Você sabe quem é Rafael Ferri? O empresário e investidor é amplamente reconhecido por sua atuação bem sucedida no setor financeiro e de investimentos. No entanto, seu nome ganhou ainda mais visibilidade na mídia devido ao seu envolvimento no episódio conhecido como “Bolha de Alicate”, um dos casos mais notórios do mercado financeiro brasileiro.

Em 2025, Ferri voltou aos holofotes após um investimento de R$ 20 milhões nas ações do Grupo Casas Bahia (BHAI3), sendo agora um dos grandes acionistas da empresa.

Com uma carreira marcada por sucessos empresariais, controvérsias e uma forte presença no mercado de capitais, Ferri compete a um perfil interessante para todo investidor ficar por dentro. 

Sendo assim, neste artigo o Melhor Investimento fala mais sobre a trajetória de Rafael Ferri, destacando suas contribuições , estratégias de investimentos e os desafios que enfrentou ao longo de sua carreira.

Sumário

Rafael Ferri: origem e primeiros passos

Natural do Rio Grande do Sul, Rafael Ferri deu seus primeiros passos no mercado financeiro no final dos anos 90, atuando como trader a partir de 1997. Em março de 1998, ainda cursando a faculdade, foi contratado como trainee pelo Banco ABN AMRO S.A., em Porto Alegre.

Posteriormente, Ferri fez uma transição para o Itaú Unibanco, após ser aprovado em um concorrido processo seletivo. Iniciando como estagiário, ele construiu uma trajetória sólida ao longo de mais de seis anos na instituição. Durante esse período, passou por diversas posições, desde assistente e analista até alcançar o cargo de gerente regional na área de private banking.

Ao relembrar sua experiência no Itaú, Ferri destaca que conquistou sete ou oito promoções nesse período. Ele descreve seu ritmo de trabalho como intenso, afirmando que “trabalhava como um cavalo”, em suas próprias palavras.

Educação e formação

No campo educacional, Rafael Ferri construiu uma trajetória acadêmica sólida. Seu currículo foi constituido em instituições renomadas no cenário nacional. Entre suas qualificações, o investidor possui:

  • Graduação em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)
  • Especialização em Mercado de Capitais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

Além dessas formações, Ferri ainda conta com um MBA (Master of Business Administration), modalidade de pós-graduação voltada para o desenvolvimento de habilidades gerenciais e estratégicas, especialmente nas áreas de negócios, administração e gestão. 

No caso, Ferri se especializou em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Além disso, o investidor brasileiro possui especialização em Administração pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Segundo o próprio, ambas as especializações foram custeadas pelo Itaú Unibanco, devido ao seu desempenho.

Como Rafael Ferri ficou famoso?

Dentre suas conquistas no meio do mercado financeiro, Ferri obteve grande influência nos meios online. Emergindo como uma figura destaque no cenário das finanças digitais, ele conquistou notoriedade através de transmissões ao vivo em redes sociais.

Seus comentários sobre investimentos, especialmente seus icônicos bordões, do tipo “Conga é R$ 10, Vara é R$ 20 e Bradesco é R$ 30”, no qual projetava valores específicos para as ações dessas empresas, o tornaram uma referência para muitos investidores.

Ao longo de sua carreira, Ferri acumulou diversas conquistas, mas seu maior destaque reside no notável sucesso alcançado no setor empresarial de investimentos. Mais adiante, você confere essa trajetória em maiores detalhes. 

Primeiros empreendimentos

Em 2006, ele fundou sua primeira empresa, a TBCS Investimentos, que operou por quase cinco anos no mercado. 

Segundo Ferri, antes de falir, o empreendimento chegou a ser a maior empresa de agentes autônomos do país, com 8 escritórios distribuídos por 6 estados brasileiros. Ele conta que o posto foi alcançado logo após a XP Investimentos, que até então ocupava a liderança, adquirir a AmericanInvest em 2009 e se transformar em uma corretora.

“Nessa época, a TBCS era um gigante né, no mercado de agentes autônomos do Brasil. A gente era o maior escritório disparado, inclusive, a gente contratava a XP”, disse Ferri, em entrevista concedida ao influenciador digital Duda Garbi, em outubro de 2020. 

Além disso, Rafael Ferri atuou como investidor-anjo, apoiando startups em seus estágios iniciais. Ele fundou a Startups BR em 2011, uma empresa focada em descobrir negócios inovadores. 

