O 2T25 da Ambev (ABEV3) promete resultados desafiadores para a companhia, que deve enfrentar uma combinação de queda nos volumes vendidos e aumento nos preços, especialmente na divisão de cervejas no Brasil. Analistas destacam que a empresa terá que lidar com custos crescentes, maior concorrência e uma mudança estratégica para preservar suas margens de lucro após longo período de foco em crescimento por volume.

Queda nos volumes e aumento moderado no lucro: os números previstos para o 2T25 da Ambev

O próximo balanço do segundo trimestre de 2025, a ser divulgado no dia 31, será um termômetro importante para a Ambev. A empresa deve reportar um recuo nos volumes, principalmente na divisão de cervejas no Brasil, onde a venda deve cair entre 1,7% e 2,9%, conforme estimativas do Bradesco BBI e BTG Pactual. Este movimento ocorre em um cenário de consumo doméstico enfraquecido, reajustes de preços pós-Carnaval e pressão competitiva intensa.

Por outro lado, a receita líquida por hectolitro tende a apresentar crescimento entre 4,1% e 4,9%, impulsionada pela estratégia da companhia de repassar os custos maiores para o consumidor. Isso deve refletir em um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) projetado em torno de R$ 6 bilhões, um avanço moderado em relação ao ano anterior.

No entanto, o aumento dos custos caixa por hectolitro, que pode subir até 5,7%, representa um desafio para a preservação das margens da empresa, o que torna a capacidade da Ambev em gerir seus preços e eficiência operacional um ponto-chave a ser acompanhado no trimestre.

Estratégia e impacto da concorrência no mercado brasileiro

A pressão da concorrência com outras grandes marcas, como Heineken e Petrópolis, vem levando a Ambev a uma mudança de postura. A empresa tem priorizado a rentabilidade em detrimento do crescimento de volume, reposicionando marcas fortes como a Skol para garantir maior margem e competitividade.

Segundo analistas do BTG Pactual, essa estratégia pode significar um ponto de inflexão para a companhia, interrompendo uma sequência de nove trimestres consecutivos de expansão de margem. O desafio agora é equilibrar a perda de participação no mercado com a manutenção da rentabilidade.

Além disso, a variação cambial menos favorável e o aumento dos custos financeiros continuam impactando o resultado final da companhia, exigindo atenção redobrada na gestão dos custos.

Desempenho das operações internacionais no 2T25 da Ambev

No exterior, as operações da Ambev devem apresentar desempenho misto. Na América Latina Sul, com destaque para a Argentina, a expectativa é de uma recuperação gradual dos volumes, embora em ritmo mais lento do que o inicialmente previsto.

Já na América Central e Caribe, espera-se uma queda de 3,5% nos volumes, puxada pela menor confiança do consumidor na República Dominicana. O Canadá deve registrar estabilidade nos volumes e até uma leve melhora de margem, com projeção de crescimento de 17% no Ebitda.

A valorização do real frente às moedas locais tem afetado a contribuição dessas unidades para o resultado consolidado, o que deve ser considerado na análise dos números.