O Dia Mundial da Poupança, celebrado neste 31 de outubro, teve sua origem em 1924 durante o primeiro Congresso Internacional de Economia. Seu propósito é sensibilizar os consumidores acerca da importância de aumentar suas reservas financeiras. No Brasil, entretanto, a data traz à mente um instrumento financeiro que frequentemente não beneficia muito o poupador.

De acordo com dados recentes do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), havia aproximadamente 240,76 milhões de contas ativas na caderneta de poupança, totalizando cerca de R$ 925 bilhões em investimentos, superando a soma de todos os valores aplicados em Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que, semelhante à poupança, são isentos de Imposto de Renda.

Uma análise simples, com base em cálculos da Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, revela que se esses fundos fossem investidos em outros instrumentos financeiros, o montante depositado na poupança poderia ser até R$ 120 bilhões maior.

Na simulação, a melhor rentabilidade é oferecida pelos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que também são considerados seguros e têm a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para aplicações de até R$ 250 mil. Em seguida, vêm as LCIs e LCAs, que, devido à isenção do Imposto de Renda, normalmente pagam uma parcela menor do CDI em comparação com os CDBs.

Além disso, a poupança também fica atrás do Tesouro Selic, emitido pelo Tesouro Nacional. Nesse caso, a diferença nos ganhos que o investidor poderia obter em outras aplicações seria de cerca de R$ 80 bilhões.

Esses números exemplificam claramente o conceito de custo de oportunidade, que se refere ao benefício que um investidor deixa de obter devido a uma escolha específica. No caso da poupança, o custo de oportunidade é significativo, uma vez que optar por manter o dinheiro na caderneta impede o investidor de obter ganhos maiores em outras formas de investimento.

Aqui está a projeção de quanto os R$ 925,18 bilhões investidos na poupança renderiam em um ano, se aplicados em outras opções com a taxa Selic a 12,75% ao ano:

Instrumento Rendimento
PoupançaR$ 1,17 trilhão
Tesouro SelicR$ 1,25 trilhão
LCI ou LCA (90% do CDI)R$ 1,27 trilhão
CDB (110% do CDI)R$ 1,29 trilhão

A simulação pressupõe que a taxa Selic permanecerá estável em 12,75% ao longo de um ano, embora esse cenário deva sofrer alterações na próxima quarta-feira (1º).

É relevante mencionar que quando a taxa de juros básica excede 8,5% ao ano, como ocorre atualmente, a rentabilidade da poupança é fixada em 0,5% ao mês – equivalente a 6,17% ao ano – acrescida da variação da TR (Taxa Referencial). Desde que a Selic ultrapassou esse limite pela última vez, em dezembro de 2021, essa tem sido a forma de cálculo dos rendimentos.

Entretanto, se a Selic se mantiver em 8,5% ao ano ou abaixo desse valor, a poupança retornará a render 70% da Selic mais a TR.

Paula Sauer, planejadora financeira certificada, atribui a popularidade da poupança à tradição brasileira. “A ideia de que a poupança é o investimento mais seguro ainda é transmitida de geração em geração, embora as pessoas muitas vezes esqueçam os contratempos que já enfrentaram com essa modalidade de investimento”, destaca.