PCC usa hotéis e motéis para lavar dinheiro, aponta investigação do MP
Uma investigação do Ministério Público e da Receita Federal revelou que o PCC utiliza hotéis, motéis e postos de combustíveis em São Paulo para lavar dinheiro.
Foto: Reprodução
O Primeiro Comando da Capital (PCC) está utilizando uma rede de hotéis, motéis e postos de combustíveis em São Paulo para lavar dinheiro, segundo investigação conduzida pelo Ministério Público e pela Receita Federal. A operação revela a complexidade do esquema financeiro da facção e como ela infiltra atividades ilícitas na economia formal.
As autoridades identificaram que o PCC movimenta recursos milionários por meio de contadores próprios e de empresas de fachada, dificultando o rastreamento do dinheiro. Um dos investigados possui procuração para mais de 200 empresas do setor de combustíveis, permitindo o controle das movimentações financeiras de forma legalizada, mas com fins ilegais.
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Nova operação mira jogos de azar e combustíveis adulterados
Nesta quinta-feira, 25 de setembro, o Ministério Público deflagrou uma operação visando desarticular o esquema do PCC ligado à exploração de jogos de azar e à comercialização de combustíveis adulterados. A ação envolveu o cumprimento de 25 mandados de busca e apreensão em 35 endereços em diversas cidades do Estado de São Paulo.
As investigações mostraram que os valores obtidos de forma ilícita eram movimentados através de uma fintech, a mesma utilizada pelos alvos da Operação Carbono Oculto, realizada em 28 de agosto. A fintech funcionava como uma ferramenta de lavagem de dinheiro, mascarando a origem e o destino dos recursos.
De acordo com o MP, a operação é resultado de meses de trabalho que começaram com a apreensão de máquinas de cartão em jogos ilegais em Santos, ligadas a postos de combustíveis. A análise financeira permitiu rastrear os valores, revelando a existência de uma rede complexa de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema.
Fintechs e contabilidade paralela do PCC
A investigação aponta que o PCC utilizava contabilidades paralelas em empresas de hotelaria, postos de combustíveis e instituições de pagamento. Essas práticas tinham o objetivo de dificultar o rastreamento financeiro e encobrir os recursos ilícitos provenientes de jogos de azar e combustíveis adulterados.
Segundo o MP, a complexidade do esquema incluía a movimentação de dinheiro por meio de pessoas e empresas de fachada, tornando a identificação da origem dos valores um desafio para as autoridades. A organização criminosa também operava com contadores próprios, garantindo o controle das finanças e a manutenção do sigilo sobre os crimes cometidos.
Operação Carbono Oculto e o impacto econômico
Em agosto, a Operação Carbono Oculto revelou a infiltração do crime organizado na economia formal. A ação focou em empresas, corretoras e fundos de investimento na Avenida Faria Lima, em São Paulo, e foi considerada a maior operação do tipo já realizada no país.
A principal instituição de pagamentos investigada, o BK Bank, registrou movimentações suspeitas que somaram R$ 17,7 bilhões. As investigações apontaram diversas práticas criminosas, como crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.
Segundo as autoridades, parte do domínio da cadeia produtiva de etanol, gasolina e diesel foi obtida por meio de associações entre grupos econômicos e operadores suspeitos de lavar dinheiro para o líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola. O advogado do líder criminal negou qualquer envolvimento do cliente nas ações investigadas.
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