Powell sinaliza possível corte de juros, mas alerta para risco inflacionário com tarifas de Trump
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou que o Fed pode reduzir os juros nos próximos meses devido à desaceleração do mercado de trabalho e da economia nos EUA.

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, indicou nesta sexta-feira (22), durante o Simpósio de Jackson Hole, que o primeiro corte de juros nos Estados Unidos em oito meses pode estar próximo. No entanto, Powell ressaltou que os efeitos das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump ainda representam um risco significativo para a inflação, reforçando a necessidade de cautela na condução da política monetária.
Possível corte de juros pelo Fed
O sinal de Powell sobre a redução dos juros ocorre em um momento em que a economia norte-americana mostra sinais de desaceleração. Segundo o presidente do Fed, o mercado de trabalho, embora ainda equilibrado, apresenta um “curioso tipo de equilíbrio”, caracterizado por uma desaceleração simultânea na oferta e na demanda por trabalhadores.
Essas condições sugerem que os riscos de aumento do desemprego estão crescendo e podem se materializar rapidamente. Em resposta a esse cenário, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) pode considerar cortes de juros nos próximos meses como forma de estimular o crédito, o consumo e os investimentos, apoiando assim a atividade econômica.
Cenário do mercado de trabalho nos EUA
Powell destacou que os últimos relatórios de emprego indicam uma desaceleração do crescimento do emprego. “Essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando. E, se esses riscos se materializarem, poderão resultar em demissões acentuadas e aumento do desemprego”, afirmou durante seu discurso.
A percepção de um mercado de trabalho menos aquecido, combinada com sinais de desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, abre espaço para políticas mais flexíveis do Fed, incluindo a possibilidade de reduzir as taxas de juros.
Risco inflacionário devido às tarifas de Trump
Apesar dos sinais de enfraquecimento econômico, Powell alertou que as tarifas aplicadas pelo governo Trump continuam a exercer pressão sobre os preços de diversas categorias de bens. “Esperamos que esses efeitos se acumulem nos próximos meses, com grande incerteza quanto ao momento e aos valores”, afirmou.
O presidente do Fed destacou que, embora a inflação esteja acima da meta de 2% há mais de quatro anos, as expectativas de longo prazo permanecem ancoradas. No entanto, a instituição continuará monitorando de perto os impactos das tarifas para evitar que aumentos pontuais nos preços se transformem em inflação persistente.
Contexto econômico e política monetária
Os juros são uma das principais ferramentas utilizadas pelos bancos centrais para controlar a inflação ou estimular a economia. Quando os preços sobem, os juros são elevados para reduzir o consumo e conter a inflação. Já em períodos de desaceleração econômica, cortes nas taxas podem impulsionar crédito, consumo e investimentos.
No atual cenário dos EUA, os sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho e da economia em geral indicam que o Fed tem espaço para considerar cortes de juros, embora a cautela seja essencial diante das incertezas causadas pelas tarifas comerciais.
Pressão de Trump sobre o Fed
A política monetária dos EUA também tem sido alvo de críticas do ex-presidente Donald Trump, que pressiona por cortes de juros mais agressivos. Trump chegou a criticar Powell, chamando-o de “burro” e “teimoso”, e afirmou que o país já deveria ter taxas de juros “dois a três pontos abaixo”.
Nesta sexta-feira (22), Trump afirmou que demitiria a governadora do Fed, Lisa Cook, caso ela não renunciasse. Cook, a primeira mulher negra a integrar o conselho do Fed, contestou a pressão e afirmou que está reunindo informações precisas para responder a questionamentos sobre seu histórico financeiro.
O conselho do Fed é composto por membros nomeados tanto por Trump quanto por Biden, o que dificulta a tentativa de Trump de exercer controle total sobre a instituição.
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