Nos últimos meses, um nome vem chamando a atenção de investidores e analistas de tecnologia: Oracle Corporation. Pouco conhecida do público geral, mas extremamente relevante no mundo corporativo, a empresa vem trilhando uma trajetória impressionante, marcada por inovações, aquisições estratégicas e, mais recentemente, pela forte valorização de suas ações.

Com sede nos Estados Unidos, a Oracle está cada vez mais próxima de alcançar um marco histórico: integrar o seleto “Clube do Trilhão de Dólares”, grupo de companhias avaliadas em mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado.

Mas afinal, o que é a Oracle, qual é a sua história e por que ela se tornou tão relevante no mercado financeiro? É isso que você vai descobrir neste conteúdo do Melhor Investimento.

O que é a Oracle?

A Oracle é uma multinacional norte-americana de tecnologia fundada em 1977 por Larry Ellison, Bob Miner e Ed Oates, inicialmente sob o nome Relational Software Inc..

A empresa nasceu com a missão de desenvolver sistemas de bancos de dados relacionais, em uma época em que esse tipo de tecnologia ainda engatinhava.

Em 1982, a companhia mudou o nome oficialmente para Oracle Corporation, em referência ao seu principal produto de software de banco de dados.

Hoje, a Oracle é referência global em gestão de bancos de dados, soluções em nuvem e softwares corporativos, atendendo desde grandes empresas até governos, incluindo o próprio governo dos Estados Unidos.

Crescimento e liderança no mercado de bancos de dados

O crescimento da Oracle se deu de forma rápida e estratégica, transformando a empresa em líder mundial no setor de bancos de dados.

Desde os primeiros anos, a companhia conseguiu se diferenciar ao oferecer uma solução capaz de atender à necessidade crescente das empresas de organizar informações de forma eficiente, segura e escalável.

Esse pioneirismo abriu caminho para que a Oracle se tornasse sinônimo de banco de dados corporativo em todo o mundo.

Expansão nos anos 80 e 90

Nos anos 80, a Oracle já havia se consolidado como a maior empresa de banco de dados do mundo, alcançando presença em dezenas de países.

Seu software era considerado essencial para companhias que precisavam organizar, processar e proteger grandes volumes de informações, algo que se tornava cada vez mais essencial à medida que os computadores passavam a fazer parte do dia a dia dos negócios.

A Oracle Database ganhou força por ser um sistema relacional mais estável e seguro do que os concorrentes da época.

Enquanto muitas empresas de tecnologia desapareciam, a Oracle investia fortemente em pesquisa e desenvolvimento, lançando novas versões que ampliavam a performance e ofereciam recursos inovadores, como maior capacidade de armazenamento, replicação de dados e alta disponibilidade.

Já na década de 90, a empresa passou por um movimento de diversificação. Além dos bancos de dados, começou a oferecer soluções integradas de software corporativo, expandindo para áreas como:

  • Sistemas de gestão empresarial (ERP), ajudando organizações a controlar suas operações de ponta a ponta.
  • Ferramentas de business intelligence, permitindo análise de dados para decisões estratégicas.
  • Soluções para internet, que cresceram em importância com a popularização da web.

Esse período foi importante para transformar a Oracle de uma fornecedora de banco de dados em um ecossistema de software corporativo.

IPO e trajetória em Wall Street

O IPO da Oracle ocorreu em 1986, quando a empresa abriu capital na Nasdaq, levantando aproximadamente US$ 31,5 milhões na época.

O movimento foi um marco, pois posicionou a companhia como uma das principais representantes da nova onda de empresas de tecnologia que despontavam no Vale do Silício.

Desde então, sua trajetória em Wall Street foi marcada por volatilidade típica do setor, mas sempre acompanhada de um crescimento sólido no longo prazo. Houve momentos de forte expansão, como no auge da bolha da internet, e fases de maior cautela, principalmente após crises financeiras globais.

Ainda assim, a Oracle manteve sua capacidade de adaptação, fortalecendo a confiança de investidores.

Hoje, suas ações são negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) sob o ticker ORCL e também no Brasil por meio dos BDRs (BVMF: ORCL34).

Esse acesso facilita a entrada de investidores brasileiros que desejam participar da trajetória de uma das gigantes da tecnologia mundial.

