IPCA-15 abaixo da expectativa provoca queda nas taxas dos DIs
As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) caíram após a divulgação do IPCA-15 de março de 2025, que registrou um aumento abaixo das previsões do mercado.
IPCA-15 abaixo da expectativa provoca queda nas taxas dos DIs
Na última quinta-feira (27), as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) apresentaram uma queda significativa, de até 10 pontos-base em alguns vencimentos. Esse movimento foi impulsionado por dados mais favoráveis do IPCA-15, indicador preliminar da inflação, que surpreendeu positivamente ao registrar um aumento inferior às previsões. A redução de prêmios observada no mercado de juros reflete um alívio nas expectativas inflacionárias, em um cenário marcado por incertezas em relação ao impacto do programa de crédito consignado lançado pelo governo.
O impacto do IPCA-15 nas taxas dos DIs
O IPCA-15, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início do dia, registrou uma alta de 0,64% em março. Esse resultado foi abaixo da previsão de analistas que estimavam uma variação de 0,70%. Além disso, a variação anual ficou em 5,26%, também abaixo da projeção de 5,30%. Esses números mais suaves trouxeram alívio aos investidores, que esperavam uma aceleração maior da inflação.
Como o IPCA-15 afeta as taxas dos DIs?
Os contratos futuros de juros, conhecidos como DIs, refletem as expectativas do mercado sobre a taxa Selic e a inflação. Quando o IPCA-15 sai abaixo das previsões, os investidores ajustam suas expectativas para uma possível redução na trajetória de altas da Selic. Isso resulta em uma queda nas taxas dos DIs, que estavam sob pressão devido a fatores como o programa de estímulo ao crédito consignado para trabalhadores do setor privado.
Com esse cenário, o DI para janeiro de 2026, um dos contratos mais líquidos de curto prazo, fechou em 15,055%, abaixo dos 15,153% do ajuste anterior. Para janeiro de 2027, a taxa caiu para 14,98%, com uma redução de 15 pontos-base. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 também registrou um leve recuo, fechando em 14,93%, contra 14,968% no ajuste anterior.
Programas de estímulo ao crédito e suas implicações
Nos últimos dias, a pressão sobre as taxas dos DIs foi aumentada pelas discussões em torno do programa de crédito consignado para trabalhadores do setor privado. O governo anunciou uma medida que poderá liberar até R$120 bilhões em empréstimos consignados, beneficiando cerca de 19 milhões de empregados celetistas. Embora esses números sejam expressivos, a dúvida permanece sobre como esses recursos serão efetivamente injetados na economia.
O que está por trás da preocupação com o crédito consignado?
A preocupação é que o aumento do crédito consignado possa impulsionar o consumo, gerando pressão adicional sobre a inflação. Contudo, analistas apontam que nem todo o crédito disponível será novo. Grande parte pode ser usada para rotação de dívidas, ou seja, pessoas endividadas podem optar pelo consignado para quitar dívidas mais caras, o que pode limitar o impacto inflacionário imediato.
A visão do Banco Central sobre o crédito consignado
Em uma coletiva realizada pelo Banco Central, Gabriel Galípolo, presidente da instituição, afirmou que o impacto do crédito consignado sobre a inflação ainda está sendo avaliado. Ele destacou que, se bem implementado, o crédito consignado pode até ser benéfico para a política monetária, pois as linhas de crédito estariam mais sensíveis aos movimentos da Selic, o que ajudaria a controlar a inflação.
Expectativas para a política monetária e a Selic
As apostas no mercado de juros também refletiram incertezas quanto ao futuro da política monetária. Após a queda nas taxas dos DIs, as expectativas do mercado para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para maio, se dividiram. Uma boa parte dos investidores está precificando uma alta de 75 pontos-base na Selic, atualmente em 14,25%, como forma de combater a pressão inflacionária, especialmente considerando que as expectativas de inflação ainda estão acima da meta.
Como a Selic impacta as taxas dos DIs?
A Selic tem uma forte influência sobre as taxas dos DIs, já que os contratos de juros refletem as expectativas para o futuro da taxa básica de juros. Portanto, qualquer sinal de alteração nas expectativas sobre a Selic tem um impacto direto nas taxas dos DIs. A recente queda nas taxas dos DIs é uma indicação de que o mercado está ajustando suas expectativas diante dos dados do IPCA-15.