Fed sinaliza corte em dezembro, mas incerteza cresce para janeiro
O Fed indica que um corte de juros em dezembro é provável, mas decisões a partir de janeiro dependem de dados atrasados após a paralisação do governo.
Foto: Reuters
O Federal Reserve entrou na fase final de debates antes da reunião de dezembro com uma mensagem clara: um novo corte de juros é provável, mas as decisões nos primeiros meses de 2026 ainda dependem de dados que não chegaram. O alerta veio do diretor do Fed, Christopher Waller, que comentou o cenário econômico dos EUA nesta segunda-feira (24).
Mercado de trabalho fraco sustenta corte do Fed em dezembro
Segundo Waller, os indicadores analisados nas últimas semanas mostram um mercado de trabalho ainda enfraquecido, sem sinais de recuperação significativa. Esse quadro, somado à expectativa de desaceleração da inflação, reforça a avaliação de que um corte de 0,25 ponto percentual em dezembro é compatível com as condições atuais.
O dirigente afirmou que a leitura predominante entre as informações disponíveis é que “nada mudou de forma relevante” desde a reunião anterior. Empresas, consultorias privadas e contatos regionais do Fed têm relatado um ritmo mais lento de contratações e pressão moderada sobre salários.
Falta de dados oficiais complica decisão de janeiro
Apesar do consenso crescente para dezembro, o cenário muda ao olhar para janeiro. Waller destacou que a decisão pode ser “mais complicada”, já que o Fed entrará no ano com uma lacuna de dados provocada pela recente paralisação de 43 dias do governo federal.
Relatórios cruciais (como os de emprego, inflação e desemprego) estão atrasados e só serão publicados após a reunião de dezembro. O banco central, portanto, terá de trabalhar com estimativas privadas, sondagens regionais e o Livro Bege, que será divulgado esta semana.
“Se os números que chegarem forem consistentes com a tendência de desaceleração, janeiro pode ser considerado. Mas se houver sinais de retomada da inflação ou do emprego, isso muda o quadro”, afirmou Waller.
Fed dividido sobre ritmo de cortes
As autoridades do banco central ainda demonstram divergência sobre a necessidade de acelerar o ciclo de cortes. Parte dos dirigentes teme que pressões inflacionárias persistam, enquanto outra vê risco maior na perda de força do mercado de trabalho.
Indicadores recentes (como a taxa de desemprego em trajetória de alta) reforçam a preocupação de membros como Waller. Para ele, o risco de uma desaceleração mais forte do emprego deve ser monitorado de perto.
Próxima reunião definirá as projeções para 2026
A reunião marcada para 27 e 28 de janeiro deve esclarecer qual das duas narrativas ganhará mais força. Nela, o Fed publicará novas projeções econômicas, que podem redefinir expectativas para o próximo ano.
Hoje, o mercado espera entre dois e três cortes de juros em 2026, segundo dados do FedWatch, do CME Group. Essa visão, porém, pode mudar caso os dados atrasados indiquem atividade mais aquecida que o previsto.
Visão do Fed para o curto prazo
Waller afirmou que, até o momento, não vê sinais suficientes para esperar uma recuperação do mercado de trabalho nas “próximas seis ou oito semanas”. Com isso, o banco central deve adotar uma abordagem reunião a reunião, ajustando a política monetária conforme a chegada dos dados.
A mensagem do diretor reforça um ponto central:
o corte de dezembro está praticamente encaminhado e o de janeiro ainda está em aberto.
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