Operar DI Futuro pode parecer um desafio para quem está começando no mundo dos investimentos, mas entender esse instrumento financeiro é interessante para quem deseja acompanhar ou se posicionar diante das expectativas de juros no Brasil. 

Esse tipo de contrato, negociado no mercado futuro, é tido como uma ferramenta usada por investidores e instituições para proteger ou especular com base nas projeções da taxa Selic. Neste artigo, você vai entender, essencialmente, o que é o DI Futuro, como ele funciona. 

Introdução ao DI Futuro

DI Futuro é a abreviação para Depósito Interfinanceiro Futuro. Em essência, ele se refere a um tipo de contrato financeiro que representa uma promessa de compra ou venda de um título público em uma data futura, a um preço estabelecido no momento da negociação. 

Na prática, ele permite que investidores apostem na alta ou na queda dos juros, servindo tanto para especulação quanto para proteção (hedge) contra oscilações nas taxas.

Como funciona?

1. Escolha e negociação do contrato

O processo começa com a escolha de um contrato de DI Futuro, com vencimento em uma data específica no futuro. Esse contrato representa um acordo sobre a taxa de juros que incidirá sobre um valor de Depósito Interfinanceiro (DI) a ser liquidado nesta data futura.

2. Data de vencimento

Cada contrato estabelece uma data de vencimento, que é o momento em que será realizada a liquidação financeira baseada na taxa DI. Os vencimentos costumam seguir prazos curtos e padronizados, como 1, 2 ou 3 meses, embora também existam opções com prazos mais longos.

3. Encerramento da posição (antes ou no vencimento)

O investidor pode:

  • Encerrar a posição a qualquer momento vendendo/comprando o contrato oposto, realizando lucro ou prejuízo.
  • Manter até o vencimento, quando o contrato será liquidado financeiramente com base na taxa CDI apurada no período.

4. Definição da posição (compra ou venda)

Durante a negociação, as partes definem uma taxa de juros futura. O investidor pode assumir uma posição comprada (aposta na alta dos juros) ou vendida (aposta na queda dos juros), dependendo de suas expectativas em relação ao comportamento da taxa CDI.

5. Apuração de resultado

No vencimento, ocorre a liquidação financeira do contrato com base na diferença entre a taxa acordada no momento da negociação e a taxa efetiva no período. A depender das condições de mercado no vencimento do contrato, uma das partes será financeiramente beneficiada, recebendo um pagamento da contraparte em função da variação da taxa de juros.

Para que serve?

Segundo Tiago Reis, fundador da Suno Research, o contrato futuro de DI pode ser utilizado como instrumento de proteção (hedge) contra fortes oscilações nas taxas de juros que impactam operações financeiras atreladas a contratos futuros.

Embora o contrato futuro de DI ofereça mecanismos eficazes para a mitigação de riscos e proteção contra a volatilidade das taxas de juros, é fundamental que o investidor mantenha cautela ao traçar estratégias baseadas em projeções. 

Reis ressalta que “qualquer previsão no mercado financeiro é difícil de ser concretizada, já que existem inúmeras variáveis que podem impactar os principais indicadores desse mercado.”

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Como funciona o mercado futuro?

Como pode-se deduzir, o contrato de DI Futuro é negociado no que o meio dos investimentos chama de mercado futuro, um ambiente da Bolsa de Valores onde são negociados contratos que estabelecem hoje os preços de ativos ou taxas para uma data futura.

Nesse mercado, os participantes assumem compromissos de compra ou venda de ativos com liquidação financeira programada, permitindo tanto proteção (hedge) quanto especulação. No caso do DI Futuro, o que está em jogo é a expectativa sobre a taxa de juros (CDI), e não a entrega física de um ativo.

Os preços dos contratos variam de acordo com as projeções econômicas, decisões do Banco Central, inflação, câmbio e outros indicadores que afetam diretamente a curva de juros. Assim, investidores e instituições utilizam o mercado futuro como uma ferramenta estratégica para travar taxas, reduzir riscos e, em muitos casos, buscar lucros com base em movimentos esperados do mercado.

Quem participa desse mercado? 

O mercado de DI Futuro é constituído por uma variedade de participantes, cada um com objetivos distintos. Vamos aos principais: 

  • Bancos e instituições financeiras: usam os contratos para proteger suas operações de crédito e investimentos da oscilação nas taxas de juros.
  • Fundos de investimento: fundos multimercado e de renda fixa utilizam o DI Futuro como estratégia de hedge ou para buscar ganhos com variações na taxa DI.
  • Empresas de grande porte: utilizam para travar custos financeiros e reduzir o impacto da volatilidade dos juros sobre empréstimos e financiamentos.
  • Tesourarias corporativas:  atuam no mercado futuro para proteger o fluxo de caixa e garantir previsibilidade nos custos financeiros.
  • Investidores institucionais: seguradoras, fundos de pensão e entidades de previdência operam para equilibrar riscos de longo prazo e alinhar ativos e passivos.
  • Traders e especuladores: buscam lucrar com a variação das taxas de juros, assumindo posições de compra ou venda com base em projeções de mercado.

