Em 2023, a inflação oficial do Brasil atingiu 4,62%, marcando o menor índice anual desde 2020, conforme revelado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10 de janeiro de 2024). Este resultado encontra-se dentro do intervalo permitido pela meta de inflação estabelecida para o ano, que era de 3,25%, com uma tolerância de até 4,75%. A última vez que a taxa global permaneceu dentro desses limites foi há três anos, em 2020, visto que ultrapassou o teto em 2021 e 2022.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o ano abaixo dos 5,79% registrados em 2022. O grupo de Transportes foi o principal contribuinte para a inflação em 2023, com um aumento de 7,14%, enquanto o grupo de Alimentação e Bebida teve um aumento mais modesto de 1,03%, auxiliando na obtenção de uma taxa mais baixa.

A gasolina foi o subitem que mais impactou, com um aumento de 12,09% em 2023, representando o maior peso entre os 377 itens pesquisados pelo IBGE e contribuindo com 0,56 ponto percentual. A deflação no setor de alimentação em domicílio, que apresentou uma queda de 0,52% em 2023, exerceu uma influência significativa na contenção da taxa anual.

Em quatro dos doze meses de 2023, a taxa anualizada ultrapassou 4,75%, registrando os seguintes valores: janeiro (5,77%), fevereiro (5,60%), setembro (5,19%) e outubro (4,82%). O mercado financeiro prevê uma inflação de 3,9% em 2024 e de 3,5% em 2025.

Histórico recente de inflação anual do Brasil

Após uma desaceleração nos primeiros meses da pandemia de COVID-19, a taxa anual subiu por 18 meses consecutivos, atingindo o pico de 12,13% em abril de 2022. A inflação terminou 2022 a 5,79%, alcançando o mínimo anual de 2023 em junho, com uma taxa de 3,16%, encerrando o ano abaixo do teto da meta de 4,75%.

A responsabilidade de controlar a inflação recai sobre o Banco Central, que, sob a gestão de Roberto Campos Neto, emitiu explicações ao Ministério da Fazenda em 2021 e 2022 quando a taxa ficou fora do intervalo permitido. O centro da meta de inflação tem diminuído progressivamente desde 2018, recuando anualmente 0,25 ponto percentual.

Quanto à política monetária, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a instituição foram alvos de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aliados petistas pela gestão da taxa básica de juros, a Selic. Lula expressou descontentamento com o patamar da Selic, associando Campos Neto aos eventos de 8 de janeiro. Campos Neto defendeu a atuação técnica do Banco Central, destacando o ciclo de reajuste da taxa Selic em 2021 e 2022, que contribuiu para um governo com menor inflação em 2023.