Em setembro, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou o maior aumento em mais de um ano, impulsionado pelos preços mais altos dos combustíveis e do minério de ferro, de acordo com André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pelo indicador.

O especialista comentou que o IGP-DI subiu 0,45% em setembro, o maior desde junho de 2022 (0,62%), após um aumento de 0,05% em agosto. No entanto, ele acredita que o índice pode desacelerar nos próximos meses, uma vez que o aumento em setembro foi principalmente devido aos reajustes nos preços dos combustíveis que ocorreram em agosto e não devem se repetir em outubro.

Braz também explicou que o aumento dos preços dos combustíveis teve um impacto significativo no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que subiu de 0,10% para 0,51% no período, com o diesel sendo responsável por cerca de 70% desse aumento, devido ao reajuste da Petrobras em agosto. Além disso, a gasolina automotiva também ficou mais cara no atacado devido aos reajustes da Petrobras anunciados em agosto.

Além dos combustíveis, o preço do minério de ferro também aumentou consideravelmente no setor atacadista, passando de 0,19% para 7,72% de agosto a setembro, contribuindo significativamente para a inflação atacadista, que representa 60% do IGP-DI.

No varejo, os preços dos combustíveis também subiram, com a gasolina ficando 2,62% mais cara para os consumidores, influenciando a variação no Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI), que passou de -0,22% para 0,27% de agosto para setembro.

No entanto, o especialista acredita que, devido ao fato de os aumentos de preços terem se concentrado em alguns produtos específicos, não é esperada uma aceleração significativa nos preços nos próximos resultados do IGP-DI. Ele considera que os aumentos foram pontuais e não generalizados.

Além disso, Braz não vê a aceleração do núcleo de inflação do varejo como um sinal de preocupação com a inflação, mas sim como um “repique” temporário.

O que é o IGP-DI

O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) é um indicador econômico utilizado no Brasil para medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços ao longo do tempo. Ele é calculado mensalmente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP), que inclui também o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) e o IGP-10.

O IGP-DI é composto por três subíndices que representam diferentes aspectos da economia:

  • IPA-DI (Índice de Preços ao Produtor Amplo – Disponibilidade Interna): Mede a variação de preços no atacado, considerando produtos agropecuários e industriais.
  • IPC-DI (Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna): Avalia a variação de preços no varejo, considerando uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias.
  • INCC-DI (Índice Nacional de Custo da Construção – Disponibilidade Interna): Monitora a variação de preços na construção civil, incluindo materiais de construção e mão de obra.

O IGP-DI é amplamente utilizado como referência para reajustes de contratos e negociações comerciais, além de servir como um indicador importante para a análise da inflação no país.