Bolsa fecha semana com leve alta, mas queda na sexta-feira acende sinais de alerta no mercado financeiro
O Ibovespa fechou a semana com uma leve alta de 0,27%, mas sofreu uma queda de 0,77% na sexta-feira devido à pressão inflacionária no Brasil e aos dados econômicos dos EUA, que afetaram a expectativa dos investidores.

O Ibovespa encerrou a primeira semana completa de 2025 com uma leve alta de 0,27%, interrompendo uma sequência de quatro semanas consecutivas de perdas. No entanto, a sexta-feira (10) trouxe uma queda de 0,77%, o que acabou afetando o desempenho do índice, que fechou aos 118.856,48 pontos. Esse movimento evidencia o desafio de equilibrar o otimismo com dados econômicos mistos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Cenário econômico brasileiro e o impacto da inflação
O Brasil enfrentou mais um episódio preocupante com a inflação, que voltou a ultrapassar o teto da meta de 2024. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro teve alta de 0,52%, após o aumento de 0,39% em novembro. Esse resultado contribuiu para a pressão sobre o mercado, já que a inflação acumulada ultrapassou as expectativas, gerando preocupações sobre os próximos passos da política monetária do país.
O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deixou um legado de inflação descontrolada, e agora, com Gabriel Galípolo à frente da instituição, o cenário é de desafios ainda maiores. A desvalorização do real, que acumulou queda de 27,36% em relação ao dólar em 2024, foi apontada como uma das principais causas dessa pressão inflacionária.
Além disso, com a adoção de um novo sistema de metas de inflação, o mercado se prepara para um cenário mais rigoroso. A inflação será apurada com base na inflação acumulada nos últimos 12 meses e, caso ultrapasse o intervalo de tolerância (1,5% a 4,5%) por seis meses consecutivos, o governo será considerado responsável pela meta não cumprida.
O impacto do payroll forte nos EUA e a aceleração do dólar
Outro fator relevante que influenciou o mercado foi o relatório de empregos dos EUA, conhecido como payroll, que trouxe números bem acima das expectativas. Os Estados Unidos criaram 256 mil vagas de trabalho em dezembro, superando as previsões dos analistas. Esse dado sugere que o mercado de trabalho nos EUA continua forte, contrariando as expectativas do Federal Reserve (Fed), que esperava uma desaceleração. Como consequência, as chances de novos cortes de juros diminuíram, o que afetou diretamente os mercados financeiros globalmente.
Esse movimento teve reflexos no mercado brasileiro, com o dólar registrando uma alta de 1%, atingindo R$ 6,10. A reação dos investidores foi imediata, refletindo em uma forte valorização dos títulos do Tesouro dos EUA. Isso também impactou os juros futuros no Brasil, que subiram em toda a curva de DIs, refletindo um aumento das expectativas de inflação e de taxas mais altas.
Vale e Petrobras se destacam com altas, mas o mercado continua volátil
Apesar das dificuldades enfrentadas no dia, algumas ações do Ibovespa se destacaram positivamente. A Vale (VALE3) interrompeu uma sequência de oito quedas consecutivas, subindo 0,57%, mesmo com o minério de ferro enfrentando perdas. Já a Petrobras (PETR4) avançou 0,27%, beneficiada pela forte valorização do petróleo no mercado internacional, após os EUA estenderem as sanções contra a Rússia, especialmente no setor energético.
Essas altas, no entanto, não conseguiram compensar a queda geral do mercado. As ações da B3 (B3SA3) recuaram 3,92%, enquanto os bancos, que foram fortemente impactados pelos dados econômicos, apresentaram baixas acima de 1%. Além disso, as ações do varejo também oscilaram negativamente, com destaque para Lojas Renner (LREN3), que caiu 1,23%.
Expectativas para a próxima semana e o que os investidores devem observar
A próxima semana promete ser de forte volatilidade para o mercado brasileiro e global, com a divulgação de uma série de indicadores econômicos. No Brasil, o Índice de Preços ao Produtor (PPI) será divulgado na terça-feira (14), seguido pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI) na quarta-feira (15), além de dados do varejo e da prévia do PIB brasileiro na quinta-feira (16). Esses dados terão grande impacto no desempenho dos ativos e podem determinar o rumo da política monetária no Brasil.
No exterior, o mercado ficará atento às declarações do Federal Reserve sobre a evolução do mercado de trabalho nos EUA, que pode influenciar os próximos movimentos das taxas de juros. A alta do dólar e as perspectivas de novos aumentos nas taxas de juros podem continuar gerando volatilidade nos mercados financeiros globais.
Maiores altas do Ibovespa hoje (10)
Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
CSNA3 | +3.76% | R$ 7,73 |
IRBR3 | +3.67% | R$ 46,08 |
CMIN3 | +2.97% | R$ 4,85 |
CVCB3 | +2.47% | R$ 1,66 |
BRAV3 | +1.76% | R$ 24,92 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje (10)
Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
TIMS3 | -5.02% | R$ 13,82 |
RENT3 | -4.66% | R$ 28,87 |
B3SA3 | -3.92% | R$ 9,80 |
RAIL3 | -3.59% | R$ 17,21 |
PCAR3 | -3.16% | R$ 2,76 |
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
🇧🇷 Bovespa | 118.856 | -924 | -0,77% |
🇧🇷 USD/BRL | 6,0998 | +0,0703 | +1,16% |
🇺🇸 S&P 500 | 5.826,50 | -91,80 | -1,55% |