O crescimento constante em valor de mercado e a capacidade de reinventar seu modelo de negócios mostram que a Oracle soube transformar sua liderança em bancos de dados em uma vantagem competitiva de longo prazo.

As principais aquisições da Oracle ao longo da história

Uma das estratégias mais marcantes da Oracle sempre foi o crescimento por meio de aquisições agressivas.

Desde os anos 2000, a empresa adotou uma política clara de expandir seu portfólio de soluções e eliminar concorrentes diretos, consolidando-se como uma das gigantes de tecnologia mais completas do mundo.

Ao longo de décadas, foram dezenas de aquisições, mas algumas se destacam pelo impacto direto no posicionamento estratégico da companhia:

  • PeopleSoft (2005) – por US$ 10,3 bilhões, a Oracle entrou de vez no mercado de softwares de gestão empresarial (ERP). A compra foi cercada de polêmicas, incluindo uma batalha judicial, mas no fim garantiu à Oracle milhares de clientes corporativos.
  • Siebel Systems (2006) – com a compra de US$ 5,8 bilhões, a Oracle consolidou sua presença no mercado de CRM (Customer Relationship Management), competindo de frente com a Salesforce, que já começava a despontar como referência no setor.
  • Hyperion Solutions (2007) – adquirida por US$ 3,3 bilhões, a empresa especializada em Business Intelligence (BI) e gestão de performance corporativa fortaleceu a posição da Oracle no segmento de análise de dados.
  • BEA Systems (2008) – a aquisição de US$ 8,5 bilhões adicionou soluções de middleware, fundamentais para integrar sistemas diferentes em grandes corporações, algo essencial na era da transformação digital.
  • Sun Microsystems (2010) – por US$ 7,4 bilhões, foi uma das aquisições mais estratégicas. Com ela, a Oracle passou a controlar ativos valiosíssimos, como o MySQL (um dos bancos de dados mais populares do mundo), o Java (linguagem de programação utilizada em bilhões de dispositivos) e tecnologias de hardware que expandiram a atuação da empresa.
  • NetSuite (2016) – por US$ 9,3 bilhões, a Oracle reforçou sua posição no mercado de ERP em nuvem, atendendo especialmente pequenas e médias empresas. Curiosamente, Larry Ellison já havia investido na NetSuite antes de a Oracle comprá-la, o que reforçou ainda mais a integração.
  • Cerner (2022) – em um dos maiores negócios de sua história, a Oracle desembolsou US$ 28 bilhões para adquirir a empresa de tecnologia em saúde. O objetivo foi claro: expandir sua atuação em saúde digital, um setor em crescimento exponencial e altamente dependente de dados.

Essas movimentações foram marcantes para posicionar a Oracle não apenas como uma líder em bancos de dados, mas como uma plataforma completa de soluções corporativas, com presença em setores como finanças, saúde, manufatura, telecomunicações e educação.

O estilo de aquisições da Oracle também mostra uma estratégia característica de Larry Ellison: em vez de apenas competir com rivais, muitas vezes a empresa optou por comprá-los e integrá-los ao seu ecossistema. Isso garantiu escala, inovação acelerada e acesso imediato a novos mercados.

Hoje, parte significativa da receita da Oracle vem justamente das empresas adquiridas, mostrando como a estratégia de fusões e aquisições foi determinante para a consolidação de seu poder no mercado global.

Ações da Oracle

As ações da Oracle têm apresentado forte valorização em 2025. O ticker ORCL34, negociado na B3, permite que investidores brasileiros tenham acesso à companhia por meio dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts).

Recentemente, os papéis dispararam após o anúncio de contratos bilionários com empresas ligadas à inteligência artificial, como a OpenAI, em um acordo histórico de US$ 300 bilhões em serviços de processamento de dados.

Essa valorização elevou o valor de mercado da Oracle para mais de US$ 930 bilhões, aproximando a companhia do clube do trilhão.

Modelo de negócio atual e principais áreas de atuação

O modelo de negócios da Oracle é diversificado, mas pode ser resumido em duas grandes áreas de atuação:

Banco de dados corporativos

A Oracle continua sendo referência em bancos de dados relacionais, oferecendo soluções robustas e seguras para empresas, governos e instituições. Seu software é considerado padrão global e segue sendo um dos mais utilizados do mundo.

