Os economistas estão demonstrando um otimismo crescente em relação ao Federal Reserve (Fed) começar a reduzir as taxas de juros a partir de setembro. A movimentação acontece após a divulgação, nesta sexta-feira (03), de um payroll considerado “mais normal”. De acordo com o Departamento do Trabalho dos EUA, foram criadas 175 mil vagas em abril, uma cifra significativamente abaixo da média dos últimos 12 meses, que foi de 242 mil postos de trabalho.

Danilo Igliori, economista chefe da Nomad, destaca que os salários aumentaram 3,9% em termos anuais, um nível próximo do observado nos últimos meses. Ele observa que, ao contrário do mês anterior, o relatório de emprego de abril apresentou dados abaixo das expectativas, indicando que, embora ainda esteja apertado, o mercado de trabalho nos EUA pode estar desacelerando de forma mais perceptível.

Além disso, ele aponta que, juntamente com as estimativas preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) para o primeiro trimestre e os indicadores divulgados na última sexta-feira (ADP e Jolts), há mais evidências de uma possível mudança no cenário de atividade econômica.

Igliori observa que “a semana certamente está terminando de forma mais construtiva do que começou, com os mercados avaliando positivamente tanto as comunicações do FOMC quanto o pacote de dados do mercado de trabalho”, disse.

André Cordeiro, economista-sênior do Banco Inter, também destaca a questão do aumento salarial e aponta que a variação dos últimos 3 meses, anualizada, está em 2,8%, amplamente consistente com a meta de inflação de 2% perseguida pelo Fed.

“De modo geral, o resultado do payroll de hoje indica um enfraquecimento na margem do mercado de trabalho, mas ainda aponta para um mercado apertado. Apesar da média móvel de 3 meses da adição de empregos ter desacelerado pela primeira vez desde novembro de 2023, ela ainda está acima de 200 mil empregos por mês”, adverte.

Cordeiro também nota que os setores mais cíclicos parecem estar perdendo força, o que diminui um pouco as preocupações sobre a reaceleração do mercado de trabalho.

Ele afirma que o resultado de hoje aumenta as chances do início do ciclo de cortes em 2024, embora não altere o panorama para a reunião de junho. “Até lá, teremos mais um payroll e duas divulgações adicionais de inflação. Se essa tendência no mercado de trabalho persistir e não houver sinais contundentes de reaceleração da inflação, esperamos que o primeiro corte ocorra na reunião de setembro”, projeta.