O Japão discute a jornada de 4 dias no Japão como uma alternativa para reduzir o estresse laboral e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. A medida surge em meio a preocupações com a queda da taxa de natalidade e o aumento de casos de “karoshi”, ou morte por excesso de trabalho, mas contrasta com o estilo intenso da nova primeira-ministra, Sanae Takaichi, que mantém um ritmo de trabalho extremo.

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As autoridades de Tóquio têm avaliado a implementação de uma semana de trabalho de quatro dias com o objetivo de diminuir a exaustiva cultura laboral japonesa. A proposta visa não apenas reduzir o estresse, mas também incentivar a produtividade, a saúde mental e permitir que os trabalhadores tenham mais tempo para a vida pessoal.

O Japão enfrenta uma pressão crescente para adotar medidas de bem-estar no trabalho. Com uma população envelhecendo rapidamente e taxas de natalidade em queda, especialistas alertam que sem mudanças, o país poderá enfrentar problemas econômicos significativos. A redução da carga horária é vista por muitos como essencial para a sobrevivência econômica do país.

Primeira-ministra Takaichi e o contraste com a proposta

A nova primeira-ministra, Sanae Takaichi, tem demonstrado um ritmo de trabalho extremamente intenso, dormindo em média apenas duas horas por noite. Recentemente, Takaichi convocou sua equipe para uma reunião às 3 da manhã, com o objetivo de se preparar para uma sessão parlamentar, o que gerou críticas pelo impacto sobre a equipe.

Apesar de admitir que a prática causa transtornos, a líder defende seu método como necessário para responder de forma eficaz às demandas do parlamento. Desde sua posse, Takaichi enfatizou que pretende trabalhar de forma incansável, dizendo que quer descartar o conceito de “equilíbrio entre vida pessoal e trabalho” para si mesma.

Ainda assim, a premiê afirmou apoiar mudanças que protejam a saúde dos trabalhadores. “Se conseguirmos criar condições para que as pessoas possam equilibrar responsabilidades familiares e profissionais e ainda aproveitar momentos de lazer, isso seria o ideal”, declarou Takaichi à AFP.

Benefícios da jornada de 4 dias no Japão

A adoção da jornada de 4 dias no Japão promete diversos benefícios, segundo estudos internacionais. Experimentos conduzidos pela organização 4 Day Week Global em seis países mostraram que trabalhadores experimentaram menos estresse, melhor sono e maior foco durante o expediente. Além disso, os homens passaram mais tempo cuidando dos filhos e das tarefas domésticas, promovendo uma divisão mais justa das responsabilidades familiares.

Especialistas destacam que a redução da carga horária também pode impactar positivamente a taxa de natalidade, oferecendo aos pais mais tempo para criar os filhos. Dados do FMI indicam que metade das mulheres japonesas que optaram por ter menos filhos justificam a decisão devido ao aumento da carga doméstica associada à chegada de mais crianças.

Contexto demográfico e impacto econômico

O Japão enfrenta uma queda histórica na natalidade. Entre janeiro e junho de 2025, foram registrados cerca de 339 mil nascimentos, aproximadamente 10 mil a menos do que no mesmo período do ano anterior, segundo o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar.

Essa tendência representa um risco significativo para setores voltados ao consumidor, que dependem do crescimento populacional e da demanda crescente. A implementação da jornada de 4 dias no Japão surge, portanto, como uma resposta estratégica para equilibrar questões sociais e econômicas, incentivando os trabalhadores a permanecerem ativos no mercado enquanto têm mais qualidade de vida.

Inteligência artificial e tendências futuras

Com a tecnologia transformando o ambiente profissional, especialistas sugerem que jornadas reduzidas podem chegar mais cedo do que se imagina. A inteligência artificial tem potencial para automatizar tarefas repetitivas, permitindo que funcionários mantenham produtividade mesmo com menos dias de trabalho.

Bill Gates chegou a questionar publicamente: “Será que deveríamos trabalhar apenas dois ou três dias por semana?” A reflexão aponta para um futuro em que a jornada de 4 dias no Japão pode se tornar uma necessidade econômica, social e tecnológica.

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