Durante sua participação no evento Financial Week, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, enfatizou que a autonomia da instituição não significa se distanciar da sociedade ou do governo democraticamente eleito. Em suas declarações, Galípolo buscou esclarecer interpretações precipitadas sobre o papel do Banco Central, reafirmando o compromisso com a transparência e responsabilidade pública.

Segundo Galípolo, a autonomia implica em estar aberto ao diálogo e à melhoria contínua do arcabouço institucional. Ele destacou que o Banco Central não deve operar de forma isolada, mas sim em colaboração com as necessidades econômicas e sociais do país, refletindo um compromisso com a estabilidade financeira e o desenvolvimento sustentável.

No contexto da política monetária, Galípolo abordou os desafios enfrentados pelo Comitê de Política Monetária (Copom), especialmente após a reunião de maio, onde divisões internas trouxeram volatilidade adicional à economia. A desancoragem da inflação e as preocupações com o câmbio foram mencionadas como elementos complicadores para as decisões futuras do Banco Central.

A discussão sobre a manutenção da taxa de juros na reunião de junho, onde houve consenso entre os membros do Copom, foi destacada por Galípolo como crucial. Ele enfatizou que decisões unânimes aumentam a eficácia da política monetária, reduzindo os riscos de erro individual e promovendo uma abordagem mais robusta e previsível para os mercados financeiros.

Galípolo ressaltou que o Brasil enfrenta desafios distintos em comparação com outros países emergentes, devido à sua liquidez de mercado e a fatores econômicos internos únicos. Esses elementos contribuem para uma maior volatilidade e exigem uma adaptação cuidadosa das políticas monetárias para mitigar os impactos negativos sobre os ativos locais.

Em relação às metas de inflação, Galípolo discutiu a transição para uma meta contínua, afirmando que essa mudança já estava planejada e que o recente decreto apenas formalizou o processo. Ele argumentou que essa abordagem proporciona maior clareza e previsibilidade ao mercado, reduzindo incertezas sobre futuras revisões das metas.

Galípolo concluiu reiterando que o papel do Banco Central é implementar as metas estabelecidas pelo governo democraticamente eleito, adaptando suas estratégias de acordo com as necessidades econômicas e mantendo um compromisso contínuo com a estabilidade financeira e o crescimento sustentável do país.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.