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Como operar DI Futuro?

Operar DI Futuro envolve algumas etapas básicas. Porém, o processo como um todo exige atenção, estratégia e compreensão do funcionamento do mercado.

  1. Ter uma conta em uma corretora habilitada: para começar, o investidor precisa ter conta em uma corretora que ofereça acesso ao mercado futuro da B3 (Bolsa de Valores do Brasil). É por meio dessa plataforma que as ordens de compra e venda serão enviadas.
  2. Escolher o contrato de DI Futuro: Os contratos são identificados por códigos que indicam o mês e o ano de vencimento. O investidor deve selecionar o vencimento mais adequado à sua estratégia, geralmente com base na expectativa sobre o comportamento da taxa de juros.
  3. Definir a posição: aposta na queda ou na alta da taxa de juros. A decisão depende da análise do cenário econômico e da estratégia de proteção ou especulação.
  4. Acompanhe as oscilações e ajuste a posição:  o valor do contrato varia conforme as expectativas sobre a taxa DI. É possível encerrar a posição antes do vencimento, se for vantajoso, ou mantê-la até o fim para a liquidação.

Importante considerar

Embora o processo operacional não seja necessariamente difícil, investir no mercado de DI Futuro envolve um grau elevado de complexidade. Trata-se de um ambiente mais técnico do que outros tipos de investimento, exigindo do investidor conhecimento aprofundado sobre juros, economia e estratégias de hedge.

Por isso, é fundamental manter um estudo contínuo e desenvolver uma compreensão sólida do funcionamento desse mercado. Cursos de trading e educação financeira especializada podem ser aliados importantes, oferecendo as ferramentas conceituais e práticas necessárias para operar com mais segurança e eficiência.

Indicadores pertinentes à operação

Quem atua no mercado futuro costuma se apoiar em diversos indicadores para embasar suas decisões de investimento. A escolha dos indicadores mais adequados varia conforme o perfil e a estratégia de cada trader

Enquanto alguns preferem combinar diferentes ferramentas para obter uma visão mais ampla do cenário, outros optam por focar em um único indicador que consideram mais confiável ou alinhado ao seu método operacional.

A corretora CM Capital traz alguns dos indicadores mais utilizados para quem opera nesse mercado. São eles: 

  • Osciladores: indicadores que variam dentro de uma faixa limitada, geralmente entre 0 e 100, usados para identificar condições de sobrecompra ou sobrevenda no mercado.
  • Médias móveis: Ferramentas que suavizam os preços ao longo do tempo, ajudando a identificar a tendência principal de um ativo. 
  • Bandas de Bollinger: formadas por uma média móvel e duas faixas de desvio padrão acima e abaixo dela. As bandas se ajustam à volatilidade do mercado, sendo úteis, sobretudo, para identificar momentos de compressão ou expansão de preços.
  • MACD (Moving Average Convergence Divergence): indicador baseado na relação entre duas médias móveis exponenciais. Ajuda a detectar mudanças de direção na tendência e sinais de entrada/saída por meio de cruzamentos de linha e da chamada “linha de sinal”.

Leia também: Índices futuros: entenda o que são e como funcionam

Quais os riscos envolvidos em uma operação de DI Futuro?

Ao aprofundar seus estudos, o investidor tende a compreender com mais clareza os riscos envolvidos nesse tipo de operação. Ainda assim, é válido destacar alguns pontos, de antemão: 

O mercado de DI Futuro é marcado por alta volatilidade. Os preços dos contratos podem sofrer variações expressivas em curtos intervalos de tempo, o que aumenta o risco para o investidor, especialmente em operações alavancadas.

Em períodos de forte instabilidade, pode haver dificuldade em encontrar contraparte para negociar os contratos. Essa falta de liquidez pode impedir a saída da posição no momento desejado ou forçar uma negociação em condições menos favoráveis.-

Apesar de o mercado de DI Futuro ser liquidado na B3, que adota sistemas de margem e garantias, ainda existe um risco residual de inadimplência — especialmente em operações fora do ambiente da Bolsa. Caso uma das partes não cumpra com suas obrigações financeiras, o prejuízo pode recair sobre a contraparte.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.