O J.P. Morgan, uma das maiores instituições financeiras do mundo, planeja permitir que clientes institucionais utilizem bitcoin (BTC) e ether (ETH) como garantia para empréstimos até o final de 2025. O movimento representa um passo histórico na integração das criptomoedas ao núcleo do sistema financeiro global, segundo informações do Valor Econômico.

O programa será oferecido globalmente e contará com um custodiante terceirizado para proteger os ativos digitais usados como colateral. A iniciativa amplia a política anterior do banco, que já aceitava ETFs vinculados a criptoativos como forma de garantia.

A instituição liderada por Jamie Dimon, que há poucos anos classificava o bitcoin como “fraude supervalorizada”, agora o coloca no mesmo patamar de ações, títulos e ouro como instrumento financeiro legítimo.

Criptomoedas ganham espaço em Wall Street

A decisão ocorre em um momento de reversão de obstáculos regulatórios nos Estados Unidos, sob a nova administração Trump, e de forte valorização do bitcoin, que atingiu uma máxima histórica de US$ 126.251 neste mês.

Outros gigantes de Wall Street seguem o mesmo caminho. O Morgan Stanley planeja liberar negociação de criptomoedas em sua plataforma de varejo E*Trade no próximo ano, enquanto State Street, BNY Mellon, Fidelity e BlackRock ampliam seus serviços de custódia e investimento em ativos digitais.

De acordo com fontes ouvidas pelo Valor, o JPMorgan já havia testado empréstimos lastreados em bitcoin em 2022, mas arquivou o projeto. A retomada agora reflete o aumento da demanda institucional e o avanço regulatório em mercados como União Europeia, Singapura e Emirados Árabes Unidos.

“Uma mudança estrutural no mercado global”

Para Lucas Bosquesi, assessor de investimentos e sócio da InvestSmart XP, o movimento do JPMorgan confirma que as criptomoedas deixaram de ser um ativo alternativo para se tornarem parte da engrenagem financeira tradicional.

“Quando um banco desse porte aceita criptoativos como colateral, envia uma mensagem clara: Bitcoin possui liquidez, segurança e está sendo reconhecido como reserva de valor legítima”, afirmou Bosquesi.

“Isso abre portas para que investidores qualificados usem suas posições em cripto para acessar crédito sem precisar vender ativos, mantendo exposição à valorização futura”, completou.

Segundo ele, a convergência entre finanças tradicionais e digitais está se acelerando, impulsionada pelo amadurecimento regulatório e pelo avanço da infraestrutura. “A questão não é mais se as criptomoedas farão parte do sistema financeiro, mas como cada investidor vai se posicionar nessa nova realidade”, conclui.

Implicações para investidores

A decisão do JPMorgan pode inaugurar uma nova era de empréstimos colateralizados com ativos digitais, reforçando o papel das criptomoedas como instrumento de gestão patrimonial e estratégia de crédito.
Para o mercado, é um sinal de que o bitcoin e o ether já não são vistos apenas como apostas especulativas, mas como ativos com utilidade real dentro da estrutura financeira global.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.