Vendas da Tesla caem 45% na Europa em meio a mudanças internas e turbulência política de Musk
A Tesla registrou uma queda de 45% nas vendas na Europa em janeiro de 2025, enquanto concorrentes como Volkswagen, Stellantis e BYD avançaram no setor de veículos elétricos.
Vendas da Tesla caem 45% na Europa em meio a mudanças internas e turbulência política de Musk
As vendas da Tesla na Europa registraram uma queda expressiva de 45% em janeiro de 2025, contrastando com o crescimento acelerado do mercado de veículos elétricos no continente. Enquanto a empresa de Elon Musk enfrenta desafios na produção e reposicionamento do Model Y, o envolvimento político do bilionário também tem gerado repercussões negativas, afetando a percepção da marca entre os consumidores europeus.
Queda nas vendas da Tesla contrasta com crescimento do setor
De acordo com a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis, a Tesla entregou apenas 9.945 veículos na Europa no último mês, bem abaixo das 18.161 unidades registradas no mesmo período do ano anterior. O desempenho negativo da montadora vai na contramão do mercado de elétricos na região, que cresceu 37% no período, impulsionado por marcas como Volkswagen, Stellantis e Renault.
Na Alemanha, principal mercado automotivo europeu, a Tesla registrou apenas 1.277 novos carros vendidos, marcando o menor volume desde julho de 2021. Na França, o tombo foi ainda mais expressivo, com uma retração de 63% nas vendas. No Reino Unido, pela primeira vez, a Tesla ficou atrás da concorrente chinesa BYD, enquanto o setor como um todo avançou 42% no mês.
Os números refletem um momento desafiador para a empresa, que passa por uma reestruturação em sua linha de produção para o SUV Model Y, um dos modelos mais vendidos globalmente. A reformulação, aliada à forte concorrência e mudanças regulatórias na Europa, pode ter impactado as entregas do início do ano.
Fatores que impactam o desempenho da Tesla na Europa
Além dos desafios operacionais, a Tesla tem lidado com o crescente impacto da postura política de Elon Musk sobre sua imagem na Europa. O bilionário, que foi um dos principais doadores de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, tem intensificado seu envolvimento na política europeia, apoiando partidos de extrema-direita e criticando governos estabelecidos.
Na Alemanha, Musk causou polêmica ao promover uma discussão ao vivo com a líder do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, em sua rede social X. Durante o evento, ele incentivou os alemães a se orgulharem de sua cultura e desencorajou um “foco excessivo na culpa do passado”, gerando repercussões controversas às vésperas do 80º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
No Reino Unido, Musk defendeu a prisão do primeiro-ministro Keir Starmer enquanto fazia campanha pela libertação de ativistas de extrema-direita. O empresário também criticou abertamente os líderes da França e da Alemanha, aumentando a polarização em torno de sua figura e, por consequência, da Tesla.
Pesquisas conduzidas pelo instituto YouGov em janeiro apontam que a popularidade de Musk está em queda na Europa, com a maioria dos entrevistados na Alemanha e no Reino Unido rejeitando sua interferência na política local. Esse fator pode estar afetando a disposição dos consumidores em adquirirem veículos da Tesla, especialmente em mercados onde a reputação da marca é essencial para o sucesso de vendas.
Concorrência e mudanças regulatórias aumentam a pressão
Enquanto a Tesla enfrenta esses desafios, montadoras tradicionais e novas concorrentes chinesas, como a BYD, avançam no mercado europeu. Volkswagen, Stellantis e Renault estão investindo fortemente em modelos elétricos, aproveitando incentivos governamentais e a pressão regulatória para reduzir as emissões de carbono.
A partir de 2025, fabricantes na União Europeia precisarão cumprir metas mais rigorosas de emissões de CO2, o que tem impulsionado as vendas de veículos elétricos. No Reino Unido, uma nova legislação prevê que uma parcela crescente dos carros vendidos seja de emissão zero até 2035. Essas mudanças beneficiam concorrentes que já possuem uma ampla gama de modelos elétricos e redes de produção adaptadas às novas exigências.