Maioria dos indicados por Lula no Copom decide pela primeira vez sobre a taxa de juros
Em uma reunião histórica, os indicados pelo presidente Lula formam, pela primeira vez, a maioria no Copom.

Os indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) formam, pela primeira vez no governo, a maioria no Comitê de Política Monetária (Copom), o órgão responsável por definir a taxa básica de juros (Selic) do Brasil. Essa reunião histórica ocorre nos dias 28 e 29 de janeiro de 2025 e marca uma mudança significativa no rumo da política monetária do país. Durante este encontro, os membros do Copom devem decidir sobre uma alta de 1 ponto percentual na Selic, uma medida que já é vista como consenso entre os agentes do mercado financeiro.
Mudança no Copom
O Copom, composto por nove membros, tem o poder de influenciar diretamente a economia do Brasil por meio da definição da taxa Selic. Esta taxa serve como referência para as operações de crédito e afeta diretamente os juros pagos por consumidores e empresas. No entanto, o que torna essa reunião ainda mais relevante é que, pela primeira vez, os indicados por Lula têm a maioria no colegiado. Isso ocorre devido à conclusão dos mandatos de três diretores indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2024, e à nomeação de novos nomes pelo governo Lula.
Esses novos indicados são: Gabriel Galípolo (presidente do Banco Central), Gilney Vivan (diretor de Regulação), Izabela Correia (diretora de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta) e Nilton José David (diretor de Política Monetária). Com a presença predominante dos indicados por Lula, espera-se que as decisões do Copom sigam a linha política e econômica do atual governo.
O principal ponto de discussão entre os membros do Copom nesta reunião é o aumento da taxa de juros. O mercado financeiro já prevê um aumento de 1 ponto percentual na Selic, que passaria de 12,75% para 13,75% ao ano. Essa alta é vista como uma medida necessária para controlar a inflação, que tem demonstrado sinais de desaceleração, mas ainda permanece em níveis elevados. Além disso, as projeções para o final de 2025 apontam para uma inflação em torno de 5,50%, o que reforça a necessidade de medidas mais enérgicas para garantir o controle da economia.
O aumento da Selic é uma resposta a um contexto econômico que ainda apresenta desafios, como o aumento dos custos de produção e a pressão sobre os preços de alimentos e energia. A decisão de elevar os juros tem como objetivo segurar a inflação e garantir um ambiente econômico mais estável, o que é fundamental para o crescimento do país.
A lei de autonomia do Banco Central
A mudança na composição do Copom está diretamente relacionada à lei de autonomia do Banco Central, sancionada em 2021. Esta legislação estabelece mandatos de 4 anos para os diretores do BC, com períodos de substituição intercalados, o que impede que os presidentes da República tenham controle absoluto sobre a política monetária. Essa autonomia garante que as decisões do BC sejam tomadas com base em critérios técnicos, sem a interferência direta do governo em funções de longo prazo, como o controle da taxa de juros.
Em 2024, com a saída dos indicados por Bolsonaro, o governo de Lula assumiu o controle de uma parte significativa do Copom. A maior parte dos diretores presentes na reunião de janeiro de 2025, portanto, foi escolhida diretamente por Lula, o que tem implicações sobre o direcionamento das políticas monetárias nos próximos anos.
Como os novos indicados de Lula estão influenciando as decisões do Copom?
Desde que assumiram seus postos, os indicados por Lula têm demonstrado um alinhamento com a agenda econômica do governo, principalmente no que diz respeito ao controle da inflação e ao fortalecimento da autonomia do Banco Central. Embora, até o momento, tenha havido pouca divergência nas decisões, os novos diretores têm maior influência nas últimas reuniões, especialmente após a saída de Campos Neto. Em dezembro de 2024, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, declarou que os diretores indicados por Lula têm tido um papel mais ativo nas decisões do Copom, com maior peso nos votos. Esse movimento ocorre no mesmo período em que o Banco Central adotou uma postura mais rigorosa, com um aumento de 1 ponto percentual na Selic e projeções de juros a 14,25% ao ano.
Perspectivas para a política monetária
O ano de 2025 marca o primeiro em que o governo Lula terá maior número de diretores indicados no Banco Central, o que altera a dinâmica das decisões econômicas do país. Isso pode resultar em políticas mais alinhadas com as prioridades do governo, como o combate à inflação e a manutenção de uma política monetária mais austera.
Com as projeções apontando para uma Selic de 13,25% ao ano a partir de 29 de janeiro de 2025, a expectativa é que o governo continue a pressionar por uma política monetária mais restritiva. Isso visa garantir um ambiente econômico controlado, onde a inflação seja combatida de forma eficiente, sem comprometer o crescimento de longo prazo.