Sucesso com a TC investimentos

Ferri foi um dos principais acionistas e cofundadores da TC Investimentos (antigo Traders Club), empresa que nasceu em 2016 e rapidamente se destacou no mercado financeiro. No entanto, após sete anos de atuação, ele encerrou sua participação na companhia em fevereiro de 2023,

Na estreia na bolsa, em julho de 2021, as ações da empresa demonstraram um forte otimismo do mercado, iniciando as negociações a R$ 9,50 e atingindo um pico de R$ 13,21 no mesmo dia, um aumento expressivo de 39%.

No entanto, com a saída de Rafael Ferri, dezoito meses após sua estreia na bolsa, a empresa viu seu valor de mercado despencar 85%. No dia em que o investidor anunciou o encerramento de sua participação, as ações da TC fecharam o pregão do dia valendo R$ 1,39.

“Se o mercado todo estivesse subindo e só o TC caindo, aí sim poderia haver um problema, mas não é isso que está acontecendo. Setenta ou 80 empresas listadas na B3 caíram muito com esse ciclo de alta de juros”, declarou Ferri ao UOL, em 2023. 

GTF Capital: novo empreendimento com projeções bilionárias

GTF Capital de Rafael Ferri
Imagem: Divulgação/GTF Capital

Após sua saída da TC Investimentos, Rafael Ferri não perdeu tempo e logo se dedicou a um novo projeto. Ele fundou o escritório de Agentes Autônomos de Investimentos (AAI) “GTF Capital“, que atua com credenciamento à Genial Investimentos. 

A GTF Capital se especializa em renda variável, voltada principalmente para atender clientes de alto patrimônio, oferecendo serviços personalizados e soluções sofisticadas para quem busca maximizar seus investimentos nesse segmento.

Em apenas meio ano de atuação, a GTF já se destaca no mercado, com R$ 2,5 bilhões em ativos sob gestão e uma base de mais de 2 mil clientes. A empresa mira dobrar esse valor – R$ 5 bilhões – até o final de 2024. 

Ferri esclarece que as fontes de receita da GTF podem ser divididas em duas frentes:

  1. Educação financeira: inclui mentorias exclusivas oferecidas por Ferri a investidores qualificados, que podem chegar a R$ 50 mil por ano, além do “Trading Floor”, voltado para educação em renda variável.
  2. Taxas de corretagem: a GTF também gera receita através das taxas de corretagem cobradas nas operações de seus clientes, 

Quanto à taxa, Ferri declarou que ela é aplicada sem restrições ou tabus sobre o assunto. “As pessoas têm que ter consciência de que temos um time qualificado e, para prestarmos um serviço de qualidade, precisamos de uma remuneração para essa estrutura”, disse o empresário ao Estadão. 

O novo grande acionista do Grupo Casas Bahia

Apesar das recomendações de cautela com as ações da Casas Bahia (BHIA3), Ferri surpreendeu ao investir cerca de R$ 20 milhões na empresa, alcançando uma participação de 5,11%. Segundo ele, a estratégia de aquisição se baseia em três pilares: o preço atrativo das ações, a expectativa de queda da taxa Selic e a reestruturação da empresa.

Ferri acredita que a varejista está subvalorizada e pode se recuperar com a retomada do crédito ao consumidor.

Mesmo com o histórico recente de prejuízos da Casas Bahia, Ferri enxerga um grande potencial de valorização. Seu objetivo não se limita apenas ao investimento financeiro – ele pretende indicar um conselheiro na Assembleia Geral Ordinária de abril, exercendo sua influência dentro da empresa.

Para o investidor, o setor de varejo está descontado e pode apresentar uma recuperação significativa nos próximos meses, principalmente com a esperada redução da taxa de juros no Brasil. Ele também mantém participações relevantes em outras empresas do setor, como GPA (PCAR3), Magazine Luiza (MGLU3), Infracommerce (IFCM3) e Petz (PETZ3), sendo um grande entusiasta dos investimentos no varejo nacional.

Polêmicas e controvérsias 

Ferri também ganhou notoriedade por suas declarações polêmicas e pela defesa de teses que nem sempre se concretizaram. Um exemplo famoso ocorreu em julho de 2020, quando o investidor projetou que as ações da Via Varejo (atual Casas Bahia) e da Cogna alcançariam R$ 30 e R$ 15, respectivamente. No entanto, os papéis sofreram quedas significativas. 

“Bolha de Alicate” 

Esse é um dos casos de irregularidades mais difundidos da história recente da bolsa de valores brasileira. O nome do escândalo está relacionado à Mundial S.A, empresa, uma das maiores indústrias metalúrgicas do país e famosa por seus alicates de unha.  

