Ano de ouro do Ibovespa confirma bull market na bolsa brasileira, diz Santander
Entenda os motivos da alta e as perspectivas para a bolsa brasileira.
(Imagem: iStock/Paralaxis)
Com o Ibovespa na casa dos 160 mil pontos, a bolsa de valores brasileira atravessa um período de valorização consistente, com características típicas do bull market, cenário em que predominam altas prolongadas e maior tolerância ao risco por parte dos investidores.
A leitura é compartilhada por analistas do mercado, que acompanham de perto o comportamento recente do mercado de ações.
Segundo Aline Cardoso, estrategista do Santander, o mercado acionário brasileiro passou a operar em um ambiente claramente otimista, mesmo após episódios recentes de forte volatilidade.
Para a analista, a capacidade do índice de se recuperar rapidamente após choques negativos é um sinal clássico de tendência positiva mais estrutural.
O que é bull market e como identificar esse movimento
Bull market é o termo utilizado para definir uma fase em que os preços dos ativos apresentam trajetória de alta sustentada, geralmente acompanhada por aumento do volume negociado e maior entrada de capital em renda variável.
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De acordo com avaliação do Santander, um dos principais indícios desse tipo de mercado ocorre quando notícias negativas provocam apenas correções pontuais, rapidamente absorvidas por compradores. Esse comportamento sugere que os investidores estão mais dispostos a aproveitar quedas do que a reduzir exposição, mantendo o viés positivo no médio e longo prazo.
Ativos e setores em destaque no bull market brasileiro
Esse ambiente de alta tende a favorecer:
- Ações de setores cíclicos, como consumo e indústria, sensíveis ao ciclo econômico;
- Empresas financeiras, que se beneficiam de spreads elevados e estabilidade do sistema;
- Companhias ligadas a commodities, impulsionadas por fluxo externo e preços internacionais;
- Ativos de mercados emergentes, que historicamente performam melhor quando a liquidez global aumenta e o dólar perde força.
Para a instituição, a combinação de valuations atrativos, cenário externo menos restritivo e rotação de portfólio amplia o potencial de desempenho da bolsa brasileira no atual ciclo.
Saiba mais:
Por que a bolsa brasileira está valorizado e o que esperar daqui para frente
A valorização recente do Ibovespa reflete uma combinação de fatores internos e externos que têm sustentado o apetite por ações brasileiras. Segundo a equipe de estratégia do Santander, o principal índice da bolsa mostrou capacidade de absorver choques políticos e macroeconômicos sem perder fôlego, sinalizando a presença consistente de compradores mesmo em momentos de maior volatilidade.
De acordo com o banco, a rápida recuperação após períodos de estresse indica que parte relevante do mercado enxerga os níveis atuais de preço como atrativos, o que contribui para manter o índice em patamares elevados. Esse comportamento, na avaliação da instituição, é típico de mercados em fase mais madura de alta, nos quais correções tendem a ser limitadas.
Outro fator que ajuda a explicar o desempenho positivo é o ambiente global. Segundo análise do Santander, investidores internacionais têm promovido uma realocação de recursos, reduzindo exposição a ações de tecnologia com valuations mais esticados e ampliando posições em setores tradicionais e mercados emergentes. Nesse contexto, o Brasil aparece como um destino natural, por reunir empresas ligadas a valor, commodities e ciclo econômico, além de negociar com múltiplos considerados descontados em relação a pares globais.
As decisões de política monetária também entram no radar. De acordo com o banco, a sinalização do Federal Reserve de que ainda há espaço para cortes graduais de juros contribui para um cenário de maior liquidez e favorece ativos de risco ao redor do mundo. Já no mercado doméstico, a avaliação é de que o Banco Central mantém postura cautelosa, mas com uma comunicação menos rígida, especialmente diante de uma trajetória de inflação mais benigna no horizonte.
Para o Santander, esse conjunto de fatores sustenta uma perspectiva construtiva para a bolsa brasileira no curto e médio prazos. Embora o cenário ainda exija seletividade e atenção a riscos, o banco avalia que o equilíbrio entre fundamentos, fluxo e preço segue favorável para a renda variável no Brasil.
Com informações de InfoMoney