Novo Imposto de Renda começa a valer em 2026 e muda descontos no salário e tributação de dividendos
O novo Imposto de Renda passa a valer em 1º de janeiro de 2026 e traz mudanças relevantes na tributação dos salários e dos dividendos.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O novo Imposto de Renda entra em vigor em 1º de janeiro de 2026, trazendo mudanças relevantes na forma como salários e dividendos serão tributados no Brasil. A reforma, sancionada em novembro de 2025, amplia a faixa de isenção mensal, cria um mecanismo de desconto gradual para rendas intermediárias e institui novas regras para contribuintes de alta renda. As alterações passam a impactar diretamente os rendimentos recebidos a partir de 2026 e serão sentidas na Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física de 2027.
A proposta do governo é reduzir a carga tributária sobre trabalhadores de baixa e média renda, ao mesmo tempo em que compensa a perda de arrecadação com a criação de um imposto mínimo e a tributação de dividendos elevados. Segundo a Receita Federal, milhões de contribuintes deixarão de pagar imposto ou terão redução significativa no valor descontado mensalmente.
Novo Imposto de Renda amplia isenção para salários mais baixos
A principal mudança do novo Imposto de Renda é a ampliação da faixa de isenção. A partir de 2026, contribuintes com renda tributável mensal de até R$ 5.000 ficarão totalmente isentos do imposto. Atualmente, a isenção vale apenas para quem recebe até dois salários mínimos, o equivalente a R$ 3.076.
De acordo com estimativas oficiais, cerca de 16 milhões de brasileiros serão beneficiados pela nova regra. A medida busca recompor o poder de compra dos trabalhadores e corrigir distorções provocadas pela defasagem da tabela do Imposto de Renda ao longo dos últimos anos.
Desconto gradual evita salto no imposto entre R$ 5 mil e R$ 7.350
Além da isenção total, o novo Imposto de Renda criou uma faixa de isenção parcial para rendimentos mensais entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350. Nessa faixa, o contribuinte terá um desconto progressivo no imposto devido, que diminui conforme a renda aumenta.
O cálculo do benefício não ocorre por meio de um valor fixo, mas pela aplicação de um redutor sobre os rendimentos tributáveis. Quanto mais próximo o salário estiver de R$ 5 mil, maior será o desconto. À medida que a renda se aproxima de R$ 7.350, o benefício é reduzido até ser completamente eliminado.
O objetivo da regra é evitar os chamados degraus tributários, situação em que um pequeno aumento salarial resulta em um crescimento desproporcional do imposto pago, reduzindo o ganho real do trabalhador.
Acima de R$ 7.350, tabela progressiva segue sem benefício adicional
Para quem recebe mais de R$ 7.350 por mês, não haverá qualquer redução adicional. Nesses casos, o imposto será calculado exclusivamente com base na tabela progressiva tradicional, cujas alíquotas permanecem entre 7,5% e 27,5%.
Isso significa que o novo Imposto de Renda não altera as faixas superiores da tabela, mas atua apenas na base e no meio da pirâmide de rendimentos, onde está concentrada a maior parte dos trabalhadores formais do país.
Simulações mostram economia relevante para a classe média
Simulações divulgadas pelo Ministério da Fazenda indicam que o impacto da reforma será mais expressivo para quem recebe entre R$ 5.000 e R$ 6.500 mensais. Um trabalhador com salário de R$ 5.500, por exemplo, poderá ter uma redução de cerca de 75% no imposto mensal.
Já quem ganha R$ 6.500 pode economizar aproximadamente R$ 1.470 por ano, enquanto rendas próximas de R$ 7.000 terão uma economia mais modesta, estimada em torno de R$ 600 anuais. O valor final, no entanto, depende das deduções legais, como contribuição ao INSS, dependentes e previdência privada.
Benefício depende da renda total declarada
Apesar do desconto mensal, o cálculo definitivo do novo Imposto de Renda será feito na Declaração de Ajuste Anual. Isso significa que outras fontes de renda, como bônus, comissões e pagamentos eventuais, podem alterar o imposto final devido.
Além disso, cada contribuinte terá um resultado diferente conforme o volume de deduções permitidas em lei. Por isso, especialistas recomendam atenção redobrada ao planejamento tributário em 2026.
Imposto mínimo passa a atingir contribuintes de alta renda
Para compensar a ampliação da isenção, o governo criou o Imposto de Renda da Pessoa Física Mínimo (IRPFM). A nova cobrança se aplica a contribuintes com rendimentos anuais acima de R$ 600 mil, o equivalente a mais de R$ 50 mil por mês.
A alíquota mínima efetiva será progressiva, chegando a 10% para rendas superiores a R$ 1,2 milhão por ano. Alguns rendimentos seguem fora da base de cálculo, como LCI, LCA, poupança, heranças e indenizações.
Dividendos elevados passam a ter retenção na fonte
Outra mudança relevante do novo Imposto de Renda é a tributação de dividendos. A partir de 2026, haverá retenção de 10% na fonte sobre dividendos pagos por uma única empresa, quando o valor ultrapassar R$ 50 mil por mês.
A medida mira principalmente empresários e sócios que recebiam rendimentos exclusivamente por meio de dividendos, até então isentos. O valor retido poderá ser compensado na declaração anual, especialmente para quem estiver sujeito ao imposto mínimo.
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