Lula defende Galípolo e afirma que alta da Selic será corrigida com o tempo
Durante o lançamento do Plano Safra, o presidente Lula defendeu a atuação de Gabriel Galípolo no comando do Banco Central e afirmou que a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, será corrigida com o tempo.

Durante o lançamento do Plano Safra para agricultura familiar, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a seriedade do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e comentou sobre o atual cenário da taxa básica de juros, a Selic, que atingiu o maior patamar em duas décadas. Lula assegurou que, embora a política monetária esteja em um momento rígido, “as coisas vão ser corrigidas com o passar do tempo”.
A afirmação ocorre em meio a críticas recorrentes do presidente à condução dos juros pelo Banco Central nos últimos anos. A Selic, atualmente em 15% ao ano, tem impactado diretamente o custo do crédito e o ritmo de crescimento econômico do país.
Selic atinge 15% e pressiona economia e crédito
A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, foi elevada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em sua reunião de 18 de junho, alcançando 15% ao ano. É o maior nível registrado nos últimos 20 anos. A decisão dá continuidade a um ciclo de alta iniciado ainda em 2023 e reforçado ao longo de 2024, totalizando sete aumentos consecutivos.
Essa taxa é crucial, pois serve de referência para empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Quando a Selic sobe, o crédito torna-se mais caro, o que desestimula o consumo e ajuda a controlar a inflação. No entanto, o efeito colateral é a desaceleração da atividade econômica, impactando empresas, famílias e investimentos em geral.
Segundo analistas de mercado, a elevação contínua da Selic tem sido interpretada como uma medida necessária diante das pressões inflacionárias persistentes. Ainda assim, cresce a expectativa de que o ciclo se reverta no início de 2025, com possíveis cortes nos juros.
Lula reforça independência do Banco Central e elogia Galípolo
Em seu discurso, Lula reiterou a autonomia do Banco Central, reconhecendo que a política de juros não está diretamente sob o controle do governo. Mesmo assim, enfatizou sua confiança em Gabriel Galípolo, atual presidente da instituição, afirmando que ele é “muito sério” e que haverá ajustes futuros.
“Eu gostaria que todos os juros fossem zero, mas ainda não depende da nossa política econômica. O Banco Central é independente, o Galípolo é um presidente muito sério, e eu tenho certeza de que as coisas vão ser corrigidas com o passar do tempo”, declarou Lula.
A declaração ocorre após um período de tensão entre o Executivo e a autoridade monetária, especialmente durante a gestão de Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Campos Neto foi alvo de críticas por parte de Lula, que o acusava de manter os juros artificialmente altos, prejudicando o crescimento econômico.
Expectativa de mercado indica cortes na Selic em 2025
Embora a Selic esteja em um dos patamares mais altos da história recente, instituições financeiras e analistas econômicos projetam uma reversão da política monetária a partir do início de 2025. A expectativa é de que, com a inflação sob controle e sinais de desaquecimento da economia, o Banco Central inicie um ciclo de cortes na taxa de juros.
Essas previsões trazem algum alívio para setores produtivos e consumidores, que enfrentam encarecimento do crédito e retração da demanda. O cenário de juros elevados também tem afetado investimentos em infraestrutura e financiamentos de longo prazo.
Plano Safra destinará R$ 78,2 bilhões à agricultura familiar
As declarações de Lula foram feitas durante o lançamento do Plano Safra 2025–2026 para a agricultura familiar, que ocorrerá entre julho deste ano e junho do próximo. O governo federal anunciou R$ 78,2 bilhões em crédito com taxas reduzidas, variando entre 0,5% e 8% ao ano, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
No total, o plano prevê movimentar R$ 89 bilhões, somando crédito rural, seguro agrícola, compras públicas, assistência técnica e políticas de garantia de preços. A medida visa fortalecer a produção familiar no campo, estimulando o abastecimento interno e a geração de renda no meio rural.