Tag along: como funciona o mecanismo de proteção ao acionista?
O mercado de investimentos em renda variável é arriscado, mas existem mecanismos de proteção que visam mitigar esse aspecto. Um dos principais é o tag along, voltado para quem investe em ações de companhias de capital aberto. Afinal, mais do que escolher entre ações ordinárias e preferenciais, você precisa tomar sua decisão de investimento com […]

O mercado de investimentos em renda variável é arriscado, mas existem mecanismos de proteção que visam mitigar esse aspecto. Um dos principais é o tag along, voltado para quem investe em ações de companhias de capital aberto.
Afinal, mais do que escolher entre ações ordinárias e preferenciais, você precisa tomar sua decisão de investimento com base em diferentes fatores. Nesse cenário, esse mecanismo evita problemas caso haja uma mudança no controle acionário da empresa.
Contudo, existem regras que precisam ser conhecidas para entender o tag along e saber utilizá-lo da forma adequada. Neste post, te daremos detalhes sobre o tema. Saiba mais!
O que é tag along?
O tag along é um mecanismo de proteção dos acionistas minoritários, ativado quando há uma mudança no controle da companhia. Assim, o investidor pode sair de sua posição por meio da venda de suas ações, resguardando o patrimônio formado até então.
Essa medida é necessária, porque a troca de controle acionário pode levar a mudanças radicais. Isso acontece quando um novo investidor assume a posição e não tinha relação direta com a companhia. Assim, é possível que ele altere decisões com as quais os acionistas discordem.
Na prática, essa ferramenta de proteção serve para trazer alguma igualdade entre os acionistas majoritários e os minoritários. Afinal, quando a empresa recebe uma oferta de compra, os primeiros têm a chance de venderem suas ações e receberem o valor equivalente dos ativos emitidos antes.
Com o tag along, os acionistas minoritários têm a mesma oportunidade. No entanto, eles recebem 80%, pelo menos, da quantia oferecida aos majoritários. Esse direito é assegurado pela Lei 6.404/1976, a chamada Lei das Sociedades por Ações.
Ainda tem duas questões a observar. A primeira delas é a garantia do mecanismo somente para as ações ordinárias. Ou seja, a legislação assegura esse benefício para quem tem as ONs, mas muitas empresas também concedem para as preferenciais (PNs).
A segunda é que a proposta de compra deve ocorrer antes da Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA). Basicamente, esse processo é inverso ao da Oferta Pública Inicial (IPO).
Portanto, quando a OPA acontecer, o investidor tem o direito de vender suas ações. Contudo, essa é uma decisão individual e não obrigatória.
Como funciona o tag along?
O tag along funciona a partir de uma Oferta Pública de Aquisição que leva à mudança de controle acionários em empresas de capital aberto. Assim, esse mecanismo protege os acionistas minoritários, que podem vender suas ações se discordarem dessa alteração. Isso resguarda seu capital e ainda garante que os investidores recebam um valor próximo ao oferecido pelos investidores majoritários.
A mudança de controle acionário acontece quando um terceiro compra a maioria das ações emitidas pela companhia. Nesse contexto, a lei exige que esse novo controlador esteja disposto a adquirir as ações ordinárias dos acionistas minoritários.
O valor oferecido depende do preço pago para os sócios majoritários. Assim, ele pode ofertar de 80% a 100% da quantia. No entanto, para as ações preferenciais, isso acontece apenas se houver a extensão do direito.
Para entender melhor, veja o seguinte exemplo. Considere a compra de algumas ações por R$ 15, mas a companhia troca de controle acionário alguns meses depois. Digamos que o novo controlador pague R$ 30 por ativo.
Portanto, R$ 30 por ação é o valor pago para os acionistas majoritários. Se o tag along dessa empresa for de 80%, a quantia oferecida aos minoritários é R$ 24. Porém, esse é o mínimo a ser oferecido pelo novo controlador.
Por sua vez, para quem tem ações preferenciais, esse mecanismo não é obrigatório. Ele pode ser oferecido, mas geralmente é pago um valor ainda inferior ao ofertado aos sócios ordinários.
Assim, é válido considerar os tipos de ações antes de tomar sua decisão de investimento. Especialmente, porque esse mecanismo de proteção aumenta o nível de governança corporativa das companhias de capital aberto.
Essa é mais uma das práticas que assegura a excelência da gestão empresarial. Assim, há uma transparência maior com os investidores.
Além disso, existem níveis de governança da B3 que determinam como será feito o tag along. Então, vale a pena conhecer essas classificações para entender como funcionará para o ativo específico que o investidor cogita adquirir.
Níveis de governança da B3
- Bovespa Mais: 100% para ações ordinárias.
- Bovespa Mais Nível 2: 100% para ações ordinárias e preferenciais.
- Novo Mercado: 100% para ações ordinárias.
- Nível 2: 100% para ações ordinárias e preferenciais.
- Nível 1: 80% para ações ordinárias.
- Básico: 80% para ações ordinárias.
Você também pode verificar essas informações no estatuto da empresa, no site da B3 (bolsa de valores brasileira) e em sites de investimentos.
Qual a importância do tag along?
A grande importância do tag along é proporcionar a proteção os investidores minoritários de mudanças no controle acionário da companhia. Dessa forma, o capital permanece sob defesa, o que traz mais segurança aos investidores. Há ainda o aumento do nível de governança corporativa, ou seja, os benefícios são válidos para todos os lados.
Assim, os acionistas minoritários têm o mesmo direito dos majoritários e conseguem evitar perdas ao exercer seu direito de escolha. Isso é relevante, porque é normal que o mercado reaja de alguma maneira quando uma aquisição ocorre. Dessa forma, você consegue proteger o patrimônio, recebendo um valor justo.
