Bolsonaro depõe no STF: interrogatório marca nova fase em investigação de trama golpista
A matéria aborda o interrogatório de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal sobre a suposta trama golpista de 2022, que visava mantê-lo no poder.

O Supremo Tribunal Federal (STF) é o palco central de uma nova fase nas investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Nesta terça-feira, 10 de junho de 2025, Jair Bolsonaro foi interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, marcando um dos momentos mais aguardados do processo. A expectativa é que o depoimento do ex-presidente traga novos contornos para a apuração dos fatos que visavam mantê-lo no poder após a derrota nas eleições.
A sessão de interrogatórios, que se iniciou na última segunda-feira, 9 de junho de 2025, já contou com a oitiva de figuras-chave. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, prestou depoimento e, segundo informações, confirmou que o ex-presidente leu e fez alterações na chamada “minuta do golpe”. Essa revelação adiciona um peso significativo às evidências já coletadas.
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Interrogatórios no STF: estratégias de defesa e novas revelações
Os interrogatórios do “núcleo duro” da suposta trama golpista prosseguiram hoje no STF, com destaque para a diversidade de estratégias adotadas pelos réus. O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e apontado como um dos idealizadores do plano, optou pelo silêncio parcial, respondendo apenas às perguntas de sua própria defesa. Essa postura, embora um direito constitucional, pode ser interpretada de diversas formas no decorrer do processo.
O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, também foi ouvido. Em seu depoimento, Torres reiterou que sua pasta não encontrou quaisquer indícios de fraude nas urnas eletrônicas e que nunca questionou a lisura do processo eleitoral de 2022. Sua fala busca desvincular o ministério de qualquer envolvimento em alegações infundadas sobre as eleições. Já o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, negou veementemente ter colocado tropas à disposição para um eventual golpe de Estado, reforçando a linha de defesa que descaracteriza a participação das Forças Armadas em atos de ruptura institucional.
A importância desses depoimentos reside na capacidade de cada réu em apresentar sua versão dos fatos, contradizer acusações e esclarecer seu papel na cadeia de eventos que culminou na investigação. O processo de interrogatório é uma etapa crucial para que o Supremo Tribunal Federal consiga formar um panorama completo e embasado sobre a alegada trama golpista e a participação de cada envolvido.
STF nega pedido da defesa de Bolsonaro para apresentação de vídeos
Durante o aguardado interrogatório de Bolsonaro, que teve início após uma breve pausa para almoço, um fato relevante ocorreu. O ministro Alexandre de Moraes negou o pedido da defesa do ex-presidente para exibir vídeos durante sua oitiva na Primeira Turma do STF. A decisão de Moraes, proferida às 13h51, enfatiza que o interrogatório não é o momento processual adequado para a apresentação de novas provas, especialmente aquelas que ainda não foram formalmente anexadas aos autos e, portanto, são desconhecidas das demais partes envolvidas no processo.
Moraes frisou que o interrogatório serve como um momento de autodefesa, onde o réu expõe sua versão dos acontecimentos e pode refutar os argumentos apresentados pela acusação. Ele abriu a possibilidade para que a defesa anexe os vídeos ao processo posteriormente, garantindo que o material seja devidamente analisado e debatido pelas partes envolvidas. Essa medida visa assegurar a isonomia processual e a correta tramitação da fase de coleta de provas.
A condução do interrogatório e as decisões do ministro Alexandre de Moraes sublinham a seriedade e a rigor do processo judicial. O objetivo é garantir que todas as provas sejam apresentadas e debatidas em tempo hábil e de acordo com as normas legais, assegurando um julgamento justo e transparente.