O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou durante a Conferência Eleitoral do Partido dos Trabalhadores, suas expectativas em relação à taxa básica de juros brasileira, a Selic. Haddad expressou sua esperança de que a taxa seja reduzida para 11,75% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para encerrar na quarta-feira, 13 de dezembro.

Em seu discurso, o ministro destacou a depreciação do dólar em relação ao real e a tendência decrescente da inflação, questionando a justificativa para o Copom não considerar a diminuição dos juros no país.

Haddad também abordou a questão da execução do orçamento de 2023, observando que a falta de pessoal, resultante da não conclusão dos concursos para contratação de servidores públicos, impede a plena implementação do orçamento, conforme relatado pelo jornal Valor Econômico.

Haddad faz projeções macro

Em termos de previsões macroeconômicas, o ministro da Fazenda expressou a expectativa de que o Brasil encerre 2023 com a criação de 2 milhões de novos empregos formais.

Durante o evento, Haddad se envolveu em um debate com Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, sobre gastos públicos. Hoffmann defendeu um déficit de 1% a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e argumentou que o governo federal possui apenas a política fiscal como instrumento de controle econômico, enquanto a política monetária é definida pelo Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto, um nome considerado “neoliberal” pelo governo Bolsonaro.

O ministro da Fazenda também destacou que não há uma correlação direta entre déficit e crescimento econômico, afirmando que depende do contexto. Ele ressaltou o papel do governo federal em criar condições para influenciar a autoridade monetária a reduzir os juros.

Embora reconhecendo que Haddad está cumprindo seu papel, Hoffmann apontou divergências em relação à posição do partido.

Além disso, ele também abordou desafios enfrentados pelo governo federal, mencionando um Congresso mais conservador e uma diretoria do Banco Central considerada “hawkish”, que, em sua visão, começou a reduzir a Selic tardiamente, em agosto.

Haddad revelou que espera resolver nos próximos dias a questão da desoneração da folha de pagamento, atualmente aplicada a 17 setores da economia. Ele considerou a próxima semana decisiva para consolidar o Orçamento de 2024, priorizando o financiamento dos direitos dos trabalhadores, saúde e educação. No balanço anual, o Ministro da Fazenda reconheceu avanços em 2023, embora expressasse insatisfação por desejar ter feito mais.