As ações da Azul (AZUL4) registraram uma forte valorização na última segunda-feira (24), refletindo os resultados positivos do quarto trimestre de 2024 (4T24). Os papéis da companhia aérea subiram 4,13%, fechando o pregão a R$ 3,78. Apesar da reação positiva do mercado, grandes instituições financeiras, como XP Investimentos, Goldman Sachs e JPMorgan, reiteraram recomendação neutra para os ativos da empresa, destacando desafios no cenário macroeconômico e preocupações com sua estrutura de capital.

Resultados sólidos impulsionam Azul (AZUL4) no 4T24

A Azul apresentou um crescimento expressivo no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, que atingiu R$ 1,951 bilhão, representando um aumento de 33% em relação ao mesmo período de 2023. Esse desempenho ficou alinhado tanto com as projeções do mercado quanto com o guidance da própria empresa, que prevê um Ebitda de R$ 6 bilhões para 2024.

Entre os fatores que contribuíram para esse resultado estão a estabilidade na receita por assento-quilômetro disponível (RASK), que caiu apenas 1% em base anual, e uma redução significativa de 6% no custo por assento-quilômetro disponível (CASK). A empresa conseguiu compensar o impacto da valorização do dólar, que subiu 18% no período, por meio da queda de 17% nos preços dos combustíveis e pela renovação de sua frota, substituindo aeronaves antigas por modelos mais eficientes em consumo de combustível.

Liquidez e estrutura de capital ainda preocupam analistas

Embora tenha registrado um fluxo de caixa livre positivo de R$ 128 milhões no trimestre, a Azul também contraiu R$ 275 milhões em nova dívida líquida. Esse fator reforça as preocupações do mercado quanto à necessidade de reestruturação financeira da companhia.

O JPMorgan destacou que, embora o fator de carga tenha surpreendido positivamente, atingindo 84% (+4,4 pontos percentuais na comparação anual), a empresa ainda enfrenta desafios significativos. Segundo o banco, o desempenho da Azul continuará sendo influenciado pelos esforços de gestão de passivos, que podem resultar em uma diluição superior a 80% do patrimônio líquido caso sejam totalmente implementados.

A XP Investimentos compartilha uma visão semelhante e optou por manter uma recomendação neutra para os papéis da Azul, ressaltando o ambiente macroeconômico desafiador e o risco de diluição relevante no longo prazo.

Goldman Sachs e JPMorgan preferem concorrentes

O Goldman Sachs também reiterou sua recomendação neutra para a Azul, destacando que os números apresentados ficaram dentro das expectativas para o trimestre. O banco segue preferindo ações de concorrentes como Copa Airlines e LATAM, que apresentam uma estrutura financeira mais sólida e maior previsibilidade operacional.

Já o JPMorgan avalia que, apesar dos bons resultados operacionais, os desafios financeiros da Azul ainda limitam o potencial de valorização da empresa no curto prazo. O banco reforça que a companhia precisa avançar em sua estratégia de reestruturação para reduzir riscos relacionados ao endividamento.