XP alerta para possível correção do Ibovespa em junho
A XP Investimentos prevê uma possível correção do Ibovespa em junho devido à queda do prêmio de risco, revisões nos lucros das empresas e fluxo estrangeiro instável.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, pode passar por uma correção em junho, segundo analistas da XP Investimentos. Apesar do índice ter encerrado maio em alta de 1,45%, aos 139.541 pontos, acumulando valorização de 9,4% no ano, há indicativos de que as ações brasileiras enfrentem uma retração no curto prazo. Mesmo assim, os estrategistas da XP mantêm o otimismo em relação ao desempenho da Bolsa no longo prazo.
Cinco motivos que indicam a correção do Ibovespa em junho
A possibilidade de correção do Ibovespa em junho está relacionada a uma série de fatores destacados em relatório da XP liderado por Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do Research da XP. O primeiro ponto é a queda do prêmio de risco do índice, que mede a atratividade das ações em relação aos títulos públicos. Em maio, essa métrica caiu para 5,3%, abaixo da média histórica e distante dos 7,2% registrados em dezembro de 2023.
Além disso, o mercado revisou para baixo as estimativas de lucro por ação para 2025 e 2026, com quedas de 5,5% e 5,2%, respectivamente. Esse ajuste reflete a expectativa de que a taxa Selic, mantida em 14,75%, pode continuar a impactar negativamente o desempenho das empresas brasileiras ao longo do próximo ano.
Outro fator que preocupa é o comportamento da indústria de fundos. A alocação em fundos de ações permanece 6,2% abaixo da média dos últimos 10 anos, e os investidores pessoa física não aumentaram sua exposição em ações, o que deixa o mercado muito dependente do fluxo estrangeiro. Qualquer reversão nesse fluxo pode resultar em quedas expressivas no Ibovespa.
O Indicador de Sentimento XP atingiu níveis de “Otimismo Extremo”, sinalizando que o mercado pode estar em um topo potencial. Por fim, o ambiente macroeconômico global e doméstico ainda é marcado por incertezas, com potenciais impactos nas commodities e na entrada de capital estrangeiro.
Otimismo de longo prazo para a Bolsa brasileira
Apesar da expectativa de correção no curto prazo, a XP reforça que a tese para o Brasil no médio e longo prazo continua positiva. O relatório destaca cinco pilares que sustentam o otimismo estrutural para os investimentos em ações brasileiras.
O primeiro deles é a demografia favorável: o Brasil conta com uma população de 203 milhões de habitantes, com idade média de 35,1 anos, o que impulsiona o consumo e garante oferta de trabalho constante. Setores ligados à saúde, como hospitais e laboratórios, devem se beneficiar do envelhecimento gradual da população.
A exportação de alimentos é outro ponto forte que contribui para a entrada de divisas no país, favorecendo investimentos em infraestrutura e logística essenciais para o crescimento sustentável da economia.
Além disso, reformas estruturais importantes — como a administrativa, previdenciária e privatizações — são vistas como motores para a melhoria do ambiente de negócios no Brasil.
A digitalização acelerada, destacando o Pix, open finance e o uso de inteligência artificial, também pode gerar ganhos de escala para bancos digitais, plataformas de investimento e outros players do setor financeiro.