Oracle Cloud

Nos últimos anos, a empresa intensificou sua aposta na Oracle Cloud Infrastructure (OCI), sua plataforma de computação em nuvem. Essa divisão vem crescendo de forma acelerada, principalmente devido à demanda por processamento de dados para inteligência artificial.

A Oracle Cloud é hoje uma das principais concorrentes da AWS (Amazon Web Services), Microsoft Azure e Google Cloud.

A relação da Oracle com a saúde e inteligência artificial

Nos últimos anos, a Oracle tem mostrado que não é apenas uma gigante de bancos de dados e softwares corporativos, mas também uma empresa em transformação para atender às demandas mais urgentes do século XXI: saúde digital e inteligência artificial (IA).

Aposta na saúde digital

A aquisição da Cerner Corporation em 2022, por US$ 28 bilhões, foi um marco nesse movimento. A Cerner era uma das maiores fornecedoras de sistemas de prontuários eletrônicos e softwares de gestão hospitalar dos Estados Unidos.

Ao integrá-la ao seu portfólio, a Oracle passou a ter acesso direto a bilhões de registros de pacientes, tornando-se uma das companhias mais relevantes no campo de gestão de dados clínicos.

Essa operação abriu espaço para que a Oracle:

  • Oferecesse soluções em nuvem para hospitais e clínicas, facilitando a gestão de pacientes, exames e diagnósticos.
  • Acelerasse o uso de big data em saúde, permitindo prever riscos e melhorar tratamentos.
  • Participasse de contratos com governos e grandes redes hospitalares, reforçando sua presença em um setor que movimenta trilhões de dólares globalmente.

Larry Ellison chegou a destacar que a Oracle pretende criar um sistema nacional de saúde digital nos EUA, integrando informações médicas em uma plataforma única baseada em nuvem.

Essa visão pode revolucionar a forma como dados de pacientes são armazenados, compartilhados e utilizados em pesquisas.

Inteligência Artificial como motor de crescimento

Paralelamente, a Oracle se posicionou como uma das principais fornecedoras de infraestrutura para projetos de inteligência artificial.

Sua plataforma Oracle Cloud Infrastructure (OCI) vem sendo contratada por gigantes da tecnologia, incluindo a OpenAI, que firmou um acordo de US$ 300 bilhões para serviços de processamento de dados, e pela xAI, empresa de Elon Musk.

O grande diferencial da Oracle nesse campo é sua capacidade de oferecer alta performance em processamento massivo de dados com menor custo energético.

A infraestrutura da Oracle foi projetada para suportar modelos de linguagem generativa e aplicações complexas de aprendizado de máquina, o que a torna altamente competitiva frente a AWS, Microsoft Azure e Google Cloud.

Convergência entre saúde e IA

A interseção entre saúde e inteligência artificial é outro ponto-chave. A Oracle está aplicando IA em soluções que auxiliam médicos e pesquisadores a identificar padrões em exames clínicos, prever doenças, personalizar tratamentos e até reduzir erros hospitalares.

Com a Cerner, por exemplo, a empresa já trabalha em sistemas que podem analisar milhões de prontuários médicos em segundos, ajudando a identificar riscos de infarto, câncer ou outras doenças de forma preditiva. Isso coloca a Oracle na vanguarda da chamada medicina de precisão.

Impacto estratégico

Esse posicionamento estratégico tornou a Oracle não apenas uma fornecedora de tecnologia, mas um player indispensável na corrida pela inteligência artificial e digitalização da saúde.

Para investidores, isso significa que a Oracle está inserida em dois dos setores mais promissores da atualidade: nuvem/IA e saúde digital. Essa combinação pode garantir crescimento robusto no longo prazo, reforçando o papel da empresa como candidata natural ao Clube do Trilhão de Dólares.

Resultados financeiros e valor de mercado da Oracle

Em 2025, a Oracle apresentou resultados recordes, com receitas impulsionadas principalmente por sua divisão de nuvem. Os contratos multibilionários firmados com empresas de IA e big techs alavancaram seu crescimento e valor de mercado.

