Inflação da cerveja é de 5,6% em um ano: o que isso significa para a Ambev
A inflação da cerveja no Brasil atingiu 5,6% em 12 meses, acima do IPCA-15, refletindo os reajustes aplicados por fabricantes como Ambev e Heineken.

A inflação da cerveja no Brasil atingiu 5,6% em 12 meses, superando a média do IPCA-15, e isso traz reflexos diretos para o desempenho da Ambev (ABEV3) no mercado. Enquanto os preços sobem, os volumes de venda enfrentam queda, evidenciando o dilema do setor entre repasse de custos e manutenção do consumo.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 16 de agosto e 15 de setembro, o preço da cerveja avançou 0,6%, acima do IPCA-15 de 0,48%, indicando que os reajustes aplicados pelas fabricantes estão se mantendo no mercado. No acumulado anual, a alta de 5,6% supera os 5,3% do índice geral, confirmando que a cerveja ficou mais cara que a cesta de produtos considerada pelo IPCA-15.
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Queda de volumes pressiona o setor
Embora o aumento de preços ajude a proteger a margem das fabricantes, o consumo não acompanha a mesma evolução. A produção de cerveja no Brasil registrou recuo de 15% em julho, na comparação com o mesmo mês de 2024, e as estimativas apontam para uma queda de 3% nos volumes no terceiro trimestre, com viés de baixa devido à inflação de custos.
De acordo com analistas do Bradesco BBI, o setor enfrenta um cenário de troca direta entre preços mais altos e menor volume vendido, o que levanta dúvidas sobre a capacidade de manter esse equilíbrio, especialmente com a chegada do verão, período tradicionalmente de maior consumo de cerveja. Além disso, a competição entre marcas tende a se intensificar, o que pode afetar tanto preços quanto participação de mercado.
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Estratégia da Ambev e impacto financeiro
Para a Ambev, a inflação da cerveja reflete um cenário de proteção de margens, mas também de desafios no consumo. A empresa conseguiu sustentar reajustes de preços no início do ano e continua a operar com promoções controladas. No entanto, a recuperação de participação de mercado deve ocorrer de forma gradual, segundo os estrategistas do Bradesco BBI.
O banco mantém recomendação neutra para ABEV3, com preço-alvo de R$ 13 por ação, e avalia que as ações da Ambev estão sendo negociadas a 12,8 vezes o preço sobre lucro projetado para 2026, em linha com empresas globais do setor, mas com um desconto de 12% em relação à AB InBev. Esses números mostram que, embora a empresa tenha capacidade de repassar custos, pressões no consumo ainda limitam o potencial de crescimento imediato.
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