No início da década de 2010, a empresa chamou a atenção do mercado financeiro ao ver suas ações ordinárias valorizarem cerca de 2200% entre agosto de 2010 e julho de 2011. O valor de mercado disparou de R$ 77 milhões para R$ 1,4 bilhão. No entanto, com o estouro da bolha em agosto de 2011, os títulos da Mundial caíram 85%.

Rafael Ferri era acionista da Mundial S.A., e teria recomendado suas ações para clientes e amigos, além de negociar grandes volumes, supostamente visando valorizar os papéis. Em 2016, ele chegou a ser condenado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela justiça federal por manipulação de ações da empresa de alicates.

No entanto, em dezembro de 2019, Ferri foi absolvido do crime de uso de informação privilegiada em segunda instância. O processo de manipulação de mercado foi enviado de volta para a primeira instância para uma nova avaliação.

Filosofia de Investimento de Rafael Ferri

Rafael Ferri é conhecido por uma abordagem de investimento que combina educação financeira, transparência e foco em renda variável. Aqui estão alguns pontos-chave de sua filosofia de investimento:

  • Educação Financeira: Ferri acredita fortemente na importância da educação financeira. Ele oferece mentorias e produtos educacionais para investidores qualificados, ajudando-os a entender melhor o mercado e tomar decisões informadas.
  • Aprendizado Contínuo: Ferri valoriza o aprendizado contínuo e a adaptação às mudanças do mercado. Ele acredita que os investidores devem estar sempre atualizados e dispostos a aprender novas estratégias e técnicas.
  • Transparência: Um dos pilares de sua filosofia é a transparência na cobrança de taxas e na comunicação com os clientes. Ele enfatiza a importância de ser claro e honesto sobre os custos e os riscos envolvidos nos investimentos.
  • Foco em Renda Variável: Ferri tem uma preferência por investimentos em renda variável, especialmente ações. Ele compartilha suas estratégias e insights sobre o mercado de ações com seus clientes, ajudando-os a identificar oportunidades de investimento.

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Café com Ferri

Para quem deseja se aprofundar nas estratégias e visões de Rafael Ferri sobre investimentos, o empresário marca presença em diversos canais online, onde compartilha suas ideias e experiências.

Além de sua atuação direta no mercado financeiro, Rafael Ferri também é figurinha marcada no âmbito das Redes Sociais. Um de seus projetos mais notáveis é o “Café com Ferri”, que tem ganhado grande visibilidade, com 137 mil inscritos no YouTube

O “Café com Ferri” é um podcast semanal, onde ele discute temas variados como mercado financeiro, política, inovações e muito mais. O programa é conhecido por trazer convidados renomados e oferecer uma visão aprofundada sobre tópicos relevantes para investidores e entusiastas do mercado financeiro.

Café com Ferri, com Rafael Ferri
Foto: Divulgação/X

As edições do “Café com Ferri” são transmitidas ao vivo no Instagram e posteriormente disponibilizadas no YouTube. Ferri utiliza esse espaço para compartilhar suas análises de mercado, responder perguntas dos seguidores e discutir as tendências mais recentes.

Quais são as empresas fundadas e lideradas por Rafael Ferri?

  1. TBCS Investimentos: primeiro negócio de Rafael Ferri. Chegou a atuar em larga escala no Brasil, antes de declarar falência. 
  2. Startups BR: desde 2011, Ferri lidera a Startups BR, empresa focada em encontrar negócios com propostas voltadas à inovação. 
  3. TC Investimentos: Ferri foi um dos principais acionistas e co-fundadores da TC, uma plataforma de investimentos, em que permaneceu até fevereiro de 2023.
  4. GTF Capital: após sua saída da TC Investimentos, Ferri fundou a GTF Capital, um escritório de agente autônomo de investimento credenciado à Genial Investimentos. 

Rafael Ferri é acionista de quais empresas?

Contudo, vimos que Ferri é um investidor ativo em grandes empresas no Brasil. As companhias nas quais ele possui participação acionária (divulgada publicamente) são:

  • Casas Bahia (BHIA3): Em março de 2025, Ferri adquiriu 5,11% das ações do grupo, investindo cerca de R$ 20 milhões.
  • Infracommerce (IFCM3): No final de março de 2025, ele comprou 7% das ações da empresa especializada em soluções de e-commerce.
  • Grupo Pão de Açúcar (GPA) (PCAR3): Ferri possui uma participação relevante no GPA e está envolvido na criação de um fundo para adquirir a participação do Casino na companhia. ​
  • Magazine Luiza (MGLU3): Ele também detém uma participação significativa na varejista Magazine Luiza.
  • Petz (PETZ3): Ferri possui cerca de 13% das ações da empresa especializada em produtos e serviços para animais de estimação.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.