Atualmente, a companhia é avaliada em aproximadamente US$ 933 bilhões, segundo a Reuters, e segue em ritmo acelerado rumo ao trilhão de dólares.

Concorrência com Microsoft, Google e Amazon

No mercado de nuvem, a Oracle disputa espaço com três gigantes: Microsoft, Google e Amazon.

Apesar de chegar depois no setor, a Oracle conseguiu se diferenciar oferecendo soluções mais personalizadas e infraestrutura de alto desempenho, especialmente para cargas de trabalho relacionadas à inteligência artificial.

A Oracle está em tratativas com a Meta para fechar um contrato de computação em nuvem avaliado em aproximadamente US$ 20 bilhões.

O acordo, que deve se estender por vários anos, prevê que a Oracle forneça capacidade de processamento para treinar e rodar modelos de inteligência artificial da dona do Facebook e Instagram.

Pessoas próximas às negociações afirmam que o valor do compromisso ainda pode crescer e que alguns detalhes permanecem em aberto antes da assinatura definitiva.

Esse possível acerto reforça a estratégia da Oracle de se consolidar como um dos principais players em infraestrutura de IA, ampliando a disputa com gigantes como Amazon, Microsoft e Google.

Clube do Trilhão de Dólares

O chamado Clube do Trilhão de Dólares é formado por empresas que alcançaram a impressionante marca de mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado, um patamar que simboliza não apenas sucesso financeiro, mas também relevância global e impacto direto na economia digital.

Entre os nomes já consolidados nesse grupo estão Apple, Microsoft, Nvidia, Amazon e Alphabet (Google), companhias que moldam tendências tecnológicas e lideram setores estratégicos, como dispositivos móveis, computação em nuvem, inteligência artificial e semicondutores.

A Oracle está cada vez mais próxima de ingressar nesse círculo restrito. O crescimento acelerado da empresa é impulsionado principalmente pela demanda crescente por serviços de nuvem, em especial o Oracle Cloud Infrastructure (OCI), que vem conquistando espaço frente a concorrentes como AWS, Microsoft Azure e Google Cloud.

Além disso, o posicionamento estratégico no campo da inteligência artificial, com parcerias com gigantes como OpenAI e xAI, fortalece sua imagem como peça-chave em um dos mercados mais promissores da atualidade.

Outro fator que aproxima a Oracle do trilhão é a sua capacidade de adaptação ao longo do tempo. De pioneira nos bancos de dados a protagonista em soluções de nuvem e IA, a companhia mostra resiliência e visão de longo prazo.

Investidores enxergam esse movimento como sinal de que a Oracle pode, em breve, romper a barreira do trilhão e consolidar-se entre as maiores e mais valiosas empresas do mundo.

Quanto é 1 trilhão de dólares em reais?

Muitos investidores brasileiros se perguntam: quanto é 1 trilhão de dólares em reais?

Com a cotação atual do dólar próxima de R$ 5,40, o valor equivale a cerca de R$ 5,4 trilhões. Para ter uma ideia, isso é mais do que o PIB de países como Brasil e Itália em alguns anos.

Perspectivas e riscos para investidores da Oracle

Apesar do cenário positivo, investir na Oracle também envolve riscos. Entre os pontos a considerar:

  • Concorrência acirrada: a empresa disputa espaço com gigantes já consolidados no setor de nuvem.
  • Dependência da demanda por IA: grande parte da recente valorização está ligada ao boom da inteligência artificial. Caso esse mercado desacelere, pode impactar a performance da empresa.
  • Cenário macroeconômico: oscilações do dólar, inflação e juros podem influenciar o valor das ações.

Ainda assim, as perspectivas seguem bastante otimistas, especialmente para o médio e longo prazo.

Vale a pena investir na Oracle [ORCL34]?

Para o investidor brasileiro, comprar ORCL34 (BVMF ORCL34) pode ser uma forma interessante de diversificação internacional, com exposição a uma das empresas mais promissoras no setor de tecnologia.

O desempenho recente mostra que a Oracle está em ascensão, com potencial de entrar no Clube do Trilhão de Dólares e continuar expandindo sua presença global.

Se você acredita no crescimento da nuvem e da inteligência artificial, a Oracle pode ser um ativo estratégico para sua carteira.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.