Ata da Copom indica nova alta da Selic e alerta para riscos inflacionários
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmou sua estratégia contracionista e indicou um novo aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, que pode atingir 14,25% ao ano.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicou que um novo aumento de 1 ponto percentual (pp) na taxa Selic, elevando-a de 13,25% para 14,25% ao ano, continua sendo a decisão mais adequada para o cenário atual. A informação consta na ata da última reunião do colegiado, divulgada nesta terça-feira (04).
Política monetária segue contracionista diante do cenário inflacionário
A decisão do Copom se baseia na necessidade de manter a política monetária contracionista para conter as pressões inflacionárias. O comitê destacou que fatores de curto e médio prazo, como taxa de câmbio, inflação corrente, hiato do produto e expectativas do mercado, exigem uma abordagem rigorosa no combate à alta de preços.
Além disso, o Banco Central enfatizou que o aperto monetário seguirá sendo conduzido pelo compromisso de levar a inflação à meta. O comportamento dos preços mais sensíveis à atividade econômica e às decisões do BC será fundamental para definir a extensão do ciclo de alta dos juros.
Influência do câmbio e fatores externos
Outro ponto destacado na ata foi a volatilidade do câmbio, que tem reagido às incertezas fiscais domésticas e às mudanças na política econômica dos Estados Unidos. O diferencial de juros entre Brasil e EUA também influencia o comportamento do real frente ao dólar. O BC alertou que a implementação de determinadas políticas no exterior pode impactar os preços dos ativos financeiros no país.
A recente movimentação dos mercados internacionais tem exigido um acompanhamento mais próximo das autoridades monetárias. O Banco Central avaliou que a manutenção de uma taxa de juros elevada é essencial para mitigar possíveis impactos externos sobre a economia brasileira.
Projeções de inflação seguem acima da meta
As projeções atualizadas pelo Copom indicam que a inflação medida pelo IPCA deve atingir 4,0% no acumulado até o terceiro trimestre de 2026. O número segue acima do centro da meta, estipulada em 3%, e reflete aumentos de 3,8% nos preços livres e 4,6% nos administrados.
Para 2025, a estimativa é de um IPCA em 5,2%, ultrapassando o teto da meta de 4,5%. Essa projeção considera um avanço de 5,2% tanto nos preços livres quanto nos administrados, reforçando a necessidade de cautela na condução da política monetária.
Cenário de referência e projeções do Banco Central
As previsões do Banco Central se baseiam no cenário de referência, que leva em conta a trajetória dos juros conforme o relatório Focus. O documento também considera a manutenção da bandeira verde para a energia elétrica até dezembro de 2024 e 2025, uma taxa de câmbio inicial de R$ 6,00 ajustada pela paridade do poder de compra e uma alta de 2% ao ano nos preços do petróleo após seis meses seguindo a curva futura.
A decisão final sobre os rumos da política monetária após maio dependerá da evolução desses fatores e de como a inflação continuará respondendo ao aperto monetário já implementado. Enquanto isso, o Banco Central mantém o compromisso de estabilizar a economia e garantir a convergência da inflação à meta estabelecida.