Fitch Ratings eleva o Rating Soberano do Brasil para BB com perspectiva estável, impulsionando expectativas de crescimento econômico
A agência Fitch Ratings aumentou o rating soberano do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável, de acordo com o anúncio feito nesta quarta-feira (26). A melhora no rating reflete o desempenho econômico e fiscal do Brasil que superou as expectativas, apesar dos diversos choques enfrentados nos últimos anos. A Fitch também destaca as […]
A agência Fitch Ratings aumentou o rating soberano do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável, de acordo com o anúncio feito nesta quarta-feira (26). A melhora no rating reflete o desempenho econômico e fiscal do Brasil que superou as expectativas, apesar dos diversos choques enfrentados nos últimos anos.
A Fitch também destaca as políticas proativas e reformas implementadas pelo governo, além da crença de que o novo governo continuará trabalhando para aprimorar ainda mais a situação econômica do país.
De acordo com as projeções da agência, o PIB real deve crescer 2,3% em 2023, antes esperava-se apenas 0,7%, e há uma expectativa de convergência para um crescimento estrutural de 2,0% ao ano no médio prazo.
A Fitch ainda prevê esforços para melhorar o balanço fiscal, buscando alcançar o resultado primário recomendado pelo arcabouço fiscal, de 0% do PIB em 2024 e 0,5% do PIB em 2025.
Em relação à dívida pública, espera-se um aumento para 75% do PIB em 2023, com crescimento marginal nos anos seguintes, porém, a uma taxa menor em comparação com projeções anteriores. A estabilização da dívida pode ocorrer caso as metas fiscais sejam alcançadas e o PIB continue crescendo. Avanços nas reformas também podem contribuir para melhorias adicionais.
A agência atribui a nota de crédito ao Brasil com base em fatores como o tamanho e a diversificação da economia brasileira. Além disso, destaca a capacidade de absorção de choques do país, apoiada pela taxa de câmbio flexível, reservas internacionais robustas (US$ 346 bilhões) e posição de credor externo líquido soberano.
A gestão da dívida pública também é elogiada, ressaltando o colchão de liquidez (11% do PIB) e a composição majoritariamente em moeda local, com um mercado doméstico bem desenvolvido, o que confere ao Brasil flexibilidade no financiamento soberano.
Avanços em reformas
Segundo a Fitch, apesar dos desafios políticos persistentes no país, importantes avanços foram feitos em reformas cruciais para impulsionar o crescimento e aprimorar a situação financeira pública. Por esse motivo, a agência acredita que a estabilidade governamental e o progresso nas reformas continuarão, o que foi fundamental para a melhoria da classificação de crédito do país neste momento.
O Ministério da Fazenda, ao comentar sobre a elevação do rating, ressaltou o compromisso com a agenda de reformas em andamento. Essas reformas não só contribuirão para um equilíbrio fiscal melhor do governo, mas também resultarão na redução das taxas de juros e na melhoria das condições de crédito. Ao mesmo tempo, o Ministério afirmou que garantirá a estabilidade dos preços.
Essas medidas permitirão a expansão dos investimentos públicos e privados e a criação de empregos, aumento da renda e maior eficiência econômica, fatores essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país.
Influência da política monetária no rating
A agência elogiou a postura cautelosa do Banco Central em relação à política monetária e destacou a significativa redução da inflação para 3,2% em junho de 2023, em comparação com o índice de 11,9% do ano anterior. Essa melhora foi atribuída aos menores custos de alimentos e energia.
A nota da agência mencionou que o Banco Central agiu de maneira prudente e proativa durante o período de alta inflacionária recente, mantendo a taxa Selic restritiva de 13,75% desde agosto de 2022, apesar das incertezas fiscais, rigidez no núcleo da inflação e expectativas inflacionárias elevadas.
Os fatores preocupantes estão diminuindo e, como resultado, a Fitch prevê que o Banco Central começará a reduzir as taxas de juros em agosto. Além disso, as críticas públicas dirigidas ao Banco Central não provocaram grandes mudanças na estrutura das metas de inflação, e as expectativas em relação à inflação estão melhorando após períodos de nervosismo anteriores.
Dívida
A Fitch também destacou um avanço notável em relação à perspectiva positiva para a trajetória da dívida. Segundo a agência, a dívida do governo geral teve uma redução, chegando a representar 73% do PIB em 2022, embora ainda esteja acima da mediana ‘BB’ de 56%, mas abaixo dos níveis pré-pandemia registrados em 2019.
A Fitch prevê que, devido a saldos primários mais fracos e altas taxas de juros reais, a dívida poderá aumentar para 75% em 2023, mas o crescimento será mais lento a partir de então, apresentando uma base muito melhor do que o esperado anteriormente, especialmente em comparação ao momento em que o Brasil foi rebaixado em 2018.
Conforme a agência, a relação entre juros e receitas em torno de 15% em 2023 é alta, mas se espera que diminua com a flexibilização da política monetária e provavelmente permanecerá abaixo do pico observado entre 2015 e 2016, que foi de aproximadamente 20%.
A Fitch destaca que os riscos de financiamento são mitigados pela presença de um mercado local forte, a considerável reserva de caixa do tesouro, que atualmente representa 11% do PIB, uma grande proporção da dívida denominada em moeda local (94%) e um perfil de vencimento melhorado.
Balança comercial
De acordo com a Fitch, o Brasil está progredindo em direção a um superávit comercial recorde em 2023, impulsionado por uma robusta produção agrícola e redução dos custos de importação. Essa tendência projetada levará a uma diminuição do déficit em conta corrente para 1,8% do PIB, em comparação com os 3,0% registrados em 2022.
Além disso, a valorização do real brasileiro em 2023 é atribuída às entradas significativas de capital e à redução das preocupações em relação à direção política sob o governo de Lula. As reservas internacionais aumentaram 7% até o momento em 2023, atingindo o montante de US$ 346 bilhões, após a realização de ajustes de avaliação e o cancelamento de linhas de crédito de câmbio concedidas no ano anterior. Com esse crescimento, as reservas internacionais do país agora cobrem 8,4 meses de pagamentos externos correntes estimados para 2023, representando uma das posições mais sólidas dentro da categoria ‘BB’.
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