Na noite de sexta-feira, 14 de novembro de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um decreto que elimina a chamada tarifa recíproca de 10% sobre uma série de produtos agrícolas, como café, laranja, banana, castanhas, temperos e carne bovina.

A medida trouxe alívio político e simbólico nas relações entre os países, mas investidores e analistas receberam um recado claro: a sobretaxa de 40% dos EUA sobre produtos brasileiros continua em vigor, o que limita o impacto econômico imediato e reduz o entusiasmo na bolsa brasileira.

A seguir, veja os efeitos na Bolsa brasileira e quais setores podem se beneficiar.

O que mudou (e o que não mudou) nas tarifas EUA Brasil

O que mudou

A tarifa base de 10% (imposta em abril no pacote tarifário de Trump) foi retirada. O corte afeta centenas de produtos agrícolas, incluindo carne bovina, frutas tropicais, café e castanhas.

O que não mudou

O Brasil ainda enfrenta a sobretaxa adicional de 40%, aplicada de forma específica a produtos brasileiros desde agosto de 2025.
Na prática, isso mantém o comércio bilateral travado e impede que os exportadores recuperem plenamente seus volumes.

O Itaú BBA destaca que, embora o alívio de 10% estivesse no radar do mercado, as incertezas continuam ancoradas na tarifa remanescente de 40%, que ainda afeta carne bovina, frutas e café.

Quando a sobretaxa de 40% pode acabar?

Não há data definida.
Mas a retirada da tarifa de 10% foi interpretada como sinal político de urgência dos EUA, especialmente diante da alta de preços domésticos de alimentos.

Cenários citados por bancos:

  • Otimistas: veem espaço para uma negociação rápida e remoção total das tarifas EUA Brasil, já que os EUA enfrentam escassez de gado e alta de preços de carne bovina.
  • Cautelosos: lembram que a competição de países com tarifas menores (Austrália, Nova Zelândia, México e Canadá) pode atrasar a decisão.

Resultado: possível, mas não garantido no curto prazo.

A guerra tarifária acabou?

Ainda não.
Analistas do Morgan Stanley afirmam que o corte de 10% é um gesto político, mas não encerra o tarifaço contra o Brasil.

As conversas devem continuar, especialmente porque:

  • os EUA enfrentam demanda crescente por carne bovina;
  • as eleições municipais americanas mostraram desgaste da medida tarifária entre consumidores;
  • exportadores brasileiros já perderam participação para concorrentes globais.

Ou seja: há esperança, mas não há confirmação.

Quais setores ganham com o fim das tarifas EUA Brasil

1) Frigoríficos e proteína animal (impacto direto)

Se a sobretaxa de 40% cair, as maiores beneficiadas são:

  • JBS (BDR: JBSS32)
  • Marfrig / MBRF3
  • Minerva (BEEF3)

O Itaú BBA aponta que uma remoção total das tarifas destrava demanda reprimida e melhora margens, especialmente para a Minerva, cuja operação na América do Sul e Austrália se beneficia diretamente.

No cenário atual (só caiu a tarifa de 10%):

  • o benefício é marginal;
  • o fluxo para os EUA continua restrito;
  • a reação na bolsa tende a ser limitada.

Para JBS e Marfrig, o impacto é neutro no consolidado, dada a forte diversificação geográfica.

2) Café e outras commodities agrícolas

O corte da tarifa de 10% tende a:

  • reduzir parte do prêmio de preço no mercado americano;
  • melhorar a competitividade do café brasileiro, que sofreu queda de 54% nas exportações em outubro, segundo o Cecafé.

Mas a recuperação plena só acontece se a tarifa de 40% cair; hoje ela mantém o café brasileiro menos competitivo.

Trump também mencionou possíveis reembolsos, mas ainda sem detalhes legais.

3) Frutas, castanhas e alimentos processados

A retirada da tarifa recíproca ajuda:

  • banana
  • manga
  • coco
  • castanha-do-pará
  • castanha de caju
  • pimenta, canela e outros temperos

No entanto, assim como no café, a sobretaxa de 40% continua sendo a trava real da retomada do fluxo comercial.

4) Logística, portos e cadeia exportadora

Se houver avanço nas negociações, empresas ligadas a:

  • transporte refrigerado,
  • armazenagem,
  • terminais portuários,
  • trading e exportação

podem ver aumento de volumes.
Mas isso depende diretamente do fim da tarifa de 40%.

Riscos e pontos de atenção

  • Política e diplomacia: reuniões Brasil–EUA vão ditar o ritmo das negociações.
  • Regulamentação nos EUA: falta clareza sobre reembolsos e prazos.
  • Concorrência global: fornecedores com melhores condições tarifárias seguem na frente.
  • Oferta de gado no Brasil e EUA: margens de frigoríficos seguem sensíveis à escassez de animais.

Um alívio, mas não um fim

A retirada da tarifa de 10% melhora o clima político e alivia pressões, mas não resolve o problema central: a sobretaxa de 40% que mantém o comércio entre Brasil e EUA restrito e limita o entusiasmo do mercado financeiro.

Para o Ibovespa, setores exportadores, especialmente frigoríficos (BEEF3, JBSS32, MBRF3), café, frutas e castanhas, são os que podem explodir em valor caso a tarifa de 40% caia.

Até lá, o mercado deve permanecer reativo a sinais diplomáticos, e a alta nas ações deve ser moderada, acompanhando cada avanço nas negociações.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.