Do zero ao topo do mercado fitness, a Smart Fit se consolidou como a principal rede de academias da atualidade. Seu modelo de negócio foi um verdadeiro divisor de águas, ao preencher a lacuna entre academias premium, com mensalidades elevadas, e estabelecimentos de bairro, que, embora mais acessíveis, muitas vezes deixam a desejar em infraestrutura e serviços.

Com uma proposta que une o melhor dos dois mundos, ou seja, equilibra qualidade e preço, a Smart Fit buscou “democratizar o acesso à atividade física”. Essa estratégia, somada a uma gestão eficiente e outras decisões bem-sucedidas, levou a rede a figurar entre as maiores do mundo em número de clientes.

Mas como a empresa passou de uma pequena academia à beira da falência para se tornar uma gigante do mercado fitness? É exatamente sobre essa trajetória e outros detalhes que abordaremos ao longo deste artigo. Continue sua leitura e fique por dentro. 

História da Smart Fit e sua ascensão

Pode-se dizer que a trajetória da Smart Fit tem suas raízes na segunda metade da década de 1990, mais precisamente em 1996. Naquele ano, o então engenheiro químico Edgard Corona decidiu ingressar no mercado fitness e fundou sua primeira academia, a Bio Ritmo.

No entanto, o início não foi promissor. Segundo o próprio Corona, a empreitada foi conduzida de maneira equivocada, deixando a primeira unidade à beira da falência. “Montamos tudo errado: endereço errado, arquiteto errado e o negócio não deu certo”, afirmou durante a VI Virada Empreendedora, realizada em São Paulo, em 2016.

Primeiro ponto de virada

No ano seguinte, em 97, apesar dos desafios, surgiu a oportunidade de recomeçar com uma nova unidade na Avenida Paulista, em São Paulo. Dessa vez, a empresa apostou em um conceito inovador, com um projeto luminotécnico especial e uma ambientação cuidadosamente planejada para oferecer uma experiência sofisticada. 

Segundo o fundador, tudo foi pensado com o foco no cliente, desde os vestiários até o espaço para exercícios.

Consolidação no mercado premium e nascimento da Smart Fit

Ao longo dos anos, a Bio Ritmo se destacou no segmento premium, enquanto Edgard Corona se tornou uma referência no mercado fitness brasileiro. Em 2008, a empresa já era a maior rede high-end de academias do país.

No ano seguinte, em 2009, surgiram as primeiras unidades da Smart Fit, trazendo um modelo inovador que dava conta de oferecer serviços de alta qualidade a preços mais acessíveis. A estratégia impulsionou a empresa a um novo patamar. Mas para compreender a adoção e sucesso desse formato, é válido conhecer brevemente a trajetória de Corona, o visionário por trás dessa gigante do mundo fitness.

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Edgard Corona: Quem é o fundador da Smart Fit? 

Edgard Corona fundador da Smart Fit
Imagem: Forbes Brasil/Reprodução

De formação, Edgard Corona é Engenheiro Químico, diploma que recebeu da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em 1979. Desde a época da faculdade, já demonstrava espírito empreendedor. Seu início profissional foi diversificado: trabalhou em um laboratório de análises de materiais e, posteriormente, atuou no setor têxtil, gerenciando uma confecção com lojas próprias.

Após concluir a graduação, ele ingressou na usina de açúcar da família, no interior de São Paulo. No entanto, conflitos entre os membros da terceira geração acabaram levando à sua saída do negócio. Ele conta que “graças a isso, não convivo com a família e resolvi montar meu negócio”. Esse revés, no entanto, acabou sendo o ponto de partida para sua trajetória bem-sucedida no mercado.

Após o sucesso alcançado com a Bio Ritmo, sua primeira academia, Edgard Corona ampliou seus conhecimentos ao observar as tendências e práticas de mercados estrangeiros mais maduros. Durante uma Roundtable realizada nos Estados Unidos, onde empresários de diferentes países discutiam estratégias e melhores práticas, ele teve seu primeiro contato com o modelo de academias HVLP (High Value Low Price).

Em 2009, a empresa se tornou pioneira na América Latina ao introduzir esse conceito, inaugurando a primeira unidade da Smart Fit em São Paulo. Desde então, o crescimento do grupo é evidente: de 55 academias em 2011, saltou para impressionantes 1.529 unidades em junho de 2024.

Expansão internacional da Smart Fit

Em 2011, a Smart Fit traçou uma nova rota em sua estratégia de crescimento, iniciando a expansão internacional com a abertura de sua primeira unidade no México. A partir desse ponto, a empresa consolidou sua presença na América Latina, expandindo-se para Chile, Peru e Colômbia. 

O sucesso dessa estratégia atraiu o interesse de investidores globais, como o fundo soberano de Cingapura (GIC) em 2014 e o Canada Pension Plan Investments (CPPIB) em 2019, que impulsionaram ainda mais a expansão da rede.

Em junho de 2024, a rede já contava com 1.529 unidades, consolidando-se como a maior do Brasil, com 736 academias, e do México, com 339. As demais 454 unidades estavam distribuídas por outros 12 países da América Latina, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Paraguai, Peru, Panamá, Uruguai, El Salvador, Equador, Guatemala, República Dominicana e Honduras. Atualmente, a rede marca presença em mais 380 cidades.   

Estreia na bolsa de valores 

Após uma tentativa frustrada de abrir capital em 2018, a Smart Fit decidiu adiar seus planos devido às condições desfavoráveis do mercado. Na época, a empresa avaliou que a volatilidade e a incerteza no cenário econômico poderiam comprometer o sucesso da operação, optando por recuar estrategicamente.

Três anos depois, em maio de 2021, a companhia retomou o processo e registrou seu pedido de IPO junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A aguardada estreia na Bolsa de Valores brasileira (B3) aconteceu em 14 de julho do mesmo ano, quando a Smart Fit (SMFT3) levantou R$ 2,3 bilhões em sua Oferta Pública Inicial. 

Com um preço de abertura de R$ 23 por ação, a demanda pelos papéis surpreendeu o mercado, superando em 20 vezes o volume ofertado — um feito raro no cenário brasileiro.  Para tornar a operação mais segura para os emissores, a oferta contou com a participação de “investidores-âncora”, que garantiram a aquisição de uma parcela das ações no IPO

A participação acionária após o IPO ficou distribuída da seguinte forma:

  • Edgard Corona: redução de 11% para 8,5%.
  • Fundo Pátria: diminuição de 51% para 39,6% (com expectativa de saída em futura oferta de ações).
  • Investidores-âncora:
    • Dynamo, GIC (fundo soberano de Cingapura) e CPPI (fundo de pensão canadense) garantiram a compra de R$ 750 milhões em ações, trazendo mais estabilidade à operação.

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Modelo de negócio da Smart Fit

Como bem dito, a Smart Fit se consolidou como líder no modelo de academias HVLP, oferecendo preços mais competitivos, mas sem comprometer a qualidade dos serviços prestados. Este modelo de negócios se mostrou um sucesso, atraindo clientes em busca de uma experiência fitness completa e de custos acessíveis.  

A própria empresa comunica que baseia seu modelo de negócios em 5 pilares, são eles: 

  • Alta qualidade no atendimento ao cliente: o foco da Smart Fit é proporcionar um serviço de alto padrão, utilizando o NPS como indicador chave de performance da equipe.
  • Comodidade e acessibilidade: a empresa se empenha em estar próxima aos clientes, com unidades estrategicamente localizadas perto de residências e locais de trabalho, tornando a rotina fitness mais simples e acessível.
  • Estrutura de excelência: a Smart Fit busca operar em áreas de alta demanda nas cidades e oferece uma infraestrutura com equipamentos de qualidade, aulas eficientes e uma equipe motivada, criando uma experiência única para seus clientes.
  • Preços competitivos: a mensalidade acessível proporciona uma barreira de entrada significativa para a concorrência, destacando a relação custo-benefício.
  • Soluções digitais e inovação: a marca investe em tecnologias, como o Smart Fit App e o Smart Fit GO, para fornecer suporte aos treinos dentro e fora da academia, oferecendo uma experiência digital integrada e personalizada para os clientes.

Diferenciais da Smart Fit 

Mas não é só as referidas estratégias que hoje traz destaque para a rede, contando com outros elementos que contribuem para o seu diferencial. 

  • Serviços Digitais: além das unidades físicas, a Smart Fit tem forte atuação no segmento fitness digital.
    • Smart Fit Nutri: marketplace de nutricionistas com consultas por teleatendimento e pesagens em balanças de bioimpedância.
    • Queima Diária: plataforma de conteúdo digital focada em atividades físicas, saúde e bem-estar via streaming, acessível online/offline e multi-dispositivos.
  • Marcas no Modelo Premium e Estúdios: a rede opera também no modelo premium e estúdios, ampliando seu portfólio com marcas como Bio Ritmo, O2, Race Bootcamp, Tonus Gym, Vidya Body & Mind e Jab House.
  • Total Pass: a Smart Fit é parceira estratégica do Total Pass, uma plataforma agregadora do mercado fitness B2B na América Latina. Essa parceria fortalece a presença da marca no mercado corporativo e amplia a base de clientes. 

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Vale a pena investir em SMFT3?

Investir nas ações SMFT3 pode ser uma decisão interessante, considerando a robustez e os bons resultados da empresa. A Smart Fit é a maior rede de academias da América Latina e tem mostrado um crescimento sólido e consistente. Em 2024, a empresa reportou um aumento de 17,33% no retorno anual, superando o índice de referência Ibovespa. 

No entanto, é importante ressaltar que não existe uma única resposta para essa questão. A decisão de investir depende de vários fatores, incluindo o perfil do investidor, objetivos financeiros, tolerância ao risco e condições do mercado. 

Alguns investidores podem ver a Smart Fit como uma oportunidade promissora devido ao seu modelo de negócios inovador e expansão contínua, enquanto outros podem estar mais cautelosos devido aos riscos associados ao setor de academias e ao mercado acionário em geral. 

Em suma, qualquer investimento deve partir de uma decisão individual, idealmente baseada em uma análise detalhada do ativo e de seu impacto na composição da carteira. Em caso de dúvidas, é recomendável buscar a orientação de um assessor especializado, pois este artigo tem caráter exclusivamente informativo e não representa uma recomendação de investimento.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.