Copom deve acelerar alta de juros em resposta ao IPCA-15 abaixo das expectativas
O Banco Central do Brasil pode acelerar a alta da taxa Selic em 0,50 ponto percentual na reunião do Copom em novembro, após a divulgação do IPCA-15 de outubro, que apresentou uma inflação de 0,54%, acima das expectativas.

O cenário econômico brasileiro está se tornando cada vez mais desafiador, à medida que os dados mais recentes do IPCA-15 indicam uma pressão inflacionária persistente. Especialistas acreditam que o Banco Central do Brasil (BC) deve acelerar a alta da taxa Selic em 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), programada para novembro. Essa medida é uma resposta necessária às expectativas inflacionárias em alta e às pressões sobre os preços dos serviços e alimentos.
No dia 23 de outubro de 2024, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15 de outubro, que mostrou uma alta de 0,54%, superando as expectativas de analistas do mercado. Em setembro, a inflação havia sido de apenas 0,13%. Esses números não apenas evidenciam uma elevação na inflação, mas também indicam que as pressões sobre os preços estão se intensificando, especialmente no setor de serviços e alimentação fora de casa.
O que chama a atenção na análise do IPCA-15 são os fatores que contribuíram para essa elevação. A ativação da ‘bandeira vermelha 2’ nas tarifas de energia elétrica resultou em uma alta de 5,3% nos custos, impactando diretamente o orçamento das famílias brasileiras. Além disso, o aumento nos preços da alimentação fora de casa, que subiu 0,66%, superou a projeção inicial de 0,39%, refletindo um recente pico nos preços dos alimentos. Essas oscilações acentuadas sinalizam um ambiente econômico complexo que demanda atenção do BC.
Uma das métricas mais preocupantes é a variação de 0,59% nos serviços essenciais, que ultrapassou a expectativa de 0,44%. Essa alta revela não apenas o aumento dos preços, mas também um cenário onde a demanda por serviços continua robusta, impulsionada pela recuperação econômica e um mercado de trabalho apertado. A XP Investimentos, uma das principais instituições financeiras do Brasil, destaca que a métrica trimestral anualizada ajustada sazonalmente aumentou de 4,2% para 4,7%, refletindo um acúmulo de pressões inflacionárias.
Os dados do núcleo “Ex3”, que exclui serviços subjacentes e industriais, agora estão em 4,2%, o maior nível desde julho de 2023. Essa informação é crucial para entender que, mesmo com a inflação controlada em alguns setores, as pressões inflacionárias estão se intensificando em outros, principalmente em serviços.
As expectativas de inflação não ancoradas, somadas à sólida demanda doméstica, indicam que a inflação não se estabilizará sem uma ação adequada por parte do Banco Central. A XP ressalta que os números de serviços reforçam uma visão de deterioração da inflação brasileira nos próximos meses. Este ambiente exige uma resposta rápida e eficaz da política monetária.
Diante dessa situação desafiadora, a XP ajustou sua estimativa de IPCA para 2024 para 4,6%, com um viés de alta. Os fundamentos econômicos, que incluem expectativas, dados do mercado de trabalho, demanda interna e taxa de câmbio, estão alinhados de maneira que a inflação pode continuar em alta se não houver uma resposta clara do BC.