A atualização das previsões de crescimento econômico para 2024 reflete um cenário mais otimista em relação ao desempenho da economia brasileira. O crescimento do PIB no segundo trimestre, com uma expansão de 1,4% em relação ao primeiro trimestre e 3,3% em comparação ao mesmo período do ano passado, foi amplamente impulsionado por setores como a indústria e os serviços. Este desempenho robusto levou as previsões a serem revisadas de 2,5% para cerca de 3% para o ano de 2024. Apesar das expectativas de uma desaceleração na segunda metade do ano, esse crescimento surpreendente sugere uma possível elevação gradual da taxa Selic.

Com o crescimento do PIB demonstrando resiliência, economistas esperam que o Banco Central comece um ciclo gradual de alta na taxa Selic. De acordo com economistas da XP e do C6 Bank, a força do consumo das famílias e o desempenho robusto dos setores industrial e de serviços podem pressionar a inflação. Rodolfo Margato, economista da XP, sugere que um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic é uma possibilidade real para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro. A expectativa é que essa elevação gradual possa ajudar a manter a inflação sob controle e ajustar a política monetária às condições econômicas atuais.

O crescimento econômico observado no segundo trimestre foi impulsionado principalmente pela indústria, que cresceu 1,8%, e pelo setor de serviços, com uma expansão de 1%. Além disso, os investimentos em formação bruta de capital fixo aumentaram em 2,1%, refletindo um investimento significativo em infraestrutura. O consumo das famílias também apresentou um crescimento saudável de 1,3%. Esse crescimento generalizado é um indicativo positivo, mas os economistas antecipam que o impulso da economia poderá diminuir no segundo semestre do ano devido à perda de força em alguns setores.

Diversas instituições financeiras e economistas ajustaram suas previsões para o crescimento do PIB. O C6 Bank, por exemplo, revisou sua previsão de crescimento para cerca de 3%, enquanto a XP ajustou sua projeção de 2,2% para 2,7%. A Guide Investimentos e o PicPay também ajustaram suas previsões para refletir um viés de alta. A revisão das previsões reflete uma perspectiva mais otimista para o desempenho econômico, apesar das expectativas de desaceleração no segundo semestre.

Economistas como Rafaela Vitória do Inter apontam que o crescimento acelerado, impulsionado por uma expansão fiscal, pode não ser sustentável sem uma revisão das políticas públicas. A falta de coordenação entre as políticas fiscal e monetária pode resultar em um aumento da inflação e em um novo ciclo de aperto monetário pelo Banco Central. Vitória alerta para a necessidade de harmonização entre as políticas fiscal e monetária para evitar impactos negativos na economia e garantir a estabilidade fiscal.

Instituições financeiras como Bradesco e Itaú preveem uma desaceleração do PIB na segunda metade do ano, mas reconhecem que o viés de alta nas projeções de crescimento persiste. Marcos Moreira da WMS Capital acredita que, com um crescimento econômico próximo de 3%, o Banco Central pode iniciar um ciclo de aperto monetário. Esse cenário indica que a economia brasileira está em um ponto crítico, onde o crescimento robusto pode abrir espaço para ajustes na política monetária que visam garantir a estabilidade econômica a longo prazo.