Banco Master divulga nota e nega responsabilidade por R$ 12,2 bilhões repassados ao BRB

O Banco Master divulgou nota neste sábado (22) afirmando que não é responsável pelos R$ 12,2 bilhões repassados ao Banco de Brasília (BRB), investigados na Operação Compliance Zero.

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Última atualização:  26 de nov, 2025 às 01:26
Fachada em ângulo baixo de um prédio alto e moderno, com a logomarca e o nome 'BANCO MASTER' visíveis em letras brancas e azuis no vidro sobre a entrada. Foto: Maria Isabel Oliveira

O Banco Master divulgou, neste sábado (22), uma nota oficial afirmando que não é responsável pelos R$ 12,2 bilhões de créditos repassados ao Banco de Brasília (BRB), operação que desencadeou a Operação Compliance Zero. Segundo a instituição financeira, a empresa que originou os empréstimos, a Tirreno Consultoria de Crédito, foi a responsável pela operação e pelo fornecimento da documentação com irregularidades. A posição do banco acontece em meio a investigações da Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Banco Central (BC).

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O Banco Master, comandado por Daniel Vorcaro — preso na segunda-feira, 17 —, afirma que não captou os empréstimos repassados ao BRB e que não participou da emissão de créditos que se tornaram alvo das investigações. Em comunicado oficial, o banco ressaltou que os créditos foram originados por terceiros, e que os ativos recebidos pelo BRB não fazem parte do objeto da investigação.

A defesa do Master destaca que, dos R$ 12,2 bilhões, o BRB já liquidou ou substituiu R$ 10 bilhões, mas não esclarece por que as cláusulas contratuais que exigiam a devolução integral dos recursos não foram cumpridas. A nota do banco reforça que as operações estavam vinculadas a carteiras de ativos do conglomerado, e não aos créditos originados pela Tirreno.

Investigação aponta irregularidades em operações do Master e Tirreno

O juiz da 10.ª Vara Criminal do Distrito Federal, responsável pela autorização da Operação Compliance Zero, descreveu que a hipótese investigativa aponta que o Master poderia ter se associado de forma ilícita à Tirreno Consultoria de Crédito, uma Sociedade de Crédito Direto, para inflar seu patrimônio artificialmente. Segundo a decisão judicial, a intenção seria criar carteiras de empréstimos inexistentes e revendê-las ao BRB.

O Banco Central constatou que, ao analisar 30 CPFs fornecidos pela Tirreno, não foram identificados empréstimos correspondentes, tornando impossível estabelecer os fluxos financeiros relacionados às operações.

Histórico da Tirreno e alterações suspeitas

Outro ponto levantado pela Justiça é que a Tirreno Consultoria de Crédito foi criada por um ex-funcionário do Banco Master, André Felipe de Oliveira Seixas Maia. Além disso, a empresa mudou seu nome e aumentou seu capital social de R$ 100 para R$ 30 milhões dois dias antes de firmar contrato com o Master, o que gerou questionamentos sobre a lisura das operações.

O juiz destacou ainda que o BRB aceitou a substituição dos créditos de forma contrária aos termos contratuais, incluindo a devolução de R$ 6,7 bilhões em parcelas mensais, em vez de restituição integral. Segundo a Justiça, essas medidas indicam descumprimento de cláusulas resolutivas e aumentam as suspeitas sobre a operação.

Posição do Banco Master e próximos passos

Na nota, o Banco Master reforçou que os ativos entregues ao BRB não são objeto da investigação, e que o banco não teve participação direta na criação dos créditos. No entanto, a instituição não esclareceu pontos críticos, como o motivo de não ter cumprido cláusulas contratuais que exigiam devolução integral dos recursos e a razão pela qual o BRB só passou a exigir documentos adicionais após intervenção do Banco Central.

O caso segue em investigação, e a Justiça monitora o cumprimento das cláusulas contratuais, bem como a responsabilidade da Tirreno na origem dos créditos suspeitos. O desdobramento das apurações poderá impactar não apenas o Banco Master, mas também outras instituições envolvidas na operação.

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