Conflito entre Israel e Irã pressiona a inflação no Brasil e pode afetar a trajetória dos juros
O conflito entre Israel e Irã elevou os preços do petróleo e do ouro, pressionando a inflação no Brasil.

O conflito entre Israel e Irã pressiona a inflação no Brasil e pode afetar a trajetória dos juros, gerando apreensão na economia nacional. A escalada das tensões entre os dois países provoca aumento nos preços internacionais do petróleo e do ouro. Esses são insumos importantes para a economia global e também para a brasileira. Esse cenário inflacionário volta a acender o sinal de alerta para a política monetária brasileira, justamente quando a inflação começava a mostrar sinais de desaceleração.
Impacto do conflito entre Israel e Irã na inflação e na economia brasileira
O início dos ataques de Israel ao Irã intensificou a volatilidade nos mercados internacionais. Isso se refletiu imediatamente na alta do preço do barril do petróleo e do ouro. Para o Brasil, que é fortemente dependente da importação de combustíveis e matérias-primas, isso representa um aumento nos custos. Esse encarecimento tende a pressionar os preços internos.
Carlos Frederico de Souza Coelho, professor de Relações Internacionais da PUC-Rio, destaca que o petróleo é uma referência essencial para a inflação global. O preço elevado do petróleo contamina diretamente o índice de preços ao consumidor brasileiro (IPCA). Em um contexto mundial marcado pelo maior número de conflitos armados desde 1946, segundo o Peace Research Institute of Oslo. A imprevisibilidade nas relações internacionais eleva os riscos para a economia.
Essa instabilidade se reflete não só na inflação, mas também na desvalorização do real frente ao dólar, pressionando ainda mais os preços internos. O impacto do conflito já começa a ser sentido no bolso do consumidor brasileiro, que pode enfrentar uma nova alta nos preços dos combustíveis, da energia e dos alimentos.
Consequências para a política monetária e juros no Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro tem, portanto, a difícil missão de ajustar a taxa Selic para controlar a inflação sem prejudicar a recuperação econômica. Recentemente, a divulgação do IPCA de maio, que veio abaixo das expectativas, animou analistas que, por sua vez, acreditavam em uma possível pausa ou no início do ciclo de redução da Selic.
Porém, o conflito entre Israel e Irã complicou esse cenário. Segundo Carlos Frederico, ainda é cedo para afirmar que o Copom retomará o aumento dos juros, mas o contexto internacional de dólar em alta e inflação pressionada pode atrasar o início da queda da Selic. Essa incerteza eleva os desafios para a política econômica no Brasil, principalmente com as eleições presidenciais se aproximando.
Para entender melhor a política econômica do país, confira também nossa matéria sobre a taxa Selic e seus impactos no consumo.
Contexto global e riscos geopolíticos
O conflito Israel-Irã ocorre em um momento delicado para a geopolítica mundial. A possibilidade de envolvimento da Rússia no conflito, a postura cautelosa da China e as diferentes manifestações do governo dos Estados Unidos aumentam o grau de incerteza.
Especialistas alertam para o risco de escalada do conflito, que pode acelerar o programa nuclear iraniano e envolver vários países em uma guerra de maiores proporções. Esse cenário não apenas afeta a estabilidade regional do Oriente Médio, mas tem consequências diretas para a economia global, inclusive o Brasil.
A fragmentação internacional e a incapacidade de ações coletivas efetivas para conter crises são fatores que agravam o cenário econômico, elevando preços e dificultando previsões para o futuro próximo.