Após semanas de tensão com o agravamento do conflito entre Israel e Irã, que culminou na ofensiva dos EUA contra instalações nucleares iranianas e em retaliações a bases americanas no Oriente Médio, o mercado financeiro global finalmente encontrou alívio.

O cessar-fogo recentemente anunciado e a atual baixa probabilidade de fechamento do Estreito de Hormuz (estimada em apenas 17% segundo a Polymarket, após ter atingido 60%) reduziram significativamente os temores quanto ao fornecimento global de petróleo. Como reflexo imediato, o barril voltou a ser negociado abaixo dos US$70, aliviando parte da pressão inflacionária internacional.

Política monetária dos EUA dá novo fôlego ao mercado financeiro

Esse alívio geopolítico coincidiu com uma reprecificação das expectativas de política monetária nos Estados Unidos. Após a última reunião do FOMC, o Federal Reserve manteve os juros no patamar atual, mas as declarações dos membros do comitê foram interpretadas como significativamente dovish.

Nota: Uma postura dovish na política monetária significa que o banco central está mais inclinado a manter juros baixos ou até mesmo reduzi-los para estimular a economia.

Com isso, a percepção de que o ciclo de cortes começará em breve ganhou força: segundo dados da CME, a probabilidade de uma redução já na reunião de setembro ultrapassa 90%.

Mais relevante ainda, a mediana das projeções dos membros do próprio Fed aponta que os juros devem encerrar 2025 em 3,9%, abaixo do intervalo atual de 4,25%–4,50%. Isso sinaliza ao menos dois cortes de 25 pontos-base — e com chances concretas de três reduções. Em outras palavras, o banco central dos EUA se prepara para injetar liquidez em breve, o que favorece ativos de risco.

Reação dos mercados: Bitcoin perto das máximas

Esse novo posicionamento já começa a se refletir nos preços. O bitcoin, que havia recuado abaixo dos US$100 mil no auge das tensões no Oriente Médio, voltou a se valorizar com força e já opera na faixa dos US$108 mil — muito próximo de sua máxima histórica.

O movimento, no entanto, não se limita ao setor cripto. O índice Nasdaq renovou recordes e o S&P 500 também se aproxima de novas máximas, refletindo o retorno do sentimento de risk-on entre os investidores.

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Fundamentos permanecem sólidos — e o segundo semestre pode surpreender

Esse cenário revela que muitos agentes de mercado, impactados por manchetes negativas e guiados pelo medo, tomaram decisões precipitadas e descoladas da estrutura de médio e longo prazo. A realidade, porém, é que os fundamentos seguem sólidos: há forte acumulação institucional no BTC, liquidez programada para aumentar e uma base consistente de investidores de longo prazo.

A recente correção, em retrospecto, pode parecer uma oportunidade perdida para quem vendeu por impulso.

Com a melhora no horizonte monetário e o retorno do apetite ao risco, cresce a chance de que o segundo semestre de 2025 seja marcado por novos recordes nos ativos de risco. O mercado não apenas resistiu ao estresse — ele demonstrou resiliência e disposição para retomar sua trajetória de valorização.

Para o investidor atento, fica um lembrete poderoso: decisões bem embasadas superam reações emocionais.

Rony Szuster