O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou uma alta de 1,0% em fevereiro, marcando um avanço expressivo após o tímido aumento de 0,11% em janeiro. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (10) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), destacando um forte aumento na pressão de preços, tanto no atacado quanto no varejo. Este crescimento veio abaixo da previsão do mercado, que era de um aumento de 1,15%, mas ainda assim reflete um impacto significativo no custo de vida no país.

A elevação no índice foi influenciada por variações em diversos componentes da economia, desde os preços no atacado, com o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), até a aceleração dos custos para o consumidor, refletidos no Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Com isso, o IGP-DI subiu 8,78% no acumulado dos últimos 12 meses, mostrando que a inflação continua sendo um tema relevante para a economia brasileira.

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Pressão nos preços ao produtor e ao consumidor

Em fevereiro, o IPA-DI, que representa 60% do IGP-DI, teve uma alta de 1,03%, impulsionado pela forte elevação nos preços de produtos agrícolas, como ovos e milho. No caso dos ovos, o aumento foi de 33,86%, após uma queda de 2,05% em janeiro. O milho, por sua vez, subiu 4,80%, refletindo tanto a alta demanda quanto a baixa disponibilidade, agravada por desafios logísticos que afetaram a oferta.

Segundo Matheus Dias, economista do FGV IBRE, “os preços ao produtor foram fortemente impactados pela demanda elevada e pela baixa disponibilidade, com destaque para os ovos e o milho. Estes aumentos têm um impacto direto na cadeia alimentar, especialmente nas proteínas animais, o que poderia refletir em outras commodities alimentícias nos próximos meses”.

Esse aumento no preço de itens essenciais tem um efeito em cadeia, pressionando o custo de vida, especialmente no setor de alimentos, o que contribui para a inflação geral.

Aceleração no IPC e impacto nas tarifas de energia

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-DI, teve uma alta de 1,18% em fevereiro, após uma modesta variação de 0,02% no mês anterior. O maior impacto nesse aumento veio do fim do bônus da tarifa de energia elétrica, concedido pela usina de Itaipu. Este fator foi responsável por quase 50% da pressão sobre os preços aos consumidores, especialmente nas regiões que se beneficiavam dessa redução.

O grupo de Habitação teve uma variação considerável: os preços passaram de uma queda de 2,43% em janeiro para uma alta de 3,80% em fevereiro, com a tarifa de eletricidade residencial subindo 17,68% após uma queda de 13,58% no mês anterior. Este aumento reflete as dificuldades de manutenção de custos baixos no setor de energia, que impactam diretamente as famílias brasileiras.

Desaceleração nos custos da construção civil

Outro componente importante do IGP-DI, o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), teve uma desaceleração em sua alta, passando de 0,83% em janeiro para 0,40% em fevereiro. Embora ainda apresente um aumento, esse índice mostra que o setor de construção civil está começando a sentir os efeitos da desaceleração em sua atividade, o que pode ser um reflexo de uma adaptação a preços mais altos e maior cautela por parte dos empresários do setor.

Metodologia e relevância do IGP-DI

O IGP-DI, calculado pela FGV, é um índice que mensura os preços ao produtor, ao consumidor e na construção civil, sendo um indicador importante para entender a evolução dos preços na economia brasileira. Ele reflete as variações de preços no período entre o 1º e o último dia de cada mês de referência, capturando tanto as flutuações nos preços dos produtos no atacado quanto no varejo, e as mudanças no custo de construção de imóveis.

Por ser um índice que abrange múltiplos setores da economia, o IGP-DI serve como uma ferramenta crucial para a análise da inflação, ajudando o governo e os investidores a entenderem os movimentos dos preços em diferentes esferas da economia.