O mês de janeiro terminou de forma positiva para a Petrobras, segundo análise do Itaú BBA, que manteve sua recomendação de compra para as ações da estatal. A decisão de reajustar o preço do diesel em R$ 0,22 por litro, antes do aumento do imposto estadual, foi vista como um reflexo da autonomia da empresa em relação à sua estratégia comercial, com perspectivas positivas para 2025, baseadas em seu forte potencial de dividendos.

O reajuste no preço do diesel e seus efeitos

Na última semana, a Petrobras anunciou um reajuste significativo no preço do diesel: um aumento de R$ 0,22 por litro, ou 6,3%. Este reajuste ocorre antes da alteração do ICMS sobre o combustível, o que poderia impactar ainda mais os preços ao consumidor final. O Itaú BBA, em seu relatório, destacou que esse movimento da empresa reflete a consistência da política de preços adotada, posicionando os valores do diesel em uma faixa intermediária da paridade de importação (IPP) e exportação (EPP). Atualmente, o preço está 3% abaixo da paridade de importação, mas 11% acima da exportação.

A medida é interpretada pelos analistas como um sinal de que a Petrobras mantém sua estratégia de autonomia em relação ao mercado externo e às oscilações dos preços globais de petróleo. Para o banco, essa estabilidade é fundamental para manter a previsibilidade da empresa no longo prazo.

A recomendação de compra para as ações da Petrobras segue firme, com preço-alvo de R$ 49. O Itaú BBA destaca que, além da política de preços, a empresa se destaca pelo seu alto retorno de dividendos esperado para 2025, que pode alcançar 16%. Isso, somado ao movimento recente com o diesel, reforça a visão positiva do banco sobre a performance da estatal nos próximos meses.

O Itaú BBA acredita que a Petrobras tem um forte potencial de gerar lucros consistentes, o que sustenta sua recomendação de compra. A análise também ressalta que, com o cenário atual de mercado, a empresa continua sendo uma das mais atrativas para investidores que buscam rentabilidade no setor de energia.

Além da Petrobras, o banco também manteve a recomendação de compra para PRIO (PRIO3), com preço-alvo de R$ 70. Mesmo diante de um cenário desafiador, onde a previsão para o primeiro óleo de Wahoo foi adiada para 2026, a PRIO se destaca pela sua capacidade de gerar fluxo de caixa livre (FCF yield) superior às demais empresas sob cobertura do Itaú BBA.

A PRIO, que recentemente enviou ao Ibama o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) com as correções solicitadas para o campo de Wahoo, aguarda a aprovação para seguir com o projeto. Caso o Ibama aprove, a próxima fase será a obtenção da licença prévia para iniciar a conexão do campo (tieback).

Impacto para as distribuidoras de combustíveis

Em relação às distribuidoras de combustíveis, o Itaú BBA projetou ganhos de estoque, como resultado do desconto persistente em relação à paridade de importação, o que melhora a dinâmica competitiva no setor. O banco acredita que isso beneficiará empresas como Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3), que seguem com recomendação de compra, respectivamente com preço-alvo de R$ 30 e R$ 28.

O relatório do Itaú BBA também destaca que, após um quarto trimestre de 2024 desafiador para as distribuidoras, a expectativa é de uma melhoria na dinâmica competitiva no início de 2025. As distribuidoras devem se beneficiar de uma maior competitividade e de ganhos de estoque, o que tende a reforçar sua posição no mercado.

Aumento no ICMS

Além do reajuste da Petrobras, os consumidores sentiram o impacto do aumento do ICMS sobre os combustíveis, com o ICMS sobre o diesel e a gasolina subindo R$ 0,06 e R$ 0,10 por litro, respectivamente. Essa mudança aumentou os custos para as distribuidoras de combustíveis, mas, ao mesmo tempo, deve gerar ganhos de estoque para as empresas do setor, que podem passar a ter margens maiores, em função do aumento de preços.

O Itaú BBA vê essa alta como um catalisador para a valorização das distribuidoras de combustíveis, que tendem a registrar um desempenho mais positivo a partir do primeiro trimestre de 2025, especialmente no que se refere à competitividade no setor.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.