A cinebiografia “O Aprendiz” chegou aos cinemas brasileiros em 17 de outubro de 2024, após sua pré-estreia nos Estados Unidos em 11 de outubro, trazendo uma nova perspectiva sobre os primeiros anos da carreira empresarial de Donald Trump.

Dirigido por Ali Abbasi, conhecido por “Holy Spider”, o filme conta com Sebastian Stan no papel de Trump e Jeremy Strong interpretando Roy Cohn, um dos mentores de Trump. A produção enfrentou uma série de desafios e controvérsias antes de sua estreia, incluindo resistência na distribuição e ameaças de processos.

O Melhor Investimento explora os principais aspectos do filme, suas críticas e a resposta do próprio Trump. Confira!

O Aprendiz: de reality show à estreia no cinema

Antes de ser um filme, “O Aprendiz” foi um reality show de grande sucesso, apresentado por Donald Trump entre 2004 e 2015. A produção televisiva colocou Trump em destaque como um empresário de sucesso, conhecido por sua frase icônica “You’re fired” (“Você está demitido”). O reality foi fundamental para construir a imagem pública de Trump como um negociador implacável, um líder que sabia como fazer negócios prosperarem.

O filme, no entanto, vai além dessa imagem midiática e explora os bastidores da trajetória de Trump antes da fama televisiva. Desde seu envolvimento com projetos imobiliários de grande porte até suas interações com figuras poderosas de Nova York, “O Aprendiz” oferece um olhar mais cru sobre os altos e baixos da vida de Trump.

A transição do reality para o filme marca um movimento ousado de revisitar uma figura polarizadora e suas influências, tanto no mundo dos negócios quanto na política americana.

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Sebastian Stan e o berço de ouro

Sebastian Stan, conhecido por seu papel como o Soldado Invernal no Universo Marvel, encarna Donald Trump em seus primeiros anos de ascensão no mundo dos negócios.

A escolha de Stan para o papel foi recebida com curiosidade, considerando o perfil do ator e o desafio de capturar as complexidades do ex-presidente americano. No filme, o personagem de Trump é apresentado como um herdeiro ambicioso que, desde cedo, buscava expandir o império imobiliário de sua família.

O retrato de Trump como alguém nascido em berço de ouro é um dos elementos que o filme aborda de maneira detalhada. Sebastian Stan consegue transmitir o carisma, a ambição e a atitude muitas vezes provocadora que marcaram os primeiros anos de Trump nos negócios.

Além disso, o ator mostra um lado mais vulnerável do empresário, explorando suas inseguranças e a dependência de conselhos e mentores influentes, como Roy Cohn.

Quem foi Roy Cohn (Jeremy Strong)?

Jeremy Strong e Roy Cohn, do filme "O Aprendiz", que narra a história de Donald Trump.

Roy Cohn, interpretado por Jeremy Strong, é uma figura central na narrativa de “O Aprendiz”. Advogado influente e polêmico, Cohn foi uma peça-chave na trajetória de Trump durante a década de 1980.

Cohn tinha um estilo agressivo e uma visão pragmática dos negócios e da política, algo que acabou moldando a maneira de Trump lidar com o mundo corporativo e a mídia. Jeremy Strong, vencedor do Emmy por sua atuação em “Succession”, entrega uma performance intensa, trazendo à tona a personalidade manipuladora e calculista de Cohn.

O relacionamento entre Trump e Cohn é retratado como uma mistura de mentor e protegido, onde Trump aprende as artimanhas do poder e da influência. No entanto, essa proximidade é apresentada de forma ambígua, sugerindo que, embora Trump admirasse Cohn, ele também se ressentia de sua dependência das táticas e conselhos do advogado. A atuação de Strong, junto com a direção de Abbasi, busca capturar essa dinâmica complexa que marcou a carreira inicial de Trump.

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A produção e os bastidores conturbados

A produção de “O Aprendiz” enfrentou diversos obstáculos antes de sua estreia. Desde a escolha do elenco até questões legais envolvendo a imagem de Trump e direitos de uso do nome “The Apprentice”, o filme passou por momentos de incerteza.

Alguns estúdios hesitaram em distribuir a produção, temendo represálias jurídicas e políticas por parte de Donald Trump e seus apoiadores. No entanto, a insistência de Ali Abbasi e a dedicação do elenco garantiram que o projeto seguisse em frente, resultando em uma obra que gerou tanto interesse quanto polêmica.

Principais críticas de ‘O Aprendiz’ versão 2024

“O Aprendiz” estreou em Cannes em maio e foi aplaudido de pé por oito minutos, um indicativo de seu impacto inicial na crítica especializada. No entanto, a recepção do público nos Estados Unidos e a reação de Trump trouxeram à tona discussões controversas. As críticas ao filme são diversas, destacando tanto suas qualidades cinematográficas quanto suas escolhas narrativas.

Algumas das principais críticas elogiam a direção de Ali Abbasi por abordar temas difíceis de forma direta, sem se esquivar dos momentos mais delicados da vida de Trump, incluindo sua relação com Roy Cohn e os desafios em sua carreira imobiliária. A atuação de Sebastian Stan e Jeremy Strong foi amplamente destacada, sendo apontada como um dos pontos altos da produção.

