Payroll de junho nos EUA surpreende e reforça manutenção dos juros pelo Fed em julho
O payroll de junho nos EUA registrou a criação de 147 mil empregos, superando as expectativas e evidenciando a resiliência do mercado de trabalho americano.

O payroll de junho nos EUA voltou a surpreender positivamente, mostrando a resiliência do mercado de trabalho americano e reforçando a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) manterá as taxas de juros inalteradas na reunião de julho. Com a criação de 147 mil empregos, o número ficou acima da mediana das projeções, que era de cerca de 110 mil vagas, sinalizando que o mercado segue robusto mesmo diante de sinais iniciais de desaceleração econômica.
Payroll de junho nos EUA: o que os dados revelam sobre o mercado de trabalho e a política monetária
O payroll de junho nos EUA, divulgado recentemente, trouxe dados que chamam atenção para a dinâmica atual do mercado de trabalho americano. A maior parte das vagas criadas – 73 mil – veio do setor público, especialmente dos governos estaduais e locais, devido a contratações sazonais na educação. Por outro lado, o setor privado apresentou uma desaceleração, com a criação de 74 mil empregos, número inferior ao de maio, quando foram abertas 137 mil vagas.
Além disso, o relatório mostrou uma queda de 49 mil vagas temporárias, que costuma ser um indicador antecedente do comportamento do setor privado em relação às contratações futuras. Esse movimento sugere uma postura mais cautelosa das empresas diante do cenário econômico, o que merece atenção nos próximos meses.
Outro ponto que destaca o payroll de junho nos EUA é a redução da taxa de desemprego, que caiu de 4,2% para 4,1%, contrariando as expectativas de alta para 4,3%. Essa queda reforça a ideia de que o mercado de trabalho americano segue resiliente, com níveis de emprego estáveis e poucas demissões generalizadas.
Contudo, o dado mais relevante para o Federal Reserve está relacionado à desaceleração do crescimento salarial. Os salários cresceram 0,2% no mês, abaixo da projeção de 0,3%, e acumularam alta anual de 3,7%, frente a 3,9% no mês anterior. Essa desaceleração alivia as pressões inflacionárias, dando ao Fed margem para considerar cortes nos juros ainda em 2024, especialmente a partir de setembro.
No entanto, especialistas como Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, destacam que o crescimento dos salários, embora menor, ainda mantém a renda em ritmo significativo, o que pode continuar pressionando os preços, principalmente no setor de serviços. Por isso, ela alerta para o risco de inflação persistente, o que pode limitar a possibilidade de cortes imediatos e levar a uma manutenção das taxas até o final de 2025.
A robustez do mercado de trabalho também é reforçada pela revisão positiva dos dados anteriores de abril e maio, com acréscimo de 16 mil vagas. O setor de serviços permanece como o principal motor da criação de empregos, enquanto a indústria registra leve recuo. Setores cíclicos, como construção e lazer, mostraram melhora, contribuindo para a aceleração da média móvel de três meses.
Outro fator importante a ser observado nos próximos meses são os impactos das tarifas aplicadas recentemente à economia americana. Até o momento, não há evidências claras de efeitos negativos no emprego, mas economistas alertam que esses impactos podem aparecer tardiamente, o que manterá o Fed cauteloso na definição da política monetária.
O consenso atual indica que o Fed deve manter os juros estáveis em julho e “pular” a reunião de novembro, para só retomar os cortes em dezembro, dependendo da evolução dos dados econômicos e da inflação.