Quem é o Investidor Sardinha? Veja a trajetória de Raul Sena

Entre os grandes expoentes do mundo de investimentos, Raul Sena é o Investidor Sardinha, apelido que adotou justamente por representar o pequeno investidor, ou seja, aquele que está começando e ainda não movimenta grandes volumes de capital. 

O nome faz referência à clássica metáfora do mercado financeiro, em que os “sardinhas” contrastam com os “tubarões”, os grandes players do mercado.

Sena integra o seleto grupo de jovens investidores que influenciam milhares de pessoas por meio das plataformas online. Dono e fundador de múltiplos negócios, seu nome merece destaque, seja para entender seu perfil como empresário, sua mentalidade empreendedora ou, naturalmente, sua atuação como investidor.

Primeiros passos 

Natural de Goiânia (GO), Raul Alencar de Sena nasceu em julho de 1993 e começou a gerar renda desde muito cedo. Embora não fosse um aluno de destaque durante a infância e a adolescência, ele afirma que se saía relativamente bem nas provas e já ganhava algum dinheiro na internet aos 14 anos.

Diagnosticado com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), chegou a ser expulso de um colégio. No entanto, a falta de foco nos estudos tradicionais era compensada por uma concentração admirável na criação de sites, atividade que, inclusive, já lhe rendia algum retorno financeiro. 

Por não compreender muito bem o hobby do filho, sua mãe chegou a proibi-lo de continuar — achava que ele poderia estar envolvido em atividades suspeitas, como invasões hacker.

A proibição, no entanto, não durou muito. Aos 16 anos, Raul já trabalhava com carteira assinada como web designer, desenvolvendo sites e até jogos. Um dos games criados por ele chegou a ser destaque em um jornal local. Mas foi o site raulsena.org que mais se destacou: em 2008, ele vendeu sua base de clientes para outra empresa. 

Início de carreira de Raul Sena

Em 2009, com apenas 16 anos, Raul Sena deu seus passos mais significativos no mercado de trabalho. Atuou na editora Índice Gestão Editorial, focada em licitações do MEC e em projetos para estatais. No mesmo ano, foi Diretor de Projetos da Academia Goianiense de Letras, com a responsabilidade de avaliar propostas submetidas à instituição. 

Mas o próprio traz mais detalhes sobre sua trajetória no jornal Diário da Manhã, especialmente no que se refere à sua escalada na empresa. Ao ingressar como arquivista, ele revela que buscava “um emprego fixo para cobrir as suas despesas”, pertinentes a um adolescente. 

Na sequência, assumiu o cargo de editor de imagens, e, a partir daí, as promoções vieram em série — reflexo de sua proatividade. “Eu fui pegando novas obrigações sozinho, eu era meio xereta. Com isso, as pessoas foram me vendo e foram me promovendo”, contou Sena em vídeo publicado em seu canal.

Embora tenha enfrentado críticas por não possuir formação em jornalismo, Raul Sena chegou ao cargo de diretor executivo do jornal, com foco especial na gestão. Segundo ele, em todas as funções que desempenhou na empresa, sempre buscou entregar eficiência.

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Entre CNPJs e empregos fixos 

A trajetória profissional de Raul Sena transita entre empregos com salário fixo e empreendimentos próprios, muitas vezes conduzidos simultaneamente. Ele mesmo afirma que as duas atividades eram feitas quase em paralelo. Embora ainda jovem, Raul já construiu uma carreira longa e consistente — e, por isso, vale destacar aqui alguns dos principais pontos dessa caminhada.

Grupo Fatos 

Depois de sair do jornal, ele foi convidado por um amigo para participar de um novo projeto: uma empresa em fase inicial, voltada a compartilhar curiosidades nas redes sociais. Sena ajudou a estruturar o então pequeno negócio, que mais tarde se tornaria o Grupo Fatos, criador e responsável pelo famoso canal no Youtube “Fatos Desconhecidos”. Ele permaneceu na empresa como diretor e seu representante até 2019.

