 18, destacando que a Natura precisa continuar a sua reestruturação da Avon na América Latina e focar na recuperação de suas margens. Apesar de sinais positivos de recuperação, o BTG está atento às mudanças contínuas nas operações da Avon e ao impacto das reformas em curso.

Além disso, o Morgan Stanley também expressou a necessidade de mais trabalho por parte da Natura para garantir uma recuperação sólida. Embora o progresso no 1T25 tenha sido notável, a pressão sobre a Avon Internacional e os desafios econômicos, como a inflação e o câmbio, podem continuar a impactar os resultados da empresa. O banco manteve um preço-alvo de R$ 13, com a expectativa de desafios temporários relacionados à implementação das iniciativas em andamento.

Dívida líquida e expectativas de mercado

A Natura fechou o 1T25 com uma dívida líquida de R$ 2,9 bilhões, o que, para muitos analistas, é um ponto de atenção. Embora a empresa tenha indicado que a inflação e os desafios cambiais são fatores temporários, ainda há incertezas quanto à sua capacidade de reduzir a dívida no curto prazo. Com o avanço da “Onda 2” e as reestruturações em curso, a expectativa é que a companhia consiga uma recuperação gradual, mas ainda há risco associado a esses fatores externos.