Álcool ou gasolina? Embora a pergunta pareça simples, ela envolve uma complexa teia de fatores que abrangem economia, tecnologia e até mesmo questões ambientais. O debate sobre combustíveis ocupa um lugar de destaque entre as pautas econômicas e é uma prioridade nas políticas públicas de 2025.

Um exemplo claro disso é o projeto sancionado pelo governo Lula, conhecido como “Combustíveis do Futuro”. Segundo o texto aprovado, o percentual de etanol na gasolina será ampliado, variando entre 22% e 27%, com a possibilidade de alcançar até 35% nos próximos anos. 

A seguir, tratamos das vantagens e desvantagens de cada opção, trazendo dados atualizados e dicas práticas para ajudá-lo a fazer a melhor escolha. Afinal, o que vale mais: economia imediata ou um investimento sustentável no futuro?

Principais diferenças entre os combustíveis

Para começarmos a entender a contraposição que existe entre a gasolina e o etanol, é de grande valia pontuarmos alguns aspectos principais que diferenciam os combustíveis. 

Gasolina

A gasolina é um combustível fóssil derivado do petróleo. Ela é amplamente utilizada em veículos de passeio devido à sua alta densidade energética, o que costuma resultar em um maior desempenho e autonomia. 

A gasolina é conhecida por sua combustão mais eficiente e menos corrosiva para os motores, além de oferecer uma potência superior em comparação ao etanol. Por outro lado, a queima de gasolina libera uma quantidade significativa de dióxido de carbono (CO₂) e outros poluentes no ambiente, contribuindo para o efeito estufa e a poluição do ar.

Álcool (Etanol)

O álcool, ou etanol, é um biocombustível produzido a partir da fermentação de açúcares presentes em plantas como a cana-de-açúcar e o milho. O combustível é colocado como uma alternativa mais sustentável e renovável em relação à gasolina, uma vez que sua produção e combustão emitem menos gases de efeito estufa. 

Além disso, o etanol tende a ser mais barato do que a gasolina. No entanto, ele possui uma densidade energética menor, o que significa que veículos movidos a etanol geralmente têm menor autonomia e desempenho. O etanol também pode ser mais corrosivo para certas partes do motor, exigindo adaptações específicas.

Como decidir entre álcool ou gasolina

Como mencionado anteriormente, essa decisão pode parecer simples à primeira vista, especialmente se levarmos em conta apenas o fator preço. Todavia, a escolha entre gasolina e etanol exige uma análise criteriosa, considerando diversos aspectos, como:

  • Desempenho do veículo;
  • Impacto ambiental;
  • Disponibilidade regional;
  • Custo-benefício. 

Em síntese, cada um desses combustíveis possui características distintas que influenciam sua vantagem em diferentes contextos.  Avaliar essas particularidades é fundamental para tomar uma decisão alinhada às necessidades e prioridades de cada motorista. 

A seguir, vamos entender melhor como cada um desses fatores pode implicar na escolha dos condutores que ainda enfrentam dúvidas sobre qual combustível escolher.  

Cálculo de custo-benefício

Tradicionalmente, muitos motoristas recorrem à chamada “regra dos 70%”, que indica que o etanol é a melhor escolha quando seu preço corresponde a até 70% do valor da gasolina. Embora essa não seja a única variável a ser considerada, especialistas frequentemente a apontam como um dos fatores mais relevantes, senão o mais determinante, na hora de decidir entre os dois combustíveis.

A lógica por trás dessa regra está relacionada à eficiência energética de cada combustível. Em geral, o etanol possui um poder calorífico menor que a gasolina, ou seja, ele gera menos energia por litro. Em resumo, sugere que o álcool só é financeiramente vantajoso se seu preço compensar a maior quantidade necessária para atingir o mesmo desempenho da gasolina. 

Use a fórmula: preço do álcool ÷ preço da gasolina

Ao dividir o preço do álcool pelo preço da gasolina, você obtém um coeficiente que representa a relação de custo entre os dois combustíveis. Em suma, a “regra dos 70%” sugere que o etanol é financeiramente vantajoso se este coeficiente for igual ou inferior a 0,70 (ou 70%). 

  • Por exemplo, se o preço do etanol é R$ 3,00 e o preço da gasolina é R$ 4,50, a fórmula ficaria: R$ 3,00 ÷ R$ 4,50 = 0,67. Nesse caso, como 0,67 é menor que 0,70, o etanol seria a melhor escolha financeira. 
  • Agora, suponha que o preço do álcool no posto é R$ 4,00 por litro e o preço da gasolina é R$ 5,00 por litro. Aplicando a fórmula: R$ 4,00 ÷ R$ 5,00 = 0,80. Neste caso, o coeficiente resultante é maior que 0,70. Isso indica que, financeiramente, a gasolina é a melhor opção.

Desempenho e autonomia do veículo

Ao comparar gasolina e álcool, é importante notar esses dois fatores, nos quais cada um deles se sobressai.

Quando o assunto é desempenho, o etanol frequentemente se sobressai. Sua octanagem mais elevada em comparação à gasolina permite que alguns motores operem com maior eficiência, gerando mais potência e torque. 

Essa característica é especialmente notada em motores projetados para tirar o máximo proveito do álcool.  Em virtude deste aspecto, muitos motoristas relatam uma sensação de maior vigor ao utilizar etanol como combustível.

No que diz respeito à autonomia, a gasolina se destaca. Como afirmou o jornalista e especialista em automóveis Boris Feldman em entrevista à CNN Brasil: “A gasolina tem um consumo menor, permitindo que você percorra mais quilômetros com o mesmo tanque e precise parar menos vezes no posto”.

Em outras palavras, a gasolina apresenta uma densidade energética superior ao etanol. Isso significa que cada litro de gasolina contém mais energia, o que se reflete em uma maior autonomia do veículo.

Impacto ambiental e condições climáticas

Para condutores que se importam com questões ambientais, o etanol pode ser uma escolha mais consciente. Derivado de fontes renováveis, sobretudo da cana-de-açúcar, sua produção gera uma quantidade menor de gases de efeito estufa em comparação à gasolina, que tem origem fóssil.  

Essa diferença é significativa, especialmente considerando os desafios do aquecimento global e as mudanças climáticas que caracterizam os últimos tempos. Segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE) de 2021, o etanol de cana-de-açúcar reduz em 89% as emissões de gases do efeito estufa em comparação à gasolina. 

Outros tipos de etanol também contribuem, mas em menor medida: 46% para o etanol de beterraba e 31% para o de grãos. Embora o álcool também gere poluição, é importante destacar que a questão é que ele polui menos do que a gasolina.

Tendências para o setor de combustíveis 

Visando promover a descarbonização, o governo sancionou em outubro de 2024 o projeto ‘Combustíveis do Futuro’, que, entre outras medidas, redefine os limites mínimos e máximos de etanol na mistura com a gasolina.

O percentual de etanol na mistura, que antes variava entre 18% e 27,5%, agora poderá chegar a 35%. De acordo com o deputado Arnaldo Jardim, relator do projeto, a expectativa é que a gasolina com até 30% de etanol esteja disponível nos postos já em março de 2025.

A nova mistura de etanol na gasolina busca tornar os veículos brasileiros mais ecologicamente corretos, reduzindo em média 25% as emissões de monóxido de carbono e 35% as de óxido de nitrogênio.

Em suas declarações, Jardim destacou que a nova legislação consolida o Brasil como referência mundial na produção de biocombustíveis, impulsionando ainda mais o desenvolvimento do setor.”Não tenho dúvida de que o mundo todo, cada vez mais, migrará para a produção de biocombustíveis”, afirmou o deputado. 

Aumentos no consumo 

Conforme estudo recente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo de gasolina na frota brasileira pode atingir seu pico em 2025 e, a partir daí, entrar em uma trajetória de queda. Isso ocorre à medida que o etanol e a eletrificação ganham mais espaço na matriz de transportes do país.

A pesquisa, divulgada em 19 de dezembro de 2024, projeta que a demanda por energia nos veículos leves alcançará 65,9 bilhões de litros de gasolina equivalente até 2034, considerando gasolina, etanol e eletricidade. No caso da gasolina A, o pico de consumo será em 2025, com uma redução progressiva nos anos seguintes. 

Preço da gasolina e do álcool em 2025

Em 2025, o preço da gasolina e do álcool sofrerá um aumento significativo em todo o Brasil, a partir de 1º de fevereiro. A decisão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) de elevar as alíquotas do ICMS, imposto estadual sobre os combustíveis, impactará diretamente o custo desses produtos para os consumidores. 

O novo valor do ICMS será de R$ 1,47 por litro, tanto para gasolina quanto para etanol. Atualmente, os valores são de R$ 1,37 para a gasolina e R$ 1,06 para o etanol, o que implica um aumento considerável. Esse reajuste afetará não apenas motoristas, mas também empresas de transporte, que terão que ajustar seus orçamentos para lidar com os novos custos.

Enfim, qual compensa mais, álcool ou gasolina?

Como foi detalhado ao longo de nossa discussão, a resposta para essa pergunta é: depende! Além de considerar o custo-benefício com base nos preços atuais dos combustíveis, cada motorista precisa avaliar suas prioridades pessoais e pesar os prós e contras de cada opção.

Para facilitar sua análise, preparamos um quadro comparativo que resume os pontos principais que abordamos aqui:

AspectoGasolinaÁlcool (Etanol)
Custo-benefícioMelhor quando o preço é inferior a 70% do etanol.Vantajoso quando o preço é até 70% do valor da gasolina.
DesempenhoMenor potência e torque, menor eficiência.Maior potência e torque devido à maior octanagem.
AutonomiaMaior devido à maior densidade energética.Menor, pois requer mais combustível para a mesma distância.
Impacto AmbientalMaior emissão de gases poluentes.Menor emissão de gases do efeito estufa.
DisponibilidadeMais amplamente disponível.Depende da região, pode ser mais escasso em algumas áreas.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.