AZUL4 desaba após Justiça dos EUA aprovar plano que converte dívida em ações

Mudanças no capital da companhia afetam participação dos atuais investidores.

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Última atualização:  15 de dez, 2025 às 15:46
avião azul4 Foto: Reprodução Azul

As ações da Azul (AZUL4) despencaram nesta segunda-feira (15) após a Justiça dos Estados Unidos aprovar o plano de recuperação judicial da companhia no âmbito do Chapter 11. Por volta do início da tarde, os papéis recuavam cerca de 8% e eram negociados abaixo de R$ 1, refletindo a preocupação do mercado com a forte diluição dos atuais acionistas prevista na reorganização financeira.

Conversão de dívidas pressiona ações da Azul

O plano aprovado prevê a conversão de grande parte das dívidas da Azul em ações, além da possibilidade de uma nova oferta de papéis que pode se aproximar de US$ 1 bilhão. Com isso, investidores reagiram negativamente ao impacto direto sobre a participação dos minoritários, que tende a ser significativamente reduzida após as conversões e emissões adicionais.

Com a queda, a companhia voltou a níveis de valor de mercado próximos aos registrados em novembro, com capitalização ao redor de R$ 860 milhões, segundo dados da B3.

Hora de investir em AZUL4?

Após a aprovação do plano, o Bradesco BBI reiterou sua recomendação de venda para AZUL4 e manteve o preço-alvo em R$ 0,50, o que implica potencial de queda adicional de cerca de 50%. Na avaliação do banco, embora a empresa caminhe para sair do Chapter 11 com um balanço mais limpo, a diluição deve ser praticamente total para os atuais acionistas.

O BBI estima que, após as conversões de dívida e novas emissões, os detentores de dívidas sênior devem concentrar aproximadamente 97% do capital, enquanto os acionistas atuais ficariam com uma fatia residual.

Companhia destaca queda da dívida e dos juros

Apesar da reação negativa do mercado, a administração da Azul avalia o plano como um passo decisivo para a reestruturação da empresa. Segundo o presidente-executivo John Rodgerson, a aprovação permitirá uma redução de cerca de 60% da dívida total, além de uma economia anual de aproximadamente US$ 200 milhões em despesas com juros.

A empresa também destacou a renegociação de contratos de leasing de aeronaves, com redução estimada de 28% nesses custos, e projeta uma alavancagem em torno de 2,5 vezes, abaixo da estimativa anterior de 3 vezes.

Chapter 11 abre caminho para saída do processo

A Azul entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em maio deste ano, seguindo o caminho de outras grandes companhias aéreas que operam no Brasil. Com a aprovação do plano, analistas avaliam que a empresa está mais próxima de concluir o processo, ainda que o custo para os acionistas atuais seja elevado no curto prazo.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.