Por outro lado, o filme também foi alvo de críticas por sua abordagem de certos eventos polêmicos, como a representação de uma suposta lipoaspiração de Trump e o tratamento dado às alegações envolvendo sua ex-esposa, Ivana Trump. Muitos críticos apontaram que essas cenas poderiam ser vistas como tentativas de sensacionalismo, tirando o foco dos aspectos mais profundos da história.

Opinião de Donald Trump sobre o filme

Desde a sua estreia, Donald Trump não poupou críticas ao filme. Em uma publicação na Truth Social, o ex-presidente classificou “O Aprendiz” como “uma produção falsa e sem classe escrita sobre mim”. Ele também questionou se os produtores tinham o direito de usar o nome “The Apprentice”, sugerindo que a escolha do título foi uma tentativa de capitalizar em cima de seu antigo reality show.

Trump acusou os cineastas de lançarem o filme estrategicamente semanas antes da eleição, afirmando que a obra tinha o intuito de prejudicar sua campanha. Ele foi enfático ao dizer que “esse lixo é pura ficção, sensacionalizando mentiras que há muito foram desmentidas”.

“Um filme FALSO e SEM CLASSE escrito sobre mim, chamado ‘O Aprendiz’ (eles têm o direito de usar esse nome sem aprovação?), espero que ‘fracasse’. É um trabalho barato, difamatório e politicamente nojento, lançado bem antes da eleição presidencial de 2024, para tentar prejudicar o Maior Movimento Político da História do nosso País, ‘FAÇA A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!’.”

Além disso, Trump defendeu sua falecida ex-esposa, Ivana Trump, elogiando-a como uma “pessoa gentil e maravilhosa” e se posicionando contra a forma como o relacionamento entre os dois foi retratado no filme.

“Minha ex-esposa, Ivana, era uma pessoa gentil e maravilhosa, e tive um ótimo relacionamento com ela até o dia em que ela morreu. O autor dessa pilha de lixo, Gabe Sherman, um desgraçado sem caráter e sem talento, que há muito foi amplamente desacreditado, sabia disso, mas escolheu ignorar. É tão triste que ESCUMALHA HUMANA, como as pessoas envolvidas nesse empreendimento que espero que seja malsucedido, sejam autorizadas a dizer e fazer o que quiserem para prejudicar um Movimento Político que é muito maior do que qualquer um de nós.”

A resposta de Trump gerou ainda mais repercussão na mídia e nas redes sociais, com o diretor Ali Abbasi respondendo diretamente ao ex-presidente e se oferecendo para uma conversa aberta sobre o filme. Essa interação entre o cineasta e Trump adicionou um novo capítulo à polêmica em torno de “O Aprendiz”.

Resposta de Ali Abbasi e reação da produção

As críticas de Trump geraram uma rápida resposta por parte do diretor Ali Abbasi. Em uma entrevista para a revista Variety, Abbasi afirmou que o filme não se trata de um ataque pessoal, mas de uma análise artística sobre uma figura influente e controversa na história americana.

Ele também se ofereceu para uma conversa pública com Trump, dizendo estar disposto a discutir as escolhas criativas do filme e a forma como as cenas foram interpretadas. A equipe de produção, por sua vez, reforçou que a obra foi amplamente pesquisada e que seu objetivo era contar a história de forma autêntica, reconhecendo a complexidade de Trump como personagem histórico.

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Repercussão nas redes sociais e no cenário político

Além da reação de Trump, a estreia de “O Aprendiz” gerou um grande debate nas redes sociais, especialmente no Twitter (ou X, como é conhecido agora). O filme se tornou um tema amplamente discutido entre críticos de cinema, apoiadores e detratores de Trump, que usaram as plataformas para expressar suas opiniões sobre a abordagem do filme.

Enquanto alguns elogiaram a coragem do diretor em retratar temas sensíveis, outros acusaram a produção de ser tendenciosa e buscar influenciar a percepção pública em um ano eleitoral nos Estados Unidos. O impacto de “O Aprendiz” foi sentido também na mídia tradicional, com diversos analistas políticos comentando sobre o efeito que o filme poderia ter na campanha de Trump.

Impacto nas pesquisas eleitorais e campanha de Trump

As declarações de Trump sobre o filme também tiveram repercussão nas pesquisas de intenção de voto. Analistas políticos apontaram que a polêmica pode ter influenciado a percepção dos eleitores, especialmente aqueles que já tinham uma visão crítica de Trump.

A campanha do ex-presidente buscou usar a controversia a seu favor, mobilizando sua base de apoio e reforçando a narrativa de que ele é alvo de uma perseguição por parte da mídia e da indústria do entretenimento. Os eventos gerados pela estreia de “O Aprendiz” revelam como a intersecção entre cultura e política continua a moldar o discurso público, especialmente em anos eleitorais.

Conclusão

“O Aprendiz” é mais do que uma cinebiografia; é um fenômeno cultural que reflete as complexidades da figura de Donald Trump, tanto no mundo dos negócios quanto na política. Através de performances poderosas e uma narrativa provocativa, o filme busca explorar as nuances de um personagem que continua a polarizar a opinião pública.

Com sua estreia marcada por polêmicas e reações fervorosas, “O Aprendiz” certamente se tornará uma referência para entender os desafios e as oportunidades que cercam a vida de um dos empresários mais controversos da história americana. As discussões em torno da obra estão longe de acabar, e a resposta de Trump e de seu círculo pode moldar a narrativa em torno do filme por um bom tempo.

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Carolina Gandra

Jornalista e redatora do portal Melhor Investimento.