As ações do GPA (PCAR3) caíram mais de 20% após a divulgação de resultados do 1T25 e novas mudanças no Conselho de Administração. A forte volatilidade dos papéis, que tem marcado os últimos pregões, foi intensificada pelos movimentos recentes envolvendo investidores e reestruturações dentro da companhia. Embora o resultado tenha mostrado alguns sinais de melhora, os analistas continuam com a atenção voltada para as próximas etapas da reestruturação e o impacto de novas mudanças na participação acionária.

Queda das ações e volatilidade do GPA (PCAR3)

Nesta terça-feira (6), as ações do GPA (PCAR3) caíram abruptamente mais de 20%, sendo cotadas a R$ 2,97 por volta das 12h20 (horário de Brasília). O movimento acentuado reflete a continuidade da forte volatilidade nos papéis da empresa, que tem enfrentado um período turbulento no mercado financeiro. A queda dos ativos foi associada a fatores internos, como a divulgação dos resultados financeiros e a recente reestruturação no Conselho de Administração da companhia.

Apesar de os números terem mostrado melhorias operacionais, o mercado parece estar mais atento ao cenário de mudanças estratégicas, o que tem causado desconforto entre os investidores. A forte oscilação do preço das ações gerou um movimento de vendas, refletindo a cautela do mercado diante de incertezas sobre o futuro da empresa.

Mudanças na composição acionária

Um dos principais motivos da queda das ações foi a redução de participação do investidor Rafael Ferri no GPA. Em comunicado divulgado ontem à noite, o GPA informou que Ferri reduziu sua participação para 2,73%, abaixo do nível de 5%, que ele havia alcançado em abril deste ano. O investidor explicou que sua decisão foi motivada por razões estritamente de investimento, sem maiores alterações no direcionamento estratégico de sua atuação na companhia.

Ferri, que tem sido um ator importante na tentativa de reestruturação do GPA, havia nomeado dois membros para o Conselho de Administração, buscando influenciar diretamente nas decisões da empresa. Em entrevista à Reuters, Ferri afirmou que o preço das ações da companhia estava “muito abaixo da realidade” e que o GPA “deveria valer muito mais”.

Reestruturação no conselho e investidores estratégicos

A reestruturação do Conselho de Administração também tem gerado movimentações significativas no mercado. O fundo Saint German, controlado pelo investidor Nelson Tanure, nomeou apenas um membro independente para o Conselho de Administração. Tanure destacou que a escolha foi motivada pela necessidade de proteger o investimento, dado o cenário difícil que a empresa enfrenta no setor de varejo.

Esses movimentos de reconfiguração do Conselho indicam que os investidores estão buscando mais controle sobre as decisões estratégicas do GPA, em um momento em que o mercado varejista brasileiro está passando por uma fase de reestruturação e dificuldades. Esse cenário de incertezas tem gerado especulação sobre o futuro da empresa, principalmente em relação às suas decisões de expansão e reestruturação.

Resultados do 1T25

O resultado financeiro do 1T25 trouxe alguns sinais de melhoria, mas não foi suficiente para afastar as incertezas que pairam sobre o futuro do GPA. O prejuízo líquido da companhia caiu em mais de 74%, atingindo R$ 169 milhões, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. No entanto, o Ebitda ajustado apresentou uma melhora de 9,9%, alcançando R$ 409 milhões, superando as expectativas dos analistas que estimavam um Ebitda de R$ 326 milhões.

A receita líquida cresceu 3,9% no período, somando R$ 4,8 bilhões, e a margem bruta teve leve evolução, passando de 27,2% para 27,6%. Esses resultados demonstram um desempenho misto, em que as melhorias operacionais não foram suficientes para superar os efeitos de calendário e o aumento de alavancagem, que impactaram negativamente os números.

Análises do mercado

As análises do mercado sobre os resultados do GPA foram diversas. Para a XP Investimentos, os resultados mostraram uma combinação de melhorias operacionais, mas também evidenciaram dificuldades devido aos efeitos de calendário e ao aumento da alavancagem. A XP destacou que as vendas líquidas consolidadas aumentaram 4%, mas o desempenho nas mesmas lojas (SSS) apresentou uma desaceleração trimestral de -230 pontos-base.

Por outro lado, a Genial Investimentos elogiou o básico bem feito da companhia, apontando o SSS ajustado de +7,3% como um bom desempenho em um contexto desafiador para o setor de varejo. Para o Bank of America, o GPA tem se beneficiado das dificuldades da concorrência, com a saída de players importantes como a rede Justo, mas o banco também destacou que o alto endividamento e as contingências podem ser obstáculos difíceis de superar. A recomendação do Bank of America foi de underperform, ou seja, desempenho abaixo do esperado.