WTF Maison

Mais adiante, mudou-se para São Paulo, onde atuou na WTF Maison como diretor de novos negócios, ampliando ainda mais sua experiência em gestão. Um detalhe curioso dessa fase da carreira de Sena foi a forma como ingressou na empresa. Segundo ele, foi uma decisão própria: “Eu me auto-contratei para a empresa. Falei: eu tô indo para São Paulo, vou trabalhar para vocês”, contou.

Foco nos projetos pessoais 

Durante a transição para a capital paulista, Raul Sena passou a concentrar cada vez mais energia em suas próprias iniciativas empreendedoras. Segundo ele, enquanto ainda atuava como diretor e tocava diferentes projetos, paralelamente ia criando novas empresas, incluindo diversos sites e até mesmo uma loja de sapatos.

“Enquanto eu fazia uma coisa ou outra, eu também ia criando meus negócios. E foi isso que me deixou rico oficialmente”, relatou. 

Investidor Sardinha 

Entre as empreitadas de Raul Sena, a mais conhecida veio a ser o Investidor Sardinha, inicialmente, um canal no Youtube sobre investimentos. Antes mesmo de criar o canal, ele já ministrava palestras sobre como impulsionar o crescimento de canais na plataforma. No entanto, foi após ser provocado por um amigo que, em 2019, decidiu iniciar seu próprio projeto.

Com foco em investidores iniciantes, o nome do canal caiu como uma luva. Ao longo do tempo, o Investidor Sardinha ganhou força e hoje soma mais de 1,3 milhão de inscritos. Sena afirma que procura ser claro, direto e sem promessas fáceis, sempre buscando se conectar de forma genuína com seu público.

“Aqui não tem especulação vazia. Tem estudo. Tem método. Tem verdade. Você vai entender o que faz seu dinheiro crescer de verdade sem precisar abrir mão da sua essência, dos seus valores ou da sua paz”, diz a descrição do Canal. 

Cabe salientar que “Investidor Sardinha” também dá nome ao seu site, um portal de notícias e artigos voltado, de forma geral, ao mercado financeiro.

O que é um “investidor sardinha”? 

O termo “investidor sardinha” é uma gíria bastante comum no mercado financeiro brasileiro, , sendo usado para descrever investidores iniciantes, mal informados ou que seguem a manada — ou seja, tomam decisões com base no comportamento da maioria, sem fazer uma análise própria ou entender bem o que estão fazendo.

O investidor sardinha, em geral, aplica valores modestos — o que, por si só, não representa um problema. A questão está na forma como administra esse capital, o que pode fazer toda a diferença nos resultados. Entre as principais características associadas a esse perfil, destacam-se:

• Age por impulso ou emoção (medo e ganância, principalmente);
• Segue modismos ou dicas de influenciadores sem pesquisar;
• Entra no mercado quando “todo mundo está ganhando dinheiro” e sai quando “está todo mundo perdendo”;
• Compra na alta e vende na baixa (faz o oposto do ideal);
• Alimenta expectativas de lucros rápidos, desconsiderando a complexidade e os riscos inerentes ao mercado financeiro.

A metáfora vem do mundo marinho: assim como sardinhas são pequenas e nadam em grandes cardumes, os investidores sardinhas são muitos, têm pouco poder individual e geralmente são “engolidos” pelos tubarões do mercado — os grandes investidores, que têm mais informação, capital e estratégia.

Quais são as empresas de Raul Sena?

Atualmente, Rau Sena está vinculado, enquanto fundador e sócio, à inúmeros negócios. Segundo ele, está envolvido em “diversas pequenas e médias empresas“. Para citar algumas, além do Investidor Sardinha, estão:

• Grupo AUVP: integra a maior escola de investimentos do Brasil, e a principal consultoria no ranking do BTG Pactual.
• Grupo Bolha: grupo de mídia e conteúdo digital, responsável por diferentes projetos, com destaque para consultoria voltada à criação de sites.
• Vibrio: SexShop com uma identidade mais moderna. A marca tem foco em bem-estar íntimo, autoconhecimento e liberdade sexual.
• Pele de Pessêgo: empresa do setor de estética e cuidados pessoais, com produtos focados em skincare e autocuidado.

