Ibovespa tem maior queda em quase dois anos; Copom e tensões políticas pesam
A Hapvida (HAPV3) foi a única ação do Ibovespa a fechar em alta.
Imagem: Envato Elements
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, registrou uma queda de 2,74% nesta quinta-feira (12), encerrando o pregão em 126.039,91 pontos. Essa é a maior desvalorização desde o início de 2023, quando o índice caiu 3,02% no primeiro pregão do governo Lula. A movimentação ocorre em um cenário de ajustes monetários, pressões políticas e realização de lucros por parte dos investidores.
Decisão do Copom traz pessimismo ao mercado
A sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi o principal fator para o pessimismo. Na reunião de ontem, o Copom aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual, elevando-a para 13,25%, e indicou a possibilidade de dois novos aumentos no início de 2025. Com isso, a taxa pode atingir 14,25% no próximo ano.
Essa postura mais restritiva visa combater a inflação, que, segundo o Comitê, só deve convergir para a meta no segundo trimestre de 2026. “A decisão do Copom redobra os desafios da bolsa em manter um desempenho positivo neste final de ano”, afirmou Idean Alves, especialista em mercado de capitais. O economista-chefe da XP, Caio Megale, ponderou que o Banco Central pode estar criando espaço para reduções futuras: “Com a economia desacelerando, o Copom estará mais confortável para interromper o ciclo de altas”.
Tensões políticas e impacto na reforma tributária
No campo político, o ambiente segue turbulento. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou a intenção de aprovar o pacote fiscal ainda este ano, mesmo diante da ausência do presidente Lula, que se recupera de uma cirurgia. No entanto, a tramitação da reforma tributária no Senado foi marcada por divergências, e algumas lideranças do governo admitem falhas na comunicação do pacote.
A possibilidade de editar uma Medida Provisória (MP) para limitar os reajustes do salário mínimo ao arcabouço fiscal também divide opiniões e adiciona mais incertezas ao cenário. Essa conjuntura conturbada contribuiu para a alta do dólar comercial, que subiu 0,69% e encerrou o dia cotado a R$ 6,00.
Desempenho dos setores: Hapvida é a única subindo
No mercado de ações, o dia foi marcado por perdas generalizadas. Dos papéis listados no Ibovespa, apenas Hapvida (HAPV3) conseguiu fechar em alta, com avanço de 1,12%. Em contrapartida, gigantes como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) registraram quedas de 2,89% e 1,79%, respectivamente. A Vale sofreu adicionalmente com o rebaixamento de recomendações por um grande banco internacional.
O setor de varejo foi um dos mais atingidos, com desvalorizações que chegaram a 11,02% nas ações do GPA (PCAR3). Bancos também não escaparam do movimento negativo, registrando perdas médias de 2%.
Maiores altas do Ibovespa hoje (12)
| Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
| HAPV3 | +2.25% | R$ 2,73 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje (12)
| Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
| PCAR3 | -9.84% | R$ 2,29 |
| PETZ3 | -9.17% | R$ 3,96 |
| BEEF3 | -8.97% | R$ 5,68 |
| MGLU3 | -8.47% | R$ 8,43 |
| CRFB3 | -7.70% | R$ 6,23 |
Mercado nos EUA: Nasdaq bate recorde
Nos Estados Unidos, o dia foi marcado por um cenário de bolsas mistas, com o Nasdaq atingindo um recorde histórico ao ultrapassar a marca dos 20 mil pontos pela primeira vez. Esse movimento foi impulsionado pela reação dos investidores ao índice de preços ao consumidor (CPI) de novembro, que veio dentro das expectativas, mas com o maior aumento em sete meses. A alta nas big techs foi um dos principais fatores que ajudaram o Nasdaq a alcançar esse marco.
Enquanto o Dow Jones fechou em queda de 0,22%, com 44.148,56 pontos, o S&P 500 teve uma alta de 0,82%, fechando aos 6.084,19 pontos. A forte reação nas ações de empresas como Apple, Microsoft e outras big techs ajudou a sustentar o desempenho positivo no Nasdaq, que subiu 1,77%, fechando com 20.034,89 pontos.
Cenário global: BCE corta juros, mas EUA preocupam
No cenário internacional, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou um novo corte nas taxas de juros, desta vez em 0,25 ponto percentual, diante do enfraquecimento da economia da região. Por outro lado, os dados de inflação ao produtor nos Estados Unidos apresentaram uma nova aceleração, aumentando as incertezas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed).
Os principais índices americanos também encerraram o dia em queda, refletindo o temor de que a política monetária mais apertada persista por mais tempo do que o esperado.
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
| Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
| 🇧🇷 Bovespa | 126.042 | -1.793 | -1,40% |
| 🇧🇷 USD/BRL | 5,9915 | +0,0377 | +0,63% |
| 🇺🇸 S&P 500 | 6.051,25 | -32,94 | -0,54% |
