Novas regras de EAD provocam queda nas ações da Cogna (COGN3) e demais educacionais
O Ministério da Educação publicou novas regras para o ensino a distância (EAD) que limitam o uso do conteúdo online e proíbem cursos da área de saúde nessa modalidade.

O setor de educação no Brasil enfrenta um momento de transformação com a publicação das novas regras de EAD pelo Ministério da Educação (MEC) em 19 de maio de 2025. O decreto estabelece um marco regulatório para o ensino a distância, impactando diretamente as operações e finanças das principais empresas do segmento. Na abertura dos mercados no dia 20, as ações de educacionais como Cogna e Yduqs sofreram quedas significativas, refletindo a preocupação do mercado com os custos mais altos e as restrições impostas pela nova regulamentação.
Impacto imediato das novas regras de EAD nas ações do setor educacional
As ações da Cogna (COGN3) lideraram as quedas do setor, recuando até 7,8% e fechando a R$ 2,84, enquanto Yduqs (YDUQ3) teve queda de 5%, cotada a R$ 14,97. Outras empresas fora do Ibovespa também sofreram perdas relevantes: Ânima (ANIM3) caiu 8,39%, Vitru (VTRU3) 8,96% e Cruzeiro do Sul (CSED3) 1,49%. Em contrapartida, a Ser Educacional (SEER3) se destacou positivamente, registrando alta de 2,44%.
Esse movimento ocorre justamente após a oficialização das novas regras pelo MEC, que passaram a regular rigorosamente o modelo EAD, especialmente em relação aos cursos presenciais que utilizam conteúdos online. A expectativa do mercado era de custos operacionais mais altos e dificuldades para expansão da modalidade, trazendo insegurança e pressão nas margens.
O que dizem as novas regras de EAD do MEC e seus efeitos no setor
O decreto publicado pelo MEC define um novo marco regulatório para o ensino a distância, válido a partir de agora para todas as novas captações de alunos. Entre os principais pontos estão:
- Limitação do conteúdo EAD para, no máximo, 30% do total em cursos presenciais (antes, o limite era 40%).
- Proibição do uso de EAD e ensino semipresencial para cursos da área da saúde, como Enfermagem.
- Período de transição de dois anos para que as instituições possam se adaptar.
Essas mudanças significam um aumento dos custos operacionais, uma vez que a hora-aula presencial custa aproximadamente 10 vezes mais que a hora-aula em EAD. Com isso, empresas que abusavam do modelo online terão que aumentar suas operações presenciais, pressionando suas margens financeiras.
Empresas mais afetadas e perspectivas para o setor educacional
Entre as companhias listadas, a Cogna e a Yduqs são as mais expostas às novas regras de EAD, com 83% e 52% da base de alunos em cursos digitais, respectivamente. Isso pode levar a um aumento significativo nos custos e uma maior dificuldade para manutenção da base de alunos. Já a Ânima, com menor exposição ao ensino a distância (34%), e a Afya, que depende quase exclusivamente de cursos presenciais, devem sofrer impactos menos expressivos.
O curso de Enfermagem, que foi proibido no modelo EAD e semipresencial, representa um ponto crítico. A Cogna tem cerca de 8% de seus alunos EAD nessa área, enquanto a Ser Educacional possui 7%. A Yduqs e a Ânima possuem uma exposição menor, com 1% cada.
Análise dos bancos e o futuro do ensino a distância no Brasil
Segundo o Morgan Stanley, o decreto confirma que os custos estruturais no ensino a distância subirão, com impactos negativos para o setor. Entretanto, ainda é difícil prever quais empresas serão mais ou menos prejudicadas e o que já foi precificado pelo mercado. O risco regulatório permanece, já que o MEC pode alterar algumas regras futuramente.
A XP Investimentos vê o novo marco regulatório como uma etapa importante para que as empresas possam planejar suas estratégias de médio e longo prazo, apesar dos desafios de curto prazo. A casa destaca que a Cogna tem flexibilidade operacional para ajustar seu modelo e que o período de transição deve ajudar a mitigar os impactos.
Já o BTG Pactual ressalta que a alta exposição ao EAD torna as empresas mais vulneráveis ao aumento dos custos e que a pressão pode ser maior, especialmente porque o setor já tem dificuldade histórica de repassar aumentos via mensalidades. Empresas com baixa exposição, como a Ânima, podem até se beneficiar relativamente, ganhando vantagem competitiva.
O Goldman Sachs destaca que, apesar dos custos maiores, o marco regulatório pode favorecer a consolidação do setor, beneficiando empresas maiores que já possuem infraestrutura compatível com as novas exigências.