Sena na bolsa: como ele aplica seu dinheiro? 

Conhecido por sua forte presença no universo dos investimentos, Raul Sena adota uma abordagem estratégica baseada no método Buy and Hold — filosofia que prioriza o crescimento de capital a longo prazo. 

Em vez de operar com foco em ganhos rápidos, Raul busca aumentar gradualmente sua participação em empresas sólidas, com fundamentos consistentes e histórico de lucros recorrentes.

Segundo a própria ANBIMA, Raul já foi considerado o maior investidor independente do país. Seu modelo de investimento está alinhado a grandes nomes do setor, como Philip Fisher, e se sustenta em uma avaliação cuidadosa do desempenho histórico das companhias. Para ele, a saúde financeira de uma empresa deve ser analisada com atenção, especialmente em relação ao tempo de mercado e à sua capacidade de investir em pesquisa e desenvolvimento.

Empresas que enfrentaram prejuízos durante longos períodos, na visão de Raul, tendem a repetir esse padrão no futuro. Por outro lado, companhias que se mostram lucrativas há muitos anos oferecem maior previsibilidade e segurança ao investidor.

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Escândalo da Fanini Invest

Recentemente, o nome de Raul Sena se viu no centro de uma polêmica. Tudo começou quando ele denunciou um possível esquema de pirâmide e, em meio à repercussão, acabou sendo falsamente associado a ele por um dos integrantes da instituição investigada.

O caso gira em torno da Fanini, uma empresa de investimentos que prometia lucros rápidos aos clientes, mas acabou gerando prejuízos significativos a muitos deles. A denúncia ganhou os holofotes em reportagem do programa Domingo Espetacular, da Record, e envolve a companhia sediada em Curitiba com operações em Atibaia, sob comando de Christian Fernando Damasceno.

Conforme a reportagem investigativa, a empresa oferecia rendimentos de até 1% ao dia — o que equivale a impressionantes 30% ao mês. Embora a promessa em si já levantasse sérias suspeitas, o alerta vermelho veio quando a Fanini passou a não pagar os rendimentos prometidos. Muitos clientes, ao tentar resgatar seus valores, descobriram que não conseguiriam recuperar o dinheiro investido.

Mas onde Sena entra nessa história?

Bom, Tudo começou quando um seguidor o questionou nas redes sociais sobre a Fanini — “se já tinha ouvido falar”. Depois de investigar e analisar, o educador afirmou ao Domingo Espetacular que “provavelmente se trata de uma pirâmide financeira ou, no mínimo, de um golpe muito mal estruturado”.

Durante a apuração, um jornalista do programa se passou por um investidor interessado, e marcou uma conversa com um consultor da empresa. Ao ser confrontado sobre as denúncias feitas por Sena, o consultor tentou desacreditá-lo, sugerindo que a própria mãe do influenciador seria investidora da Fanini “há quase um ano”.

A afirmação foi prontamente desmentida por Sena, que revelou um detalhe incontestável: sua mãe faleceu em 2012, ou seja, antes mesmo da empresa ser fundada.

Qual a fortuna de Raul Sena? 

Assim como ocorre com muitos influenciadores do mercado financeiro, o patrimônio exato de Raul Sena não é divulgado publicamente. No entanto, estima-se que ele administre bilhões de reais sob gestão. Sócio-fundador da AUVP Capital, Raul comanda a consultoria financeira que ocupa o primeiro lugar no ranking do BTG Pactual — o maior banco de investimentos da América Latina.

Um dado curioso que sugere a dimensão de sua fortuna é sua ambição declarada de ter o próprio banco. Em 2024, ele revelou planos de transformar a AUVP em um banco de investimentos voltado, principalmente, para clientes com patrimônio superior a R$ 10 milhões.

Atualmente, a AUVP já atua como correspondente bancário do BTG Pactual, com autorização do Banco Central.

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