Nesse momento, você pode se perguntar: por que é interessante ter um mecanismo de proteção aos pequenos investidores? Por serem a maioria na bolsa de valores, eles geram mais capital. Com isso, o valor formado ao reunir todos eles, as empresas conseguem aportes fundamentais para fazer investimentos, expandir, contratar pessoas, entre outras alternativas.
Qual a diferença entre free float e tag along?
Free float e tag along são conceitos completamente distintos que talvez sejam confundidos algumas vezes por se tratarem de estrangeirismos. O primeiro consiste em uma métrica que diz respeito à porcentagem das ações de uma empresa que estão disponíveis, em livre circulação. Por sua vez, o segundo é um mecanismo de proteção para os investidores garantirem seu capital em caso de troca de controle acionário da corporação.
De forma aprofundada, o free float representa as ações de uma companhia passíveis de negociação na bolsa. Afinal, nem todos os papéis emitidos podem ser comprados e vendidos nesse mercado. Alguns deles pertencem aos administradores e controladores, são de classe especial ou da modalidade “em tesouraria”.
Na prática, esse é um indicador que afeta diretamente as decisões de investidores, uma vez que diz respeito sobre a liquidez e o valor de mercado da instituição analisada.
Esses conceitos se misturam quando a ideia é verificar qual é a abertura de uma empresa específica listada na bolsa. No caso, se o free float for baixo, indica que há poucos ativos disponíveis e que o poder é mais concentrado nas mãos dos controladores, o que implica que a governança corporativa é menor.
Quais ações têm tag along?
As ações que têm tag along são as ordinárias (ON). Isso é o que determina a Lei das Sociedades por Ações. Os outros tipos de ativos não oferecem esse direito, em princípio. Porém, é comum que as empresas o garantam mesmo sem obrigatoriedade. No total, são mais de 250 papéis que contam com esse benefício.
Exemplos de ações com tag along
- PETR4: Petrobrás.
- BBDC4: Bradesco.
- LREN3: Renner.
- VALE3: Vale.
- ALPA4: Alpargatas;
- RENT3: Localiza.
- CYRE3: Cyrela.
Quais empresas oferecem tag along?
Todas as empresas têm ações ordinárias listadas na bolsa de valores oferecem tag along. O que varia é o percentual oferecido. Para aquelas que integram os níveis de governança superiores — como Bovespa Mais, Novo Mercado e Nível 2 — o pagamento é de 100%. Para o restante, o mínimo é de 80%
Como saber se a ação tem tag along?
Para saber se a ação tem tag along, existem 3 possibilidades: verificar o ITAG da B3, consultar sites de investimentos e analisar o estatuto da empresa, disponível no site de Relacionamento com Investidores (RI). Nessas opções, você pode ver o segmento de listagem da companhia e o percentual oferecido nesse mecanismo de proteção.
De toda forma, vale a pena ressaltar que todas as ações ordinárias oferecem esse benefício. Em relação às preferenciais, é preciso fazer a consulta, já que nem todas contam com esse mecanismo de proteção.
O que é tag along mínimo e tag along estendido?
O tag along o mínimo é o percentual mais baixo oferecido por uma empresa na ativação do mecanismo de proteção. Nesse caso, é de 80% do preço pago por cada ativo dos acionistas majoritários, sendo que empresas acima da classificação Nível 2 de governança na B3 precisam oferecer 100%. Por sua vez, o estendido aparece quando há ampliação desse direito para as ações preferenciais.
De toda forma, entender esse fenômeno é importante na hora de tomar a sua decisão de investimento. Ainda que esse não seja o fator principal, vale a pena contar com tal mecanismo, se houver alguma mudança de controle acionário.
Por sua vez, se o seu foco é o investimento em prazos menores, esse direito tende a fazer pouca diferença na análise, já que o objetivo é comprar e vender os ativos em curto ou curtíssimo prazo.
Independentemente desses aspectos, contar com uma assessoria de investimentos como a InvestSmart tende a ser fundamental na obtenção de bons resultados no mercado financeiro. Com esse apoio, você terá todo o auxílio necessário para avaliar a relevância do tag along dentro da sua estratégia de aplicação.
Com o auxílio de profissionais qualificados, você conseguirá entender de forma mais simplificada quais são as melhores alternativas para a composição da sua carteira de investimentos.
Então, que tal contar com uma verdadeira assessoria de investimentos personalizada? Conheça a InvestSmart e entenda por que vale a pena ter esse suporte.
Resumindo
O que é o direito de tag along?
O direito de tag along consiste na garantia de que, em caso de mudança do controle acionário de uma empresa, os acionistas minoritários recebam uma oferta de no mínimo 80% do valor pago pelos ativos dos investidores majoritários para aquisição dos títulos que detêm. Trata-se de um mecanismo de proteção a essas pessoas, uma vez que a alteração no controle de uma companhia pode mudar drasticamente a sua perspectiva de mercado.
Quais ações têm tag along?
As ações que têm tag along são as ordinárias (ONs). Isso é o que garante a Lei das Sociedades por Ações. As ações preferenciais (PNs) não têm esse direito. Ainda assim, é possível que o mecanismo de proteção seja estendido às PNs, dependendo da empresa. Por isso, vale a pena conferir o ITAG, que traz os ativos que oferecem esse benefício.
Como saber se uma empresa tem tag along?
Para saber se uma empresa tem tag along, você pode consultar o ITAG no site da B3, as plataformas de investimentos especializados ou os estatutos das empresas, que costumam estar disponíveis nos endereços eletrônicos de Relacionamento com Investidores (RI). Assim, você saberá qual é o segmento de listagem e ver o percentual oferecido no caso de ativar o mecanismo de proteção.