O julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus pela trama golpista teve seu segundo dia nesta quarta-feira (3), no Supremo Tribunal Federal (STF), com destaque para as defesas do ex-presidente e de três generais acusados de participar de ações contra a ordem democrática após as eleições de 2022. A sessão ocorreu apenas na parte da manhã e durou quase quatro horas, sendo marcada por contestações às provas apresentadas e críticas à condução do processo.

Leia também:

Defesa de Jair Bolsonaro questiona provas e delação de Cid

No centro das atenções, o advogado Celso Vilardi, representante de Bolsonaro, afirmou que não existe uma única prova que ligue o ex-presidente aos atos golpistas ou ao ataque de 8 de janeiro. Vilardi criticou a delação de Mauro Cid, alegando que o ex-ajudante de ordens foi induzido a implicar Bolsonaro e não é confiável.

Além disso, o advogado ressaltou que a defesa enfrentou limitações de tempo e acesso às provas, que totalizam mais de 70 terabytes de dados, o que teria comprometido a análise completa do processo. “Nós não tivemos o tempo que a Polícia Federal e o Ministério Público tiveram [para analisar as provas]. São bilhões de documentos. Eu não conheço a íntegra desse processo”, disse Vilardi.

Outro ponto destacado foi que Bolsonaro, segundo a defesa, realizou a transição de governo para Lula em 2022 sem criar obstáculos, contrariando a acusação de tentativa de golpe. Vilardi argumentou que o ex-presidente mediou contatos entre os comandantes das Forças Armadas e o ministro da Defesa nomeado por Lula, José Múcio, garantindo a continuidade administrativa.

A defesa pediu a absolvição de Bolsonaro e afirmou que a pena de 30 anos sugerida seria desproporcional. Vilardi reforçou que o ex-presidente não incitou atos violentos e que as medidas discutidas pelo núcleo acusado estavam previstas na Constituição.

Braga Netto: contestação à delação de Cid e pedido de absolvição

O advogado José Luís Oliveira Lima, que representa o general Walter Braga Netto, contestou a validade da delação de Mauro Cid, afirmando que ela não se sustenta e contém inconsistências. Segundo ele, Braga Netto foi acusado de forma imprecisa, sem provas concretas, incluindo alegações de que teria recebido dinheiro para financiar o golpe.

A defesa também criticou o volume de documentos anexados ao processo e o tempo insuficiente para análise, denunciando cerceamento de defesa. Lima pediu que o general fosse absolvido, afirmando que “não se pode condenar alguém com base em uma narrativa; tem que se condenar por provas”.

Augusto Heleno: afastamento e questionamentos à conduta do relator

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, teve sua defesa conduzida por Matheus Mayer Milanez. O advogado questionou a atuação do ministro relator Alexandre de Moraes, afirmando que um juiz não deve se tornar protagonista do processo.

A defesa negou que Heleno tenha pressionado militares ou participado de atos golpistas. Também criticou o uso da agenda apreendida como prova e destacou que o general estava afastado de Bolsonaro no fim do governo, afastando-o das decisões sobre o suposto golpe.

Paulo Sérgio Nogueira: defesa sustenta inocência

O advogado Andrew Fernandes, representante do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que o general tentou demover Bolsonaro de ações golpistas e não participou da organização criminosa acusada. Segundo a defesa, ele esteve ausente em reuniões do chamado “gabinete de crise” e sofreu ataques virtuais por sua postura institucional.

O advogado também explicou que a fala de Paulo Sérgio sobre a fiscalização das urnas eletrônicas ter sido “para inglês ver” não indica tentativa de golpe, destacando que a parceria entre Ministério da Defesa e Justiça Eleitoral sempre rendeu bons resultados, como testes de integridade com biometria.

Gostou deste conteúdo? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Linkedin