Azul (AZUL4) reverte lucro e fecha 3T25 com prejuízo de R$ 644 mi
O resultado foi afetado pelo salto nas perdas financeiras, aumento de custos operacionais e avanço do endividamento, que chegou a R$ 32,9 bilhões.
Foto: Divulgação
A Azul (AZUL4) reverte lucro com prejuízo no terceiro trimestre de 2025, marcando uma virada significativa em seu desempenho financeiro anual. A companhia aérea reportou um resultado negativo de R$ 644,2 milhões no período, contraste direto com o lucro obtido no mesmo trimestre de 2024. O recuo ocorre mesmo em um cenário de demanda aquecida e forte geração operacional, evidenciando o impacto do ambiente macroeconômico, do aumento de custos específicos e da deterioração do resultado financeiro.
Leia também:
Resultado financeiro: prejuízo substitui lucro e pressiona balanço
O principal destaque do trimestre é que a Azul reverteu lucro com prejuízo, encerrando o período com um resultado negativo de R$ 644,2 milhões. Além disso, o prejuízo líquido ajustado avançou para R$ 1,56 bilhão, uma alta impressionante de 1.141,9% em relação ao mesmo intervalo de 2024. Esse desempenho marca um dos trimestres mais desafiadores para a aérea desde a normalização do setor pós-pandemia.
Segundo a companhia, o resultado foi impactado principalmente pelo aumento expressivo das despesas financeiras, que acabou superando a melhora operacional. Para o investidor que acompanha o setor de aviação — competitivo, sensível a custos e altamente dependente das condições macroeconômicas —, esse movimento acende alerta sobre a trajetória futura de dívidas e margens.
Performance operacional: Azul mantém forte geração de caixa
Apesar do prejuízo, a aérea mostrou fôlego operacional. O lucro líquido operacional alcançou R$ 1,2 bilhão, alta de 23,7% na comparação anual. O Ebitda, indicador que mede a capacidade de geração de caixa, somou R$ 1,987,8 bilhão — um recorde histórico — com avanço de 20,2% e margem de 34,6%.
O lucro operacional também cresceu 23,7%, totalizando R$ 1,270,4 bilhão, reforçando que o desempenho da Azul em sua operação principal permaneceu sólido. Para quem acompanha o setor financeiro, vale destacar que essas informações dialogam com análises semelhantes registradas em empresas que enfrentam ciclos de custos altos, mas conseguem preservar margens via demanda consistente. Para conteúdos complementares, o leitor pode conferir análises internas da editoria de aviação e balanços corporativos (link interno sugerido).
Esses números revelam que o cerne da operação — transporte de passageiros, receitas adicionais e utilização eficiente da frota — continua sendo um ponto forte da companhia.
Receita cresce com demanda saudável e expansão internacional
Outro destaque positivo da empresa veio da receita líquida, que atingiu R$ 5,737 bilhões no 3T25, alta de 11,8% em comparação ao terceiro trimestre de 2024. O crescimento foi impulsionado por:
- demanda saudável no mercado doméstico;
- receitas auxiliares robustas, como tarifas de bagagem e serviços adicionais;
- bom desempenho de unidades de negócios específicas, incluindo rotas internacionais em expansão.
Esse movimento reforça a tendência de fortalecimento do segmento aéreo no Brasil, que vem registrando recuperação consistente desde o início de 2023 e expansão de rotas internacionais frente à valorização do real e redução do custo do combustível.
Custos e despesas: alta do CASK e pressões judiciais afetam o trimestre
As despesas operacionais da Azul avançaram 8,9%, somando R$ 4,5 bilhões. O custo por ASK (CASK) subiu 1,6%, atingindo R$ 34,85 centavos. Esse aumento foi impulsionado por três fatores principais:
- inflação acumulada de 4,8% no período;
- crescimento de 16,7% no número de processos judiciais decorrentes de operações irregulares registradas em 2024;
- expansão de 30,5% na capacidade internacional, que tende a elevar tarifas e custos.
Por outro lado, houve alívio com a valorização de 1,7% do real frente ao dólar, aumento da produtividade e retração de 13,2% no preço do combustível.
Resultado financeiro: perdas triplicam e explicam a reversão para prejuízo
O ponto mais crítico do balanço foi o resultado financeiro, que ficou negativo em R$ 1,914,5 bilhão — aumento de 200,7% frente ao mesmo período de 2024. O crescimento das despesas financeiras, renegociações, variação cambial sobre dívidas e impacto de juros mais altos foram determinantes.
Esse componente foi decisivo para transformar um trimestre operacionalmente forte em um período de prejuízo líquido.
Liquidez e endividamento: indicadores acendem sinal de alerta
A Azul encerrou o trimestre com liquidez total de R$ 8,8 bilhões e liquidez imediata de R$ 3,4 bilhões, equivalente a 15,9% da receita dos últimos 12 meses.
Já a dívida líquida subiu para R$ 32,902 bilhões, avanço de 34,3% em relação a 2024. A alavancagem financeira (dívida líquida/Ebitda ajustado) cresceu para 5,1 vezes, reforçando a pressão sobre a companhia.
Gostou deste conteúdo? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: