Teste de impairment: entenda o que é e como calcular
Conheça o conceito de impairment, o objetivo e aprenda a calcular o teste de recuperabilidade dos ativos para uma gestão financeira mais eficiente.

Quando falamos sobre finanças corporativas e contabilidade, entender conceitos como o teste de impairment é essencial. Esse termo pode parecer complicado à primeira vista, mas entender o que ele realmente significa e como funciona pode fazer uma grande diferença na análise precisa do valor dos ativos de uma empresa.
Se você já se deparou com essa expressão e ainda tem dúvidas sobre sua importância ou aplicação, não se preocupe. O Melhor Investimento vai descomplicar o assunto, explicando tudo de maneira clara e acessível. Continue lendo!
O que é impairment?
O impairment, ou teste de recuperabilidade, refere-se à necessidade de ajustar o valor contábil de um ativo sempre que esse valor for maior do que o valor que pode ser recuperado com a sua utilização ou venda. Em outras palavras, é um processo que garante que os ativos da empresa sejam apresentados por um valor realista e não supervalorizado.
Vamos supor que uma empresa adquira um equipamento por um milhão de reais. Com o passar do tempo, o valor desse equipamento pode ser afetado por fatores como a obsolescência tecnológica ou a queda na demanda por seus produtos. Se o equipamento não puder mais gerar os benefícios econômicos esperados, o teste de impairment verifica se o valor contábil precisa ser reduzido.
O impairment tem grande importância na contabilidade moderna. Isso porque ajuda a manter a precisão das demonstrações financeiras, um aspecto essencial para a tomada de decisões por parte de investidores, analistas e outras partes interessadas.
Qual o objetivo do teste de impairment?
O objetivo principal do teste de impairment é garantir que os ativos de uma empresa sejam registrados de forma precisa no balanço patrimonial. Assim, investidores, credores e outras partes interessadas têm uma visão clara e confiável da saúde financeira da organização.
Isso é fundamental, pois valores incorretos ou superestimados podem levar a interpretações erradas sobre a situação da empresa, afetando sua credibilidade no mercado.
Além disso, o teste de impairment visa evitar que ativos sejam superavaliados, o que poderia levar a erros significativos na análise financeira de uma empresa. Se um ativo não vale mais o que está registrado, ajustar seu valor contábil ajuda a manter a transparência e a credibilidade das demonstrações financeiras. Esse ajuste é essencial especialmente em períodos de crise econômica, quando as empresas enfrentam desafios adicionais para manter seus ativos valorizados.
Outro objetivo importante é fornecer uma imagem mais realista da posição econômica da empresa. Quando os valores dos ativos são ajustados para refletir a realidade do mercado, isso oferece informações mais precisas para decisões de negócios e de investimento.
Portanto, a aplicação do teste de impairment não é apenas uma exigência normativa, mas também uma ferramenta prática para gerenciar riscos financeiros.
Como funciona o impairment?
O teste de impairment é realizado comparando o valor contábil de um ativo (o valor que está registrado nos livros da empresa) com o valor recuperável desse ativo. O valor recuperável é o maior valor entre o valor em uso e o valor justo líquido de despesa de venda. Se o valor contábil for maior que o valor recuperável, a diferença precisa ser ajustada, e o ativo é registrado pelo seu valor real.
O processo, em essência, envolve identificar se há algum indício de que o ativo possa estar superavaliado. Se existir, a empresa deve realizar o teste de impairment e, se necessário, reduzir o valor do ativo. Essa identificação de indícios é importante. Pode envolver sinais econômicos, como uma recessão, ou eventos específicos, como um desastre natural que danifique os ativos da empresa.
O teste é considerado mais crítico para empresas que possuem muitos ativos intangíveis, como direitos autorais, patentes e o famoso “goodwill“. Esses ativos podem ser altamente voláteis em termos de valor, dependendo de fatores de mercado, inovação e até mesmo a saúde geral da economia global.
Diferença entre impairment e depreciação
Muitas vezes, as pessoas confundem impairment com depreciação, mas são conceitos diferentes. A depreciação é um processo sistemático de alocar o custo de um ativo ao longo de sua vida útil. Ou seja, ela é previsível e ocorre de forma gradual, como uma regra contábil que diminui o valor de um ativo a cada ano. Isso é feito para refletir o desgaste ou a obsolescência do ativo.
Por exemplo, imagine que uma empresa compra uma máquina por R$ 100.000 e espera usá-la por dez anos. A depreciação anual seria de R$ 10.000, reduzindo o valor contábil da máquina ao longo do tempo. Este é um processo esperado e planejado, que segue regras contábeis rigorosas.
O impairment, por outro lado, ocorre quando há uma perda inesperada no valor de um ativo, geralmente causada por eventos específicos. Por exemplo, uma queda brusca no valor de mercado ou a introdução de uma nova tecnologia que torna um ativo obsoleto. Impairment é mais imprevisível e ocorre apenas quando necessário, refletindo uma mudança abrupta e significativa no valor do ativo.
Assim, enquanto a depreciação é um método de ajuste contínuo, o impairment é mais um “choque” no valor do ativo, forçando um ajuste repentino.
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Tipos do teste de impairment
Quando falamos sobre o cálculo de impairment, precisamos entender duas formas principais de determinar o valor recuperável de um ativo: o valor em uso e o valor justo líquido de despesa de venda.
Valor em uso
O valor em uso é calculado com base no fluxo de caixa futuro que o ativo é capaz de gerar, descontado a valor presente. Em termos mais simples, é uma projeção dos benefícios econômicos que o ativo proporcionará no futuro, considerando o tempo e o risco. Se o valor em uso for menor que o valor contábil, um ajuste é necessário.
Por exemplo, se uma máquina de uma fábrica ainda tem cinco anos de vida útil, o valor em uso seria baseado nos fluxos de caixa esperados dessa máquina ao longo desses cinco anos, ajustados ao valor presente. Esse cálculo pode ser desafiador porque envolve muitas estimativas e julgamentos por parte da administração.
Valor justo líquido de despesa de venda
O valor justo líquido de despesa de venda refere-se ao preço de venda de um ativo em um mercado ativo, menos os custos diretos de venda. Basicamente, é o valor que a empresa espera obter se vender o ativo, subtraindo os custos relacionados à transação. Se o ativo tiver um mercado ativo e uma venda for viável, essa abordagem é mais prática.
No entanto, se o mercado for inexistente ou se os custos de venda forem elevados, o valor em uso pode ser a melhor medida. Em alguns casos, empresas podem ter dificuldade em determinar o valor justo, especialmente quando se trata de ativos intangíveis, que não têm um mercado ativo claramente definido.
Quem é obrigado a fazer o teste de impairment?
De acordo com as normas contábeis, todas as empresas que seguem as práticas do IFRS (International Financial Reporting Standards) ou do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) no Brasil precisam realizar o teste de impairment. Isso inclui principalmente empresas de capital aberto e empresas que reportam demonstrações financeiras consolidadas.
As exigências para grandes empresas são regidas pela Lei 11.638/07 e pelo CPC 01, enquanto para pequenas e médias empresas são estabelecidas pelo CPC PME.
É sempre recomendável revisar os ativos para garantir que não estão supervalorizados. Isso ajuda a evitar surpresas desagradáveis e a manter a saúde financeira da empresa de forma controlada.
Quais ativos se aplicam o teste de recuperabilidade?
O teste de impairment se aplica a vários tipos de ativos. Alguns dos principais incluem:
- Ativos imobilizados: como imóveis, máquinas e equipamentos que têm uma vida útil prolongada.
- Ativos intangíveis: como marcas, patentes, goodwill, entre outros que não têm uma forma física. O goodwill, em particular, é um dos ativos mais desafiadores de avaliar e é frequentemente sujeito a impairment.
- Ativos financeiros: em certos casos, especialmente se houver dúvidas sobre a capacidade de recuperar os valores investidos.
No entanto, é importante observar que o teste de impairment não se aplica a estoques e alguns outros ativos de curto prazo, que têm suas próprias regras de avaliação. O teste de impairment também não se aplica a ativos financeiros que são medidos ao valor justo por meio do resultado, pois esses já refletem a volatilidade do mercado.
Como fazer o teste de recuperabilidade? Entenda a aplicação do impairment
A aplicação do teste de recuperabilidade envolve algumas etapas principais, e isso pode variar dependendo do tipo de ativo.
Imobilizado e intangível
Para ativos imobilizados, como maquinário, ou intangíveis, como goodwill, o processo começa com a identificação de possíveis sinais de que o ativo pode estar desvalorizado. Esses sinais podem incluir mudanças no ambiente econômico, a introdução de novas tecnologias ou um desempenho financeiro mais fraco do que o esperado.
Se for identificado um indício de que o valor pode estar superestimado, a empresa deve calcular o valor recuperável e, se necessário, reconhecer a perda por impairment. Por exemplo, uma empresa de software pode precisar ajustar o valor de suas licenças antigas se uma nova tecnologia disruptiva for introduzida no mercado.
Instrumentos financeiros
Para instrumentos financeiros, o teste de impairment envolve uma análise de risco de crédito. Se houver evidências de que um ativo financeiro não será recuperado integralmente, a empresa precisa reconhecer uma perda. Essa abordagem é especialmente importante para bancos e instituições financeiras, que devem monitorar constantemente a saúde de seus ativos financeiros.
Instrumentos financeiros, como títulos de dívida, devem ser analisados com base na expectativa de perda de crédito. Esse tipo de análise envolve uma série de critérios, como a capacidade do devedor de honrar seus compromissos e as condições de mercado que possam impactar essa capacidade.
Cálculo do teste de impairment
O teste de impairment é calculado pelo valor recuperável do ativo, que é definido como o maior valor entre o valor em uso e o valor justo líquido das despesas de venda. Essa estimativa tem o objetivo de ajustar os valores dos ativos no balanço patrimonial da empresa, corrigindo qualquer superavaliação que possa ocorrer devido a deterioração, obsolescência ou uso prolongado.
Para realizar esse cálculo, a empresa pode optar por dois métodos:
- Valor em uso: determina o valor esperado com base no fluxo de caixa gerado pelo ativo ou pela unidade geradora de caixa.
- Valor justo líquido das despesas de venda: compara o valor justo de mercado do ativo com seu valor contábil, sendo considerado um método mais objetivo e mais fácil de auditar.
Embora seja possível aplicar ambos os métodos e escolher o maior valor recuperável, muitas empresas preferem utilizar apenas o valor justo líquido das despesas de venda, devido à sua menor subjetividade e maior facilidade de auditoria.
Impactos nas demonstrações financeiras
A perda por impairment afeta diretamente o resultado da empresa, reduzindo o lucro ou aumentando o prejuízo. Essa perda é registrada na demonstração do resultado, enquanto o ativo reduzido aparece no balanço patrimonial pelo novo valor. Dependendo da magnitude do ajuste, o impairment pode ter um impacto significativo na posição financeira da empresa.
O impairment também pode afetar indicadores financeiros importantes, como o retorno sobre o ativo (ROA) e a margem de lucro. Por exemplo, se uma empresa precisar reconhecer uma grande perda por impairment em um ativo significativo, sua margem de lucro será reduzida, o que pode impactar negativamente a percepção dos investidores.
O que acontece se o valor do ativo se recuperar?
Se, no futuro, o valor de um ativo que sofreu impairment se recuperar, é possível reverter parte ou a totalidade da perda, desde que o ativo não seja um goodwill. Para outros ativos, a reversão da perda é registrada, aumentando o valor contábil do ativo, mas nunca acima do valor contábil original, ajustado pela depreciação acumulada.
Essa reversão é mais comum em setores como o imobiliário, onde os valores podem oscilar com o mercado. No entanto, o goodwill não pode ser revertido, mesmo que o valor do ativo ou da unidade geradora de caixa melhore significativamente.
Qual é o prazo para o teste de impairment?
O teste de impairment deve ser realizado, no mínimo, anualmente para ativos intangíveis com vida útil indefinida e goodwill. Para outros ativos, o teste é feito sempre que houver indícios de que o valor contábil pode não ser recuperável.
Além disso, as empresas devem estar atentas a eventos ou mudanças significativas que possam desencadear a necessidade de realizar o teste, como recessões econômicas, desastres naturais ou inovações disruptivas no setor.
O teste de impairment pode parecer técnico, mas é importante para a precisão financeira de uma empresa. Garantir que os ativos estão corretamente avaliados ajuda a manter a confiança dos investidores e a